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Dívida real do Brasil já atinge 90% do PIB pelo critério do FMI, supera média da América Latina e afasta retorno do grau de investimento

Publicado em 13/09/2025 às 19:16
A dívida real do Brasil já chega a 90% do PIB pelo critério do FMI, bem acima dos 77,6% divulgados pelo Banco Central, elevando risco fiscal e afastando o retorno do grau de investimento no curto prazo.
A dívida real do Brasil já chega a 90% do PIB pelo critério do FMI, bem acima dos 77,6% divulgados pelo Banco Central, elevando risco fiscal e afastando o retorno do grau de investimento no curto prazo.
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A dívida pública brasileira já é de 90% do PIB pelo critério do FMI, bem acima da divulgada oficialmente pelo Banco Central (77,6%), porque Brasília não contabiliza os títulos do Tesouro na carteira do próprio BC. Isso coloca o Brasil entre os países mais endividados do mundo emergente, aumentando pressão por juros altos e afastando o grau de investimento.

A dívida real do Brasil chegou a 90% do PIB em 2025, segundo cálculo do Fundo Monetário Internacional (FMI) citado pelo g1. O número é bem mais alto que os 77,6% divulgados oficialmente pelo Banco Central porque Brasília não inclui na conta os títulos públicos na carteira do próprio BC, usados para regular a liquidez e a Selic. Esse detalhe metodológico faz toda a diferença: coloca o Brasil entre os países mais endividados do mundo emergente, acima da média latino-americana de 70% e da média de 69,5% observada em outros emergentes.

A consequência imediata desse dado é clara: quanto maior o endividamento, maior a pressão sobre os juros, menor a credibilidade internacional e mais distante fica o retorno do grau de investimento selo de bom pagador perdido em 2015.

Quem mede a dívida e por que os números divergem

Segundo o Banco Central, a dívida real do Brasil equivale a 77,6% do PIB, ou R$ 9,6 trilhões, considerando o conceito de dívida bruta do setor público. Mas o FMI adota metodologia internacional que inclui os títulos em poder do Banco Central, elevando o índice a 90%.

Essa diferença de 12 pontos percentuais é determinante. Enquanto o governo apresenta números menos alarmantes, o mercado internacional usa o critério do FMI para comparar países.

Isso amplia a percepção de risco fiscal e coloca o Brasil em posição desfavorável frente a vizinhos latino-americanos.

Quanto a dívida cresceu ao longo dos governos

A série histórica do FMI mostra que a dívida real do Brasil era de 67% do PIB em 2001 e permaneceu relativamente estável até 2014.

A disparada começou no segundo mandato de Dilma Rousseff, com alta de 16 pontos em apenas dois anos.

O auge foi em 2020, sob Jair Bolsonaro, quando os gastos emergenciais da pandemia levaram a dívida para o maior patamar da história.

Mesmo assim, o governo terminou 2022 com 83,9% do PIB pelo critério internacional. Agora, sob Lula, o indicador já cresceu mais seis pontos em pouco mais de dois anos.

Onde estão as maiores pressões sobre o orçamento

Entre as medidas que mais pressionaram a dívida real do Brasil no atual governo estão a PEC da transição, que abriu R$ 170 bilhões em gastos anuais, o reajuste real do salário mínimo, que aumenta a despesa previdenciária, e a retomada dos pisos constitucionais de saúde e educação.

Além disso, o governo quitou R$ 92,3 bilhões em precatórios atrasados e concedeu reajustes a servidores.

Segundo o Tesouro, a dívida deve atingir 84,3% do PIB em 2028 pelo critério brasileiro.

Mas, pelo método do FMI, pode chegar a 96% em 2033 e até superar 100% do PIB em 2035 marca associada a economias em risco de estagnação.

Por que a dívida alta afasta o grau de investimento

O impacto da dívida real do Brasil vai além das estatísticas. Uma dívida elevada pressiona a Selic, hoje em 15% ao ano, e encarece o crédito para famílias e empresas. Isso trava o consumo, os investimentos e limita o crescimento econômico.

No cenário externo, agências de risco já reagiram. A Moody’s reduziu a perspectiva do Brasil de “positiva” para “estável” em 2024, e a Fitch afirmou que não vê chance de o país recuperar o grau de investimento no curto prazo.

Sem o investment grade, fundos internacionais mais conservadores não aplicam no Brasil, restringindo a entrada de capital de longo prazo.

O que poderia reverter a trajetória

Especialistas citados pelo g1 defendem que apenas uma reforma robusta dos gastos obrigatórios poderia alterar a trajetória da dívida real do Brasil. Entre as propostas em discussão estão:

Reforma administrativa para conter despesas com servidores;

Nova reforma da Previdência ou desindexação parcial de benefícios;

Revisão dos pisos constitucionais de saúde, educação e Fundeb;

Ajustes em programas como abono salarial e seguro-desemprego.

Sem mudanças, o arcabouço fiscal aprovado em 2023 corre risco de perder validade. A regra limita o crescimento real dos gastos a 2,5% ao ano e vincula despesas a 70% da alta da receita. Se os gastos obrigatórios continuarem subindo, a regra pode se tornar insustentável.

Vale a pena confiar no índice oficial?

Esse é o ponto central da discussão. Enquanto o governo apresenta uma dívida de 77% do PIB, o mundo enxerga o Brasil com 90% de endividamento real. Para os investidores, vale mais o número do FMI, o que amplia a desconfiança e eleva o risco de crédito.

Essa divergência metodológica gera descompasso entre discurso interno e percepção externa. E, no fim, o efeito é prático: juros altos, crédito caro e economia travada.

A dívida real do Brasil já ultrapassa 90% do PIB pelo critério do FMI, um patamar que pressiona a economia e afasta a possibilidade de recuperar o grau de investimento.

A diferença entre a estatística oficial e a internacional aumenta a percepção de risco, eleva os juros e dificulta o crescimento.

E você, acha que o governo deveria adotar a metodologia do FMI para dar mais transparência? Ou considera válido manter o índice oficial de 77% do PIB?

Deixe sua opinião nos comentários queremos ouvir quem acompanha de perto o impacto da dívida pública no Brasil.

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Maria Heloisa Barbosa Borges

Falo sobre construção, mineração, minas brasileiras, petróleo e grandes projetos ferroviários e de engenharia civil. Diariamente escrevo sobre curiosidades do mercado brasileiro.

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