Stellantis reúne 14 marcas, domina o mercado brasileiro com 30,11% de participação em 2025 e mantém cinco fábricas no Mercosul
Antes, eram três grupos distintos: Fiat, Chrysler e PSA. Mas então todos decidiram se unir para formar um dos maiores conglomerados automotivos do planeta. Essa união deu origem à Stellantis, que hoje reúne nada menos que 14 marcas e ocupa uma posição de destaque no Brasil.
O mais importante é que o grupo não só se consolidou no cenário global, mas também se tornou líder absoluto em vendas no mercado brasileiro.
De acordo com a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), a Stellantis alcançou 30,11% de participação no País em 2025.
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Grandes grupos sempre existiram em diversos setores. No entanto, no setor automotivo, a novidade foi a fusão de empresas de diferentes nacionalidades, com bandeiras variadas.
Essa estratégia, que mistura culturas industriais distintas, abriu caminho para novas formas de cooperação.
O peso dos conglomerados
Hoje, a maioria das montadoras do mundo faz parte de algum grupo automotivo. Mesmo marcas que parecem independentes estão dentro de estruturas maiores.
A Honda, por exemplo, também inclui a Acura, embora mantenha imagem de atuação isolada.
Mas diante de potências como Stellantis, Volkswagen, Toyota, General Motors e os conglomerados chineses BYD, GWM e Geely, a força de marcas independentes fica limitada.
Nas vendas globais, a Honda se mantém competitiva. Porém, os conglomerados conseguem ir além porque compartilham plataformas, fábricas e até peças, reduzindo custos e aumentando escala.
Portanto, é fácil entender porque até a Honda e a Nissan tentaram uma parceria. O objetivo era reforçar competitividade diante dos gigantes. Mas, nesse caso, o acordo acabou não avançando.
Stellantis no mundo
A Stellantis nasceu oficialmente em 2021, quando ocorreu a fusão entre FCA e PSA. Da FCA vieram Fiat e as marcas italianas, além das americanas da antiga Chrysler.
Do lado do grupo francês, entraram Peugeot, Citroën, a alemã Opel e a britânica Vauxhall, que antes faziam parte da General Motors.
Assim, a Stellantis reúne hoje as seguintes marcas: Abarth, Alfa Romeo, Chrysler, Citroën, Dodge, DS, Fiat, Jeep, Lancia, Maserati, Opel, Peugeot, RAM e Vauxhall. É uma lista extensa que cobre desde modelos populares até veículos de luxo.
A Ferrari, que no passado integrava a Fiat, não faz mais parte do conglomerado. Mas existe conexão acionária.
A família Agnelli, controladora da Exor, é a principal acionista da Ferrari e também da Stellantis. John Elkann, herdeiro do clã, preside o grupo automotivo.
Apesar da presença global, a Stellantis ocupa apenas a quinta posição no ranking mundial de grupos automotivos.
Fica atrás de Toyota, Volkswagen, Hyundai-Kia e da aliança Renault-Nissan-Mitsubishi. Em 2024, vendeu 6,5 milhões de veículos no mundo. Para comparar, a Toyota comercializou 10,8 milhões.
Nenhuma das marcas da Stellantis aparece entre as 15 maiores do planeta individualmente. Isso mostra que a força do grupo está na soma de suas marcas, não em uma líder isolada.
A relevância do Brasil
Se no mundo a Stellantis não está no topo, no Brasil a história é diferente. Aqui o grupo é imbatível. Em 2024, vendeu 734.005 veículos, entre automóveis e comerciais leves, segundo a Fenabrave.
Isso representa 11,3% das vendas globais da empresa. O Brasil é o maior mercado da Fiat e o segundo da Jeep. Além dessas duas, o grupo também atua no País com RAM, Peugeot, Citroën e Abarth.
A Fiat sozinha ultrapassou 500 mil unidades vendidas em 2024. A Jeep alcançou cerca de 120 mil. Peugeot e Citroën, que têm força maior na Europa, venderam aproximadamente 30 mil cada, volume parecido com o da RAM.
Todas essas marcas têm produção no Mercosul, o que reduz a necessidade de importações. Os modelos da RAM são os principais importados.
Fábricas da Stellantis
O conglomerado mantém cinco fábricas na região.
Em Betim (MG), a planta da Fiat é a maior e pode passar a fabricar modelos das marcas francesas. Porto Real (RJ), antiga PSA, hoje produz Citroën. Em Goiana (PE), a fábrica inaugurada pela FCA produz SUVs da Jeep, a Fiat Toro e, desde 2023, a RAM Rampage.
Na Argentina, El Palomar fabrica Peugeot, enquanto Córdoba produz Fiat, como o Cronos e a Titano. A partir de 2025, também montará modelos da RAM.
No Uruguai, em Montevidéu, a Stellantis participa da Nordex, que já produziu a Titano e hoje monta veículos comerciais de várias marcas.
Quem é quem no Brasil
Entre as marcas do grupo no País, a Citroën ocupa o posto de entrada, com modelos mais simples e preços acessíveis.
Fiat e Peugeot estão em patamares semelhantes, mas com perfis distintos. A Fiat busca volume, atuando em todos os segmentos, de carros populares como o Mobi até picapes robustas como a Titano.
A Peugeot aposta em design e em público que valoriza estilo, inclusive patrocinando eventos de decoração como a Casa Cor.
Já Jeep e RAM são posicionadas como marcas premium no Brasil. A Jeep foca SUVs, mas também vende a picape Gladiator.
Seus modelos trazem mais tecnologia e sofisticação. Em 2026, a marca deve lançar o Avenger, SUV compacto baseado em plataformas de Citroën e Peugeot, marcando entrada em segmento mais acessível.
A RAM ocupa o topo de linha. Suas picapes começam acima de R$ 200 mil, e a mais cara, a 3500, pode chegar a R$ 680 mil. A proposta é oferecer robustez com sofisticação, em um nicho que cresce no País.
Uma nova etapa
O crescimento da Stellantis no Brasil mostra como um conglomerado global pode se adaptar a diferentes mercados. A estratégia de unir marcas, compartilhar fábricas e diversificar portfólios garantiu liderança isolada no País.
Portanto, mesmo que globalmente o grupo fique atrás de Toyota ou Volkswagen, no Brasil a Stellantis segue como protagonista.
No próximo capítulo da série, a atenção será para a Volkswagen, a gigante que ocupa a segunda posição no mercado brasileiro e desafia a liderança da Stellantis.
Com informações de UOL.