Nas profundezas silenciosas do Mar Mediterrâneo, um segredo guardado há mais de três mil anos foi finalmente revelado.
Recentemente, uma equipe de exploradores da empresa de energia Energean, que opera na costa de Israel, encontrou os restos de um antigo navio comercial.
Submerso a mais de 1.500 metros abaixo da superfície, este veículo de transporte, datado dos séculos 14 ou 13 a.C., revela um vislumbre fascinante da Idade do Bronze e suas práticas comerciais marítimas.
O achado foi realizado a cerca de 90 quilômetros da costa norte de Israel. De acordo com a Autoridade de Antiguidades de Israel (IAA), em nota publicada na última quinta-feira (20), os exploradores identificaram centenas de ânforas antigas, recipientes utilizados durante a Idade do Bronze para transportar vinho e azeite.
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Essa descoberta não apenas reflete as práticas comerciais da época, mas também desvenda aspectos ocultos da nossa história marítima.
A Importância do naufrágio para a arqueologia marítima
Jacob Sharvit, chefe da unidade marítima da IAA, sugere que o navio provavelmente encontrou seu fim devido a uma tempestade ou a um ataque de piratas, uma ameaça comum na época.
Esta descoberta oferece uma oportunidade única para estudar não apenas a carga, mas também as técnicas de navegação antigas que permitiam viagens vastas sem a necessidade de visualizar a costa constantemente.
Segundo a entidade, os historiadores e especialistas estão fascinados com o avançado conhecimento astronômico e geográfico que esses antigos navegadores possuíam.
Navegação no mar aberto na antiguidade
Conforme a IAA, os marinheiros da Idade do Bronze possuíam um notável conhecimento para manobrar pelo vasto oceano.
Nesse sentido, Sharvit relata que é provável que esses antigos navegadores usassem as posições das estrelas e do sol para orientar-se no mar aberto.
Essas técnicas de navegação evidenciam o avançado conhecimento astronômico da época e continuam a impressionar os historiadores modernos.
A descoberta do navio naufragado
A Energean, operando em campos de gás natural em águas profundas israelenses, utiliza um robô subaquático para explorar o fundo do mar.
Segundo a empresa, há cerca de um ano, este robô encontrou o navio, de 12 a 14 metros de comprimento, enterrado no fundo lamacento, aninhado entre centenas de jarras.
Em uma matéria publicada pela agência de notícias AFP, Karnit Bahartan, diretora de meio ambiente da Energean, relatou que, quando a empresa enviou “as imagens à Autoridade de Antiguidades, a descoberta se revelou sensacional”. “Muito além do que poderíamos imaginar”, comentou.
Por enquanto, o navio ainda não foi resgatado, mas a Energean colaborou com a IAA para trazer à superfície duas ânforas, provavelmente usadas para transportar óleo, vinho ou frutas.
Os recipientes foram identificados como pertencentes aos cananeus, um povo que dominava parte do Oriente Médio há cerca de 4 mil anos, em regiões que hoje correspondem ao Líbano, Israel, Jordânia e Síria.
O impacto da descoberta nos estudos atuais
Este naufrágio é mais do que apenas restos no leito marinho: é uma cápsula do tempo que nos conecta diretamente com os antigos navegadores e comerciantes do Mediterrâneo.
Nesse sentido, constata-se que a descoberta amplia nosso entendimento sobre o comércio marítimo antigo, possibilita o estudo das técnicas de construção naval da Idade do Bronze e contribui para a história da navegação e o uso primitivo de sistemas de orientação astronômica.
Alguns dos artefatos recuperados deste naufrágio logo estarão disponíveis para o público, conforme anunciado pelas autoridades. Isso permite que pessoas ao redor do mundo visualizem e aprendam mais sobre um período crucial da história humana, que assentou as fundações para as práticas de comércio e navegação que conhecemos hoje.
Para especialistas, realizar descobertas como essa não apenas contribui para nossa compreensão da história marítima, mas também inspira as atuais e futuras gerações a explorarem e preservarem nosso passado coletivo. A integridade dos objetos encontrados a essa extraordinária profundidade serve como um lembrete fascinante de como era o mundo há mais de três mil anos.