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Domínio americano no leilão da Amazônia traz de volta o dilema nacional: o petróleo é nosso ou deles?

Escrito por Caio Aviz
Publicado em 16/10/2025 às 14:07
Plataforma de petróleo na Amazônia com bandeira dos Estados Unidos, simbolizando o domínio americano no leilão de blocos petrolíferos brasileiros em 2025.
Plataforma offshore operada por empresa americana na margem equatorial brasileira representa o avanço das petroleiras dos EUA sobre o petróleo da Amazônia.
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Leilão de 2025 expõe a força estrangeira sobre os blocos de petróleo da Amazônia e reacende o debate sobre soberania e transição energética

Em julho de 2025, o governo brasileiro realizou um dos maiores leilões de petróleo da década, com 19 blocos de exploração na costa amazônica. O resultado chamou atenção internacional e reacendeu antigas preocupações sobre a soberania energética do Brasil. Todas as áreas tiveram participação de empresas americanas, e mais da metade envolveu também companhias chinesas.

Entre as vencedoras, ExxonMobil e Chevron, ambas dos Estados Unidos, garantiram posição de destaque. Elas operam os blocos em parceria com a estatal Petrobras e a CNPC (China National Petroleum Corporation). Esse cenário reforça a influência estrangeira na margem equatorial brasileira, uma das últimas fronteiras petrolíferas do planeta.

A situação repete o que ocorreu na Guiana, onde a ExxonMobil assumiu a exploração em 2019 e passou a influenciar toda a economia local. O fotógrafo Victor Moriyama e o repórter Fábio Bispo retrataram essa realidade na série “Até a Última Gota”, publicada pela InfoAmazonia. O trabalho mostrou que o petróleo elevou o PIB da Guiana em mais de 60% em 2022, mas não gerou empregos significativos para a população.

O modelo guianense revela o risco da dependência econômica

A experiência guianense provou que crescimento econômico não representa desenvolvimento real. Mesmo com o avanço do PIB, a taxa de desemprego permaneceu inalterada. Esse contraste mostra que o lucro se concentrou nas petroleiras, enquanto a população ficou sem benefícios diretos.

Esse desequilíbrio acende um alerta para o Brasil. A promessa de que a exploração trará progresso regional repete o mesmo discurso usado na Guiana. No entanto, os resultados práticos mostram que, sem fiscalização e controle, a exploração tende a favorecer apenas investidores estrangeiros.

Discurso de Lula na ONU e as contradições do governo

Durante a 80ª Assembleia Geral da ONU, em setembro de 2025, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que a corrida global por minerais críticos essenciais à transição energéticanão pode reproduzir a lógica predatória que marcou os últimos séculos”. Entretanto, a exploração de petróleo, especialmente em áreas sensíveis da Amazônia, ficou fora do discurso.

A ausência do tema chamou atenção, já que o Brasil se prepara para sediar a COP30, conferência internacional sobre mudanças climáticas.

Em entrevista à InfoAmazonia, a jornalista Tais Gadea Lara conversou com André Corrêa do Lago, presidente da COP30, que destacou a importância dos combustíveis fósseis no debate, mas explicou que o assunto divide espaço com florestas, agricultura e cidades.

Segundo ele, “alguns países queriam que a questão dos combustíveis fósseis fosse retomada na negociação, mas isso já foi decidido universalmente. Todos nós já concordamos em fazer a transição”. Ele acrescentou que a COP30 poderá propor um cronograma global de transição, detalhando regras por tipo de país e combustível, mas ressaltou que o mundo não precisa esperar novas negociações para agir.

Exploração continua prioridade no Brasil, apesar das críticas

Mesmo com a pressão internacional, o governo brasileiro mantém a exploração de petróleo como prioridade. O avanço dos blocos na margem equatorial mostra que o país ainda aposta fortemente na produção fóssil, ao mesmo tempo em que tenta sustentar um discurso de transição energética e sustentabilidade.

Especialistas alertam que o desafio será equilibrar crescimento econômico e preservação ambiental. A exploração ocorre em áreas de alta sensibilidade ecológica, como os manguezais e o Grande Sistema de Recifes Amazônicos, que exigem rigorosa proteção.

Dessa forma, o Brasil enfrenta uma escolha difícil: continuar investindo em combustíveis fósseis ou acelerar o desenvolvimento de energias renováveis. A decisão definirá se o país se tornará referência em transição verde ou repetirá erros de dependência externa.

E diante do domínio crescente das multinacionais sobre o petróleo nacional, a pergunta que ecoa é a mesma que atravessa gerações: o petróleo é nosso ou deles?

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Caio Aviz

Escrevo sobre o mercado offshore, petróleo e gás, vagas de emprego, energias renováveis, mineração, economia, inovação e curiosidades, tecnologia, geopolítica, governo, entre outros temas. Buscando sempre atualizações diárias e assuntos relevantes, exponho um conteúdo rico, considerável e significativo. Para sugestões de pauta e feedbacks, faça contato no e-mail: avizzcaio12@gmail.com.

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