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Disputa por herança bilionária ganha novo capítulo com surgimento de testamento manuscrito de 1998 e deixa investidores de Ferrari e Stellantis apreensivos

Escrito por Geovane Souza
Publicado em 30/09/2025 às 15:15
Disputa por herança bilionária ganha novo capítulo com surgimento de testamento manuscrito de 1998 e deixa investidores de Ferrari e Stellantis apreensivos
Um documento manuscrito de 1998, atribuído a Gianni Agnelli, foi apresentado por advogados.
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Documento apresentado no Tribunal de Turim reacende a briga familiar e põe em xeque 25% da holding Dicembre, elo-chave do controle da Exor sobre Ferrari e Stellantis.

Um documento manuscrito de 1998, atribuído a Gianni Agnelli, foi apresentado por advogados de Margherita Agnelli numa audiência no Tribunal de Turim nesta segunda-feira, 29 de setembro de 2025. O texto indicaria que 25% da holding Dicembre deveriam ir ao filho Edoardo Agnelli. Edoardo morreu em 2000. A cota acabou nas mãos do neto John Elkann com base em um escrito anterior, de 1996. A informação foi relatada pela Reuters, que diz ter visto a nota.

A agência italiana ANSA noticiou que o suposto novo testamento foi protocolado em Turim e que menciona explicitamente a transferência da fatia da “cassaforte” Dicembre para Edoardo, reforçando o potencial conflito com arranjos anteriores.

O caso se insere em uma disputa de longa data entre Margherita e os filhos do primeiro casamento—John, Lapo e Ginevra Elkann, sobre a partilha e a governança do grupo. A Reuters relata que a defesa de Elkann considera o novo papel irrelevante diante de um acordo de 2004 que, segundo eles, encerrou a redistribuição da herança e formalizou a saída de Margherita da Dicembre.

A fortuna combinada do clã é estimada em US$ 14,2 bilhões, de acordo com o Bloomberg Billionaires Index. O tamanho do patrimônio ajuda a explicar a intensidade da disputa e o escrutínio público.

Por que a Dicembre e a Exor importam no caso da herança Agnelli

A Dicembre é a holding que ancora o poder do ramo Agnelli na Exor, empresa de investimentos que concentra participações estratégicas. O controle da Exor sustenta a influência sobre Ferrari e Stellantis, pilares do império empresarial. Se o documento de 1998 prevalecer, o arranjo de poder pode ser questionado.

Em 2003, após a morte de Gianni, a viúva Marella Caracciolo teria seguido o escrito de 1996 para transferir a parcela de 25% a John Elkann, consolidando uma linha de sucessão que moldou as decisões do grupo nas últimas duas décadas. A Bloomberg lembra que esse movimento garantiu a Elkann posição central no comando familiar.

Na prática, qualquer mudança na titularidade desses 25% mexe na cadeia de controle. Mesmo sem alterar participações em mercado aberto, uma decisão judicial que reinterprete a vontade de Gianni pode forçar reacomodações societárias e abrir frentes de litígio colaterais.

Para investidores de Ferrari e Stellantis, o risco é menos operacional e mais de governança: incerteza sobre voto em conselhos, estratégia de longo prazo e eventuais acordos de acionistas. O histórico sugere que a família busca manter estabilidade, mas a janela de imprevisibilidade existe enquanto o processo corre.

O que diz cada lado no processo

Margherita Agnelli sustenta que o manuscrito de 1998 expressa melhor a vontade final de Gianni, ao destinar a fatia da Dicembre a Edoardo. Como Edoardo morreu em 2000, a interpretação jurídica sobre substituição de herdeiro e efeitos sobre acordos subsequentes vira o centro do debate.

A defesa de John Elkann alega que um acordo de 2004 selou a partilha e que o novo papel não altera o que já foi implementado, inclusive a saída societária de Margherita na Dicembre. Em paralelo, Elkann mantém as funções de chairman da Ferrari e da Stellantis e de líder na Exor.

Há, ainda, investigações conexas com alegações sobre ativos e obras de arte ligadas ao espólio, noticiadas pela imprensa britânica, o que ilustra o grau de fricção entre os ramos familiares e amplia o contexto do litígio.

No plano jurídico, especialistas destacam que o peso do manuscrito dependerá de validade formal, cronologia, e de como ele interage com instrumentos sucessórios anteriores e acordos homologados. O caso segue em foro italiano, com possível repercussão transnacional dada a estrutura dos ativos.

Impactos possíveis em Ferrari e Stellantis

No curto prazo, operações e produção não mudam. O ponto é governança: quem decide estratégia, nomeações e alocação de capital. Uma decisão que redesenhe a cadeia de comando pode alterar equilíbrios no conselho e ritmo de investimentos.

A Ferrari, foco de alta margem e marca global, é sensível a narrativas de estabilidade. Já a Stellantis, conglomerado automotivo, depende de decisões de longo prazo em eletrificação, software e alocação de fábricas. Mudanças na cúpula de controle podem influenciar o apetite a risco e o calendário dessas apostas.

Para o mercado, o que pesa é a leitura de continuidade. Se o tribunal validar o manuscrito, a família pode buscar uma solução interna que preserve o comando estratégico, reduzindo ruído. Caso contrário, a disputa tende a se prolongar, com impacto principalmente reputacional.

Investidores devem monitorar comunicados da Exor e eventuais moções em assembleias. Movimentos formais são o canal onde o litígio privado se torna fato relevante corporativo.

Acordo fiscal e investigações

Em 8 de setembro de 2025, John Elkann e irmãos concordaram com um ano de serviços comunitários e o pagamento conjunto de € 183 milhões para encerrar um litígio tributário relacionado ao espólio de Marella Caracciolo. O arranjo não implica admissão de culpa no sistema italiano, mas encerra o caso criminal.

A disputa fiscal havia incluído buscas e apreensões e medidas de sequestro de ativos meses antes, como parte do ambiente contencioso em torno das heranças e da holding Dicembre. Esse pano de fundo ajuda a entender por que qualquer novo documento tem potencial explosivo.

Somado a isso, surgiram denúncias paralelas sobre obras de arte do acervo familiar, ainda sob apuração por autoridades italianas, o que adiciona complexidade ao caso.

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Geovane Souza

Especialista em criação de conteúdo para internet, SEO e marketing digital, com atuação focada em crescimento orgânico, performance editorial e estratégias de distribuição. No CPG, cobre temas como empregos, economia, vagas home office, cursos e qualificação profissional, tecnologia, entre outros, sempre com linguagem clara e orientação prática para o leitor. Universitário de Sistemas de Informação no IFBA – Campus Vitória da Conquista. Se você tiver alguma dúvida, quiser corrigir uma informação ou sugerir pauta relacionada aos temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: gspublikar@gmail.com. Importante: não recebemos currículos.

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