Philco demite 800 trabalhadores em Manaus por queda nas vendas de TVs e micro-ondas. Empresa alega reestruturação e sindicato negocia benefícios.
A Britânia Eletrodomésticos, controladora da marca Philco, anunciou a demissão de 800 trabalhadores de sua unidade fabril localizada em Manaus (AM), em um movimento atribuído à queda nas vendas de televisores, fornos de micro-ondas e aparelhos de ar-condicionado em 2025. A medida, segundo a empresa, é parte de um processo de reestruturação diante da frustração das metas de crescimento para o ano.
Corte atinge cerca de 30% da força de trabalho local
Segundo Valdemir Santana, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do Amazonas (Sindmetal-AM) e da CUT-AM, o número de demitidos representa aproximadamente 30% do total de empregados da unidade fabril da Philco em Manaus. A justificativa apresentada pela empresa foi a baixa demanda por alguns produtos, especialmente televisores e micro-ondas.
“Foi um caso meio atípico. As concorrentes não tomaram medidas tão drásticas”, afirmou Santana. “Embora o mercado tenha dado sinais de desaceleração, nenhuma outra fabricante fez demissões em massa como essa.”
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Vendas do setor mostram estabilidade, não retração
De acordo com dados da Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros), as vendas de televisores no Brasil entre janeiro e maio de 2025 cresceram 0,3% em relação ao mesmo período do ano anterior. Para o primeiro semestre completo, a expectativa é de crescimento de 1%, sinalizando estabilidade no setor — o que torna a decisão da Philco ainda mais surpreendente para o mercado.
Empresa confirma corte e fala em readequação à produção
Em nota oficial, a Britânia Eletrodomésticos informou que a decisão se deve à não concretização do crescimento projetado para a categoria de eletrodomésticos em 2025, especialmente os produtos sazonais. “Diante desse cenário, foi necessário realizar um ajuste no quadro de colaboradores”, informou.
A companhia reforçou que os cortes dizem respeito apenas à planta de Manaus e que as demais unidades da empresa — como a sede em Curitiba (PR) e o centro de produção em Joinville (SC) — não serão afetadas.
A última demissão em massa promovida pela empresa havia ocorrido durante a pandemia de covid-19, quando o consumo de eletrodomésticos caiu drasticamente no Brasil.
Sindicato negocia pacote de benefícios para os desligados
As homologações começaram nesta segunda-feira (14), na sede do sindicato. Segundo Valdemir Santana, foi acordado com a empresa um pacote que inclui a manutenção do plano de saúde dos demitidos até o final de agosto e a distribuição de cestas básicas: três para cada trabalhador desligado, e quatro no caso de empregados com mais de dois anos de casa.
Além disso, em caso de futura recontratação, os trabalhadores demitidos terão prioridade no processo seletivo.
Mercado de trabalho aquecido pode facilitar recolocação
Apesar do impacto negativo da demissão em massa, o mercado de trabalho no Polo Industrial de Manaus permanece aquecido. Segundo o Sindmetal-AM, a região registra atualmente o maior nível de emprego dos últimos anos, com cerca de 132 mil trabalhadores formalmente contratados — o maior número desde 2012.
“O polo está com carência de mão de obra qualificada. Esses trabalhadores devem se recolocar rapidamente”, estimou Santana.
Philco segue entre os grandes empregadores do Amazonas
A Philco figura entre as dez maiores empregadoras da Zona Franca de Manaus. A empresa é uma das principais fabricantes de eletrodomésticos do país e, segundo fontes do setor, vinha enfrentando dificuldades pontuais de escoamento de produtos, principalmente televisores, que têm registrado estoques elevados desde o fim do ano passado.
A crise interna da Philco também reflete a sazonalidade do mercado brasileiro, muito dependente de datas comerciais específicas e da liberação de crédito para o consumo de bens duráveis.
Nota da empresa fala em “reestruturação pontual”
Ao final da nota oficial, a Britânia Eletrodomésticos declarou que “segue comprometida com a valorização de suas equipes” e que “as recentes movimentações fazem parte de um processo de reestruturação pontual compatível com a produção na região”. Por razões estratégicas, a companhia não revelou o número total de funcionários por unidade.
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