Mineração: Maior jazida de ametista do mundo é no Brasil e fica no Rio Grande do Sul. Conheça a fascinante formação dos cristais de ametista e seus mistérios geológicos, onde a China é o maior comprador.
A revolução da mineração no Rio Grande do Sul: Ametista do Sul, uma cidade gaúcha, guarda um segredo fascinante debaixo de sua superfície. Em meados dos anos 1920 e 1930, os agricultores locais começaram a encontrar pedaços de pedras brilhantes e coloridas ao preparar o solo e foi descoberta a maior jazida de ametista do mundo. Esses fragmentos de ametista logo se tornaram moeda de troca, dando início a um novo negócio na região.
O cristal ametista – muito apreciado pela sua peculiar coloração roxa, brilho e dureza – é uma variedade de quartzo e, como tal, é um óxido de silício (SiO2). Eles aparecem como cristais alongados e com terminação em pirâmide, preenchendo cavidades arredondadas denominadas geodos. Os geodos possuem diâmetros que variam entre alguns centímetros até metros, sendo comuns peças pesando entre 200 e 300 quilos, uma verdadeira obra de arte da mineração.
A Maior Jazida de Ametista do Mundo é no Brasil
Ametista do Sul abriga uma das maiores jazidas de ametista do mundo. Isso se deve à concentração e qualidade das pedras encontradas na região, resultado de quatro derrames mineralizados que formaram camadas de basalto com a presença de geodos de ametista. No Rio Grande do Sul, um geodo de ametista atingiu o espetacular peso de 35 toneladas.
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Essa abundância de ametista não é encontrada em outras regiões do Rio Grande do Sul, que possuem ocorrências mais esparsas na mineração. Apenas nessa pequena área do estado a incidência e a qualidade das pedras são tão notáveis, tornando-a uma das maiores jazidas do mundo.
A fascinante formação dos cristais de ametista e seus mistérios geológicos
Os cristais de ametista, conhecidos por sua coloração arroxeada devido à presença de íons de ferro tetravalente (Fe4+), são encontrados em geodos nas rochas vulcânicas da Formação Serra Geral, parte da Província Basáltica Continental Paraná-Etendeka. A intensidade da cor aumenta do centro para a terminação do cristal, e ao ser aquecida a 475°C, a ametista adquire coloração amarela ou avermelhada, sendo chamada de “Topázio Rio Grande”. O valor comercial da ametista no setor de mineração varia conforme a intensidade de sua cor.
Nos geodos, além da ametista, são encontrados minerais como ágata, quartzo incolor, quartzo róseo, calcita, apofilita, zeólitas, ônix, jaspe, opala, gipsita (selenita), barita e anidrita silicificada. Esses geodos se formaram devido à atividade vulcânica associada à fragmentação do supercontinente Gondwana e à abertura do Oceano Atlântico Sul, resultando no extravasamento de um grande volume de lava há cerca de 125 a 138 milhões de anos. Na região de Presidente Epitácio, em São Paulo, a espessura das camadas basálticas atinge 1.700 metros.
A formação dos geodos de ametista é atribuída à ação de fluidos aquosos ricos em sílica que percolaram as rochas basálticas, preenchendo cavidades e fraturas, e precipitando minerais como ametista, calcedônia e calcita. Este processo ocorreu entre 109 e 87 milhões de anos atrás, durante o vulcanismo de Tristão da Cunha. Os minerais que precipitam a altas temperaturas formaram-se durante o resfriamento da lava, enquanto aqueles que se formam a temperaturas mais baixas, como a ametista, surgiram nos basaltos já consolidados. mineração
O valor comercial da ametista: a maior parte da produção (95%) é destinada à exportação, sendo a China o maior comprador
Além da ametista, outras pedras encontradas na região, como a selenita e a ágata, também possuem alto valor comercial devido à sua escassez e beleza. O valor comercial da ametista está diretamente relacionado à sua coloração. Quanto mais roxa e uniforme for a pedra, maior será seu preço no mercado. Algumas ametistas de tonalidade mais clara ou com inclusões de outras pedras, como a calcita, têm valor menor.
No entanto, a tecnologia permite agregar valor a essas ametistas de qualidade inferior. Ao serem submetidas a um processo de queima em fornos especiais, as pedras adquirem a coloração do citrino, uma variação da ametista que também é muito apreciada. mineração
As gemas produzidas são produtos brutos, mas passam por um semi-beneficiamento, sendo a maior parte destinada ao mercado internacional sob a forma de peças marteladas, próprias para lapidação, ou como geodos cortados ao meio. O valor da ametista no comércio de gemas varia conforme a intensidade da cor, sendo a de tonalidade escura a de maior valor. A qualidade dos cristais também tem grande importância no valor de amostras “in natura”. mineração
Segundo dados do relatório do inventário da mineração em pequena escala das gemas disponibilizados pelo Ministério de Minas e Energia em 2018, a maior parte da produção (95%) é destinada à exportação, sendo a China o maior comprador (70% do mercado consumidor), além de Índia, Tailândia, Estados Unidos, Europa e América Latina. O restante da produção (5%) é absorvida pelo mercado interno, notadamente a região sudeste. O centro de comercialização encontra-se em Soledade, no Rio Grande do Sul.
Ametista do Sul: Muito mais do que uma pedra, o orgulho da mineração do Brasil
Ametista do Sul é muito mais do que apenas uma cidade de garimpo. É um lugar que guarda riquezas geológicas, históricas e culturais, com um universo inteiro escondido debaixo da terra. Da extração da ametista à sua transformação em produtos e experiências, essa pequena cidade gaúcha é um verdadeiro tesouro a ser descoberto. mineração
Seja pela beleza das pedras, pela energia que elas transmitem ou pela impressionante cidade subterrânea, Ametista do Sul é um destino único no Brasil e no mundo, que merece ser explorado por todos aqueles que buscam descobrir os segredos e encantos do Rio Grande do Sul.
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