Arqueólogos identificam ossos no centro de Salvador (BA) em local que pode abrigar mais de 100 mil pessoas escravizadas. Pesquisa inicia preservação do sítio.
No centro de Salvador (BA), uma equipe de arqueólogos anunciaram a descoberta de fragmentos humanos — ossos — em um local que pode abrigar o maior cemitério de escravizados da América Latina.
O achado, resultado de escavações no estacionamento da Santa Casa de Misericórdia da Bahia, contrasta com o uso atual do terreno, e os especialistas afirmam que o espaço exige proteção imediata.
Descoberta e contexto da descoberta dos ossos na Bahia
A intervenção arqueológica iniciou-se em 14 de maio de 2025, após a doutoranda Silvana Olivieri (Universidade Federal da Bahia – UFBA) cruzar mapas históricos do século XVIII com imagens de satélite e localizações documentadas para identificar o antigo Cemitério do Campo da Pólvora.
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As perfurações iniciais levaram à descoberta de ossadas a cerca de 2,7 metros de profundidade, além de dentes e fragmentos ósseos humanos largamente deteriorados pelo solo ácido e úmido.
Estimativas preliminares apontam que o local abrigue mais de 100 mil corpos de pessoas escravizadas e outras que viviam à margem da sociedade da época — além de indígenas, migrações forçadas e marginalizados.
Por que a descoberta é importante?
A presença de tais ossos indica não apenas um número impressionante de enterrados.
Conforme declarado o arqueólogo Luiz Antônio Pacheco: “Esse cemitério foi invisibilizado por camadas de aterro que escondiam a verdadeira história da cidade. Mas ele estava ali, esperando ser encontrado. Estamos diante de uma reparação histórica”.
Por meio dessa descoberta, o processo de reconhecimento e preservação do que se denomina provisoriamente como Sítio Arqueológico Cemitério dos Africanos ganha contornos de urgência, já que o espaço está ameaçado pelo uso contemporâneo como estacionamento e pela falta de visibilidade institucional adequada.
Situação atual e medidas tomadas
O MP-BA oficializou uma recomendação à Santa Casa para que interrompa o uso do local como estacionamento, considerando o risco de danos aos vestígios arqueológicos.
Ademais, os pesquisadores solicitaram ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) o registro formal do local como bem de natureza cultural — passo fundamental para garantia de proteção, estudos futuros e reparação simbólica.
A pesquisa é conduzida por equipes da UFBA, com coordenação da arqueóloga Jeanne Dias, além da supervisão de promotoras como Cristina Seixas e Lívia Vaz, todas atuantes no MP-BA.
Enquanto isso, os fragmentos ósseos que puderam ser removidos serão encaminhados para a Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) para análise futura.
O próximo passo inclui audiência pública para envolver comunidades negras, entidades de memória, religiosos e sociedade civil no diálogo sobre como preservar o local — não apenas como sítio arqueológico, mas como espaço de memória e reparação.
Desafios e implicações de onde estão os ossos
Preservar esse cemitério envolve superar desafios técnicos, institucionais e sociais.
O solo ácido e úmido, por exemplo, deteriorou ossadas a ponto de exigir cobertura imediata e proibição de circulação sobre o terreno.
Além disso, o uso atual do terreno — um estacionamento urbano — mostra o descompasso entre a memória histórica e o planejamento urbano contemporâneo.



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