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Depois de se dar mal com Petróleo e falir investidores, Eike Batista tem plano para ‘fazer a economia da cana virar de cabeça para baixo’

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 05/09/2024 às 07:17
Depois de quase falir com petróleo, Eike Batista revela que o foco agora é no agronegócio brasileiro com investimentos em super cana-de-açúcar. (Imagem: reprodução)
Depois de quase falir com petróleo, Eike Batista revela que o foco agora é no agronegócio brasileiro com investimentos em super cana-de-açúcar. (Imagem: reprodução)

Eike Batista está de volta com um plano ambicioso para revolucionar o agronegócio. A “cana celulose” promete multiplicar a produção de etanol e biomassa, com potencial de gerar bilhões em receitas. Será que essa nova supercana poderá ser o que ele precisa para reerguer sua carreira?

Quando pensamos que Eike Batista, o ex-bilionário que um dia dominou as manchetes, havia se retirado dos holofotes, ele ressurge com planos ambiciosos para abalar um dos setores mais promissores do Brasil: o agronegócio.

Depois de um tombo espetacular no setor de petróleo, que culminou em uma série de processos judiciais ligados à Operação Lava Jato, muitos acreditaram que o empresário havia deixado para trás seus sonhos grandiosos. Mas agora, Eike reaparece com uma nova proposta: transformar radicalmente a economia da cana-de-açúcar. E ele não pensa pequeno.

Com um discurso de otimismo e inovação, Eike Batista retorna com a promessa de fazer a cana-de-açúcar render muito mais do que apenas etanol. A ideia, em suas próprias palavras, é “virar a economia da cana de cabeça para baixo” com a introdução de uma nova variedade conhecida como “cana celulose”.

Essa planta promete revolucionar não apenas a produção de etanol, mas também gerar biomassa suficiente para abastecer outras indústrias como as de plástico e papel, e até o mercado de combustível sustentável de aviação (SAF). A ambição, claro, é fazer desse projeto uma realidade que transformará o Brasil em uma potência ainda maior no setor sucroenergético.

De petróleo à cana: um plano ambicioso

De acordo com Eike Batista, o projeto de desenvolvimento de uma “supercana” não é novo. Ele e seu sócio, Luís Rubio, têm trabalhado nisso há mais de 10 anos. A ideia inicial, lançada no final dos anos 2000, já era promissora, mas enfrentou dificuldades e quase foi abandonada.

Conhecida inicialmente como “cana energia”, a planta apresentava uma densidade de fibras maior que a cana convencional, tornando-a ideal para a geração de biomassa. Agora, rebatizada como “cana celulose”, a variedade foi adaptada para atender às exigências do cenário atual, onde a sustentabilidade ganha cada vez mais relevância.

Eike, em entrevista ao AgFeed, revelou que reuniões com usineiros e empresários do setor agropecuário têm sido feitas para promover a troca da cana tradicional pela “cana celulose”. Seu papel no projeto, conforme ele mesmo admite, é de conselheiro, mas seu envolvimento é tão grande que é a principal voz por trás dessa nova aposta. A empresa responsável pelo desenvolvimento das novas variedades é a BRXe, que investiu mais de R$ 350 milhões no projeto até agora.

Uma cana superpoderosa: o que a “cana celulose” promete

O grande diferencial da “cana celulose”, segundo Eike Batista, é sua capacidade de gerar uma produtividade muito superior à cana convencional.

De acordo com dados apresentados por ele, a nova variedade pode render até 180 toneladas por hectare durante 10 anos, enquanto a cana tradicional atinge uma média de 80 toneladas por hectare e é produtiva por apenas cinco anos.

Essa produtividade superior também se reflete no rendimento do etanol, que poderia triplicar por hectare, e na geração de bagaço, que seria de sete a doze vezes maior.

O impacto econômico dessa supercana seria gigantesco, segundo as estimativas do próprio Eike. A produção de etanol no Brasil, que em 2023 foi de cerca de 35,4 bilhões de litros, poderia saltar para mais de 106 bilhões de litros apenas com a substituição das variedades atuais. Isso geraria uma receita de US$ 106 bilhões, considerando a venda de SAF a US$ 1 por litro, muito acima dos US$ 0,77 por litro do etanol convencional.

Além do etanol, a biomassa gerada pela “cana celulose” poderia ser usada para produzir plástico verde, embalagens biodegradáveis e outros produtos sustentáveis, ampliando ainda mais o potencial de ganhos do projeto. A expectativa de Eike é que essa variedade se torne padrão nos canaviais brasileiros nos próximos anos.

O passado que inspira o futuro

A paixão de Eike por grandes projetos vem de seu pai, Eliezer Batista, fundador da Vale e um dos principais responsáveis pela industrialização do Brasil. Eliezer foi uma peça-chave na transformação do país em uma potência na produção de papel e celulose, ao incentivar o uso do eucalipto na década de 1960.

Eike Batista se inspirou nessa história de sucesso para seu novo empreendimento, acreditando que a “cana celulose” pode fazer pelo setor sucroalcooleiro o que o eucalipto fez pela indústria de papel.

“Estamos buscando fazer o maior programa de melhoramento genético da cana-de-açúcar no planeta”, disse Eike em entrevista. Para isso, a equipe da BRXe, liderada por Rubio e pelo renomado pesquisador Sizuo Matsuoka, um dos maiores especialistas em biotecnologia canavieira no Brasil, vem cruzando cerca de 300 mil espécies de cana por ano para encontrar as variedades mais produtivas.

Desafios e o futuro promissor

Embora o projeto seja ambicioso, ele não está isento de desafios. O maior deles, conforme o próprio Eike Batista admite, é a produção de mudas. A BRXe atualmente tem capacidade para plantar 4 mil hectares por ano, mas a meta é aumentar essa capacidade para 80 mil hectares até 2026. Outro obstáculo é o convencimento de produtores e investidores, que precisam acreditar no potencial revolucionário da nova variedade para investir em sua adoção.

Apesar desses desafios, Eike Batista está otimista. Ele acredita que sua supercana poderá ser uma verdadeira revolução no setor e promete resultados financeiros extraordinários.

Cada módulo de 70 mil hectares exigiria um investimento de R$ 360 milhões, mas geraria R$ 600 milhões anuais em receita apenas com a produção de etanol. O empresário também destaca que, com a maior produção de bagaço, o setor poderá substituir completamente o uso de plástico tradicional por alternativas sustentáveis.

“O legado que queremos deixar é uma cana que beneficie toda a indústria sucroalcooleira nos próximos 20 anos”, afirma Eike. O desafio, porém, vai além de promover a inovação; ele também precisa restaurar sua própria imagem no mercado, provando que, desta vez, seu sonho pode se tornar realidade.

Será que a supercana de Eike Batista pode revolucionar o setor sucroalcooleiro do Brasil, ou será mais uma promessa não cumprida? Compartilhe sua opinião nos comentários!

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Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: alisson.hficher@outlook.com. Não aceitamos currículos!

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