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Donald Trump alertou que “provavelmente haverá um fechamento” do governo dos EUA à meia-noite, o que pode deixar 800 mil servidores sem salário

Escrito por Noel Budeguer
Publicado em 30/09/2025 às 20:12
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, no Salão Oval da Casa Branca em 30 de setembro de 2025 (REUTERS/Ken Cedeno).
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EUA à beira do 15º shutdown desde 1981: Trump alerta para fechamento à meia-noite, com risco de suspender salários de 800 mil servidores e paralisar saúde, transporte e serviços essenciais

A meia-noite se aproxima em Washington com um clima de máxima tensão. O governo dos Estados Unidos enfrenta a possibilidade de um novo fechamento administrativo — o décimo quinto desde 1981 — após o fracasso das negociações orçamentárias entre republicanos e democratas.

O presidente Donald Trump advertiu que “provavelmente haverá um fechamento”, deixando aberta a ameaça de que centenas de milhares de funcionários federais fiquem sem salário e que serviços essenciais em áreas como saúde, transporte e segurança sejam interrompidos.

Durante um encontro com jornalistas no Salão Oval, Trump culpou diretamente a oposição democrata pela crise. “Eles vão fechar, não nós. Não queremos fechar porque estamos vivendo o melhor período que se conhece”, afirmou.

Ele ainda sugeriu que um shutdown poderia abrir espaço para medidas “irreversíveis” contra os adversários, como demissões em massa ou cortes em programas apoiados pelos democratas. Segundo Trump, os líderes da oposição “estão correndo um risco” nesse confronto com a Casa Branca.

Confronto político no Congresso

O epicentro da disputa está no Senado. Os republicanos precisam de sete votos adicionais da minoria democrata para aprovar uma extensão dos gastos federais.

Sem esse apoio bipartidário, qualquer solução rápida fica bloqueada. A poucas horas do prazo final, cresce a incerteza entre parlamentares, servidores e cidadãos que dependem diretamente dos serviços públicos.

O líder da minoria na Câmara dos Representantes dos EUA, Hakeem Jeffries (democrata de Nova York), junto a outros parlamentares democratas, realizou nesta terça-feira uma coletiva de imprensa nas escadarias do Capitólio, um dia antes da entrada em vigor do fechamento parcial do governo (REUTERS/Annabelle Gordon)

O possível fechamento não é apenas uma crise administrativa, mas também um choque político de alto impacto. Enquanto a Casa Branca insiste que a responsabilidade é dos democratas, a oposição acusa Trump de usar a ameaça do shutdown como ferramenta de pressão.

Desde 1981, os Estados Unidos já viveram 14 paralisações federais, todas com consequências econômicas e sociais profundas.

Agências e serviços em alerta

Os efeitos de um shutdown se espalham por múltiplos setores. O Departamento de Segurança Interna (DHS) planeja manter operações vitais como o controle de fronteiras e a resposta a emergências, mas calcula suspender temporariamente o salário de 14 mil de seus 271 mil funcionários.

Agências como a Administração de Segurança no Transporte (TSA) e a Agência Federal de Gestão de Emergências (FEMA) também verão sua capacidade de resposta reduzida, ainda que atividades classificadas como essenciais permaneçam em funcionamento.

No setor de saúde, programas como Medicare e Medicaid continuarão processando pagamentos, mas com possíveis atrasos administrativos. O programa CHIP, voltado à cobertura infantil, seguirá liberando repasses aos estados que cumprirem os requisitos.

Já os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) deverão suspender mais da metade de seu pessoal, interrompendo pesquisas, campanhas de prevenção e iniciativas contra epidemias e overdoses.

Nos Institutos Nacionais de Saúde (NIH), cerca de 75% da equipe será licenciada temporariamente. Isso significará a paralisação de ensaios clínicos e a interrupção de estudos financiados em universidades.

A Administração de Alimentos e Medicamentos (FDA), por sua vez, manterá as atividades mais críticas relacionadas à segurança alimentar e farmacêutica, mas suspenderá inspeções de rotina em fábricas.

No Departamento de Estado, mais da metade dos funcionários internos será afastada, embora consulados e embaixadas no exterior continuem abertos para atender cidadãos norte-americanos.

Mike Johnson e líderes do Congresso se reúnem na Casa Branca com Trump em 29 de setembro de 2025, às vésperas do prazo para evitar o fechamento do governo (REUTERS/Jonathan Ernst).

Transporte aéreo sob pressão

Um dos setores mais sensíveis será a aviação. Os controladores de tráfego aéreo certificados permanecerão em seus postos, mas poderão deixar de receber salários enquanto durar o fechamento.

A escola nacional de formação de controladores em Oklahoma City será fechada temporariamente, agravando a escassez desses profissionais no país.

Associações de pilotos e controladores já alertaram que a paralisação ameaça a estabilidade do sistema de aviação “mais seguro do mundo”, como destacou Jason Ambrosi, presidente da Associação de Pilotos de Linha Aérea.

Consequências para economia e cotidiano

A Agência de Proteção Ambiental (EPA) também reduzirá suas atividades. Apenas pouco mais de 1.700 servidores seguirão ativos em funções consideradas essenciais para emergências ambientais ou de saúde pública.

Pesquisas, projetos de longo prazo e ações de limpeza prolongadas ficarão suspensas.

Assim como em outros shutdowns, as consequências vão além da máquina pública. A paralisação atinge a economia, afeta a vida cotidiana de milhões de norte-americanos e fragiliza a segurança nacional.

Com o prazo prestes a expirar, a pressão sobre legisladores e sobre a administração Trump aumenta. O país se aproxima de uma paralisia que testará novamente a capacidade de negociação entre republicanos e democratas em um cenário marcado por polarização extrema.

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Noel Budeguer

Sou jornalista argentino, baseado no Rio de Janeiro, especializado em temas militares, tecnologia, energia e geopolítica. Busco traduzir assuntos complexos em conteúdos acessíveis, com rigor jornalístico e foco no impacto social e econômico.

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