Com a produção nacional e a venda direta, a BYD reduziu o preço do Dolphin Mini para até R$ 98,5 mil, aproximando o elétrico do Top 5 de carros mais baratos do Brasil e desafiando modelos a combustão como Kwid e Mobi.
Com a entrada em operação de sua fábrica em Camaçari (BA), a BYD prepara uma ofensiva que pode redefinir o mercado de carros elétricos e híbridos no Brasil.
A produção nacional e a modalidade de vendas diretas permitem reduções significativas de preço, colocando modelos eletrificados na disputa direta com veículos a combustão — e, no caso do Dolphin Mini, com potencial de figurar entre os automóveis mais baratos do país.
Uma reportagem do Alisson Ficher, publicada no CPG na semana passada, já falava sobre essa queda de preço.
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Produção nacional e isenção fiscal abrem espaço para cortes de preço
A inauguração da unidade baiana em 9 de outubro marca um novo capítulo na estratégia da BYD.
Com investimento de R$ 5,5 bilhões e capacidade inicial de 150 mil veículos por ano — com meta de atingir 600 mil até 2030 —, a operação local elimina parte dos custos de importação e garante isenções de impostos.
Esses fatores permitem que a montadora adote a venda direta, modalidade na qual o consumidor compra o veículo diretamente da fábrica com condições especiais.
Entre os grupos elegíveis estão pessoas jurídicas, produtores rurais, pessoas com deficiência, taxistas, locadoras, autoescolas e empresas de transporte escolar.
A combinação desses benefícios abre caminho para preços agressivos. O Dolphin Mini, que tem preço público sugerido de R$ 118.990, pode custar R$ 107.091 para microempresas e produtores rurais.
Para PCDs, o valor cai para R$ 99.990, e para taxistas, chega a R$ 98.590 — um patamar que o coloca no mesmo campo dos carros de entrada a combustão.
Dolphin Mini pode entrar na lista dos carros mais baratos do país
O impacto do novo preço se torna evidente quando comparado ao mercado geral. Segundo levantamento dos cinco carros zero km mais baratos do Brasil em outubro de 2025, o modelo mais acessível é o Renault Kwid, com preços entre R$ 78.690 e R$ 85.290.
Em seguida vêm o Fiat Mobi (R$ 80.060 a R$ 81.990), Citroën C3 (R$ 82.990 a R$ 106.990), Fiat Argo (R$ 92.990 a R$ 108.490) e Peugeot 208 (R$ 105.990 a R$ 134.990).
Com o valor de R$ 98.590 na modalidade de venda direta, o Dolphin Mini ficaria entre o terceiro e o quarto carro mais barato do país, um feito relevante considerando que todos os modelos da lista são a combustão.
Além disso, essa aproximação de preço tem potencial de reduzir a principal barreira para a adoção de veículos elétricos e híbridos: o alto custo inicial.
Especialistas destacam que, apesar da crescente procura por carros equipados e tecnologicamente avançados, o preço de entrada ainda é decisivo para o consumidor brasileiro.
Expansão da linha nacional e foco em eletrificados acessíveis
A estratégia de preços não se limita ao Dolphin Mini. A BYD também oferece descontos expressivos para outros dois modelos produzidos em Camaçari: o SUV híbrido Song Pro e o sedã híbrido King.
O Song Pro GL, com preço original de R$ 189.990, cai para R$ 161.492 para microempresas e produtores rurais, R$ 147.990 para PCDs e R$ 132.900 para taxistas.
Já o King, que custa R$ 169.990, passa a custar R$ 144.492 para CNPJs e produtores rurais, R$ 132.990 para PCDs e R$ 124.990 para taxistas.
Com essa política agressiva, a montadora busca ampliar ainda mais sua participação no mercado de eletrificados, no qual já ocupa posição de liderança.
BYD domina mercado de eletrificados no Brasil
Segundo dados da Associação Brasileira de Veículos Elétricos (ABVE), a BYD responde por 40,3% das vendas de carros eletrificados no país em 2025. Do total de 191,6 mil unidades comercializadas no ano, 77,2 mil foram da marca chinesa.
O SUV Song é o líder isolado em vendas, com 26.913 unidades (14% do total). O Dolphin Mini aparece em segundo lugar, com 22.924 unidades (12%), seguido pelo Haval 6, da GWM, com 22.002 unidades (11,5%).
O desempenho mostra que a estratégia de preços competitivos tem efeito direto no volume de vendas, e a produção local deve potencializar ainda mais essa vantagem.
Concorrência reage, mas BYD avança com vantagem estratégica
A Great Wall Motor (GWM), concorrente chinesa, iniciou a produção nacional em agosto, na antiga fábrica da Mercedes-Benz em Iracemápolis (SP).
Com cerca de 570 funcionários — 80 deles chineses em funções de programação e comando —, a GWM aposta no segmento de SUVs tecnológicos com preços entre R$ 199 mil e R$ 325 mil.
Apesar do avanço da concorrência, os preços mais altos da GWM deixam a BYD em posição vantajosa para conquistar clientes que buscam eletrificação com melhor custo-benefício.
A diferença de posicionamento reforça o protagonismo da BYD no segmento de entrada dos eletrificados.
Carros populares ainda dominam o mercado, mas cenário começa a mudar
Mesmo com a ascensão dos eletrificados, os carros a combustão ainda dominam o segmento de entrada. Hoje, não há modelos novos com preço abaixo de R$ 78.690 — o que evidencia o quanto o mercado se distanciou dos tempos em que os veículos populares custavam menos de R$ 50 mil.
A chegada do Dolphin Mini abaixo de R$ 100 mil representa um marco: pela primeira vez, um elétrico se aproxima diretamente do universo dos carros populares.
Essa convergência tem potencial para alterar a dinâmica do mercado brasileiro, incentivando novos consumidores a migrarem para a eletrificação.
Novo patamar para o mercado automotivo nacional
A produção nacional da BYD em Camaçari não representa apenas um marco industrial, mas também um divisor de águas na estratégia de preços dos veículos elétricos no Brasil.
Ao aproximar o valor do Dolphin Mini dos modelos a combustão mais baratos do país, a montadora rompe uma barreira histórica e abre caminho para a popularização dos eletrificados.
Com uma fatia de mercado já consolidada, liderança em vendas e planos ambiciosos de expansão, a BYD transforma o cenário automotivo brasileiro.
A possibilidade de comprar um carro elétrico por menos de R$ 100 mil deixa de ser uma previsão distante e se torna uma realidade concreta — com potencial de redefinir o que significa um carro de entrada no Brasil.