Dívidas pagas com acordo aparecem como “prejuízo” no SCR do Banco Central, espalham alerta entre bancos e bloqueiam novos financiamentos, explica o advogado Antonio Galvão.
Uma dívida de R$ 1.000 quitada por R$ 200 pode parecer um grande alívio, mas a realidade é que os bancos registram o valor não pago como “prejuízo” no Sistema de Crédito do Banco Central (SCR). Isso significa que, mesmo com o nome limpo em órgãos como SPC e Serasa, os pedidos de crédito podem ser recusados sem explicação clara.
Segundo o advogado Antonio Galvão, especialista em defesa do consumidor, esse mecanismo afeta milhares de brasileiros que aceitaram negociar dívidas em atraso.
O histórico do SCR não desaparece e os bancos continuam consultando esses registros para travar o acesso ao crédito, mesmo anos após a quitação.
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O que é o SCR e como os bancos utilizam
O SCR é um relatório oficial do Banco Central que reúne todas as operações de crédito associadas ao CPF do consumidor.
Diferente de serviços como SPC e Serasa, o SCR mantém registros por até 5 anos, mesmo quando a dívida já foi quitada.
Na prática, os bancos utilizam o SCR como critério central de avaliação de risco.
Qualquer anotação de prejuízo é interpretada como sinal de desconfiança, e por isso muitos consumidores com score alto e nome limpo continuam sendo recusados em financiamentos e cartões.
Como surge o registro de prejuízo
Quando o cliente aceita um acordo e paga apenas parte da dívida por exemplo, R$ 200 de um débito de R$ 1.000, o banco registra a quitação, mas comunica ao Banco Central que sofreu um prejuízo de R$ 800.
Esse valor aparece no SCR e se torna uma espécie de marca negativa para o sistema financeiro.
Mesmo após a quitação, os bancos consideram que o cliente não honrou o contrato integralmente. Isso resulta em bloqueios silenciosos, que se estendem por anos e reduzem as chances de conseguir novos créditos.
Como verificar se há registros contra seu CPF
O consumidor pode consultar sua situação no Registrato, ferramenta do Banco Central acessada com login Gov.br.
O relatório mostra quais bancos já tiveram relação com o cliente e identifica dívidas em dia, vencidas ou classificadas como prejuízo.
Segundo Antonio Galvão, é essencial verificar se existem valores registrados em prejuízo e identificar qual instituição fez a anotação.
Somente assim o consumidor entende o motivo real das negativas em financiamentos e pode agir para corrigir.
Como contestar registros de prejuízo nos bancos
Caso o relatório aponte registros que bloqueiam crédito, o caminho é abrir uma reclamação na Ouvidoria do Banco Central.
O procedimento é feito online e deve incluir comprovantes de quitação e evidências de que o nome está limpo em outros serviços de crédito.
De acordo com Galvão, muitos bancos aceitam corrigir a informação administrativamente após o protocolo. Quando isso não acontece, há decisões judiciais que obrigam a retirada ou alteração do histórico no SCR, garantindo ao consumidor uma nova chance de acesso ao mercado financeiro.
Vale a pena aceitar acordos com desconto?
Essa é a dúvida de milhares de brasileiros. Para quem não pretende buscar crédito no curto prazo, o desconto pode ser uma solução imediata.
Porém, para quem precisa de financiamento, o acordo pode resultar em bloqueios prolongados.
“O problema não é negociar, mas não saber que esse desconto gera prejuízo e trava crédito nos bancos”, alerta Galvão.
O ideal é sempre avaliar o impacto futuro antes de aceitar propostas que parecem vantajosas no presente.
A situação da dívida de R$ 1.000 quitada por R$ 200 revela como os bancos lidam com informações que afetam a vida financeira mesmo após a quitação.
O SCR funciona como um histórico invisível, usado para negar crédito a quem já passou por dificuldades.
E você? Acha justo que os bancos registrem “prejuízo” mesmo depois do pagamento?
Deixe sua opinião nos comentários — queremos ouvir quem já viveu esse problema na prática.