Após 5 altas seguidas, o dólar cai na Argentina; atuação dos EUA e tensão eleitoral explicam a reviravolta no câmbio.
Dólar cai na Argentina após 5 dias de alta e possível intervenção dos EUA
O mercado argentino viveu um respiro raro nesta quarta-feira (23). Depois de cinco sessões seguidas de alta, o dólar oficial caiu 0,13%, encerrando o dia cotado a 1.489 pesos, após tocar brevemente o teto da banda cambial, em 1.491,56.
Mas, segundo analistas, o alívio foi artificial. Fontes de mercado apontam que a queda do dólar só aconteceu porque o Tesouro dos EUA e o Banco Central da Argentina (BCRA) teriam atuado em conjunto para frear a escalada cambial.
Intervenção direta para conter o avanço do dólar
De acordo com o jornal Clarín, as operações de quarta-feira movimentaram US$ 793 milhões no mercado à vista e US$ 922 milhões em contratos futuros — números atípicos que levantaram suspeitas de venda de dólares pelo Tesouro americano.
Já o La Nación confirmou que o BCRA precisou gastar US$ 45,5 milhões na véspera para defender o teto da banda cambial.
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Fontes do mercado, citadas pela imprensa local, estimam que a intervenção dos EUA teria chegado a US$ 450 milhões. A movimentação mostra a crescente preocupação com a estabilidade econômica da Argentina, que enfrenta forte pressão eleitoral e cambial.
Tensão política e medo de dolarização
O dólar oficial no varejo ficou em 1.515 pesos no Banco Nación, o maior valor da história. Já o “dólar blue” subiu ainda mais, variando entre 1.530 e 1.550 pesos, o que mostra a falta de confiança dos investidores.
De acordo com a Max Capital, o avanço recente ocorre porque os argentinos estão se protegendo antes das eleições. A incerteza e o medo de um retorno do peronismo aumentam a procura por moedas estrangeiras.
“O dólar no atacado segue no teto da banda, o que teria exigido vendas do BCRA. Agora, todos esperam o domingo chegar para ver se a dolarização vai se manter após as eleições”, disse ao Ámbito Financiero o analista Gustavo Ber.
Assim, o mercado cambial deve continuar tenso até o resultado eleitoral, com o dólar reagindo a cada movimento político.
Governo tenta conter especulação e evitar nova crise
Em meio à turbulência, o ministro da Economia, Luis Caputo, descartou qualquer mudança no regime cambial. Ele afirmou que o país não pretende alterar as bandas de flutuação “independentemente do resultado da eleição”.
Caputo também alertou que o pânico midiático tem piorado a situação. “Quando as pessoas ligam a TV e assistem pessoas falando o tempo todo sobre o fim das bandas, acontece uma dolarização como a que está acontecendo nesses dias”, declarou.
O ministro, no entanto, acredita que, após as eleições, o câmbio possa sofrer uma correção para baixo de até 10%, caso a tensão política diminua e a confiança do mercado volte gradualmente.
Economia argentina em alerta
O episódio reforça como a Economia da Argentina segue vulnerável à volatilidade política e à força do dólar dos EUA. Mesmo uma queda momentânea na cotação revela o quanto o país depende de intervenções externas para conter o caos cambial.
Enquanto isso, o mercado observa com cautela o desenrolar das eleições. Qualquer mudança no cenário político poderá definir os próximos passos da queda ou alta do dólar, além de influenciar diretamente a recuperação econômica do país.
Por ora, a queda do dólar representa apenas um respiro temporário. A Argentina segue em um campo minado, onde política, Economia e a influência dos EUA caminham lado a lado — e qualquer movimento em falso pode reacender uma nova onda de instabilidade financeira.