Assembleia Legislativa do RN realiza audiência pública para discutir os desafios e oportunidades do setor de petróleo na Bacia Potiguar. O encontro aborda a necessidade de novos investimentos, geração de empregos e o papel do estado na transição energética.
A produção de petróleo no Rio Grande do Norte volta ao centro das atenções com a audiência pública promovida pela Assembleia Legislativa do Estado (ALRN) nesta terça-feira (14), às 14h, no auditório Cortez Pereira, em Natal. O encontro, proposto pela deputada Isolda Dantas (PT), reunirá autoridades, empresários, sindicatos e especialistas para discutir os desafios e as oportunidades da cadeia produtiva do petróleo na região.
A Bacia Potiguar, que há quase cinco décadas sustenta o protagonismo do estado na indústria petrolífera nacional, será o principal foco do debate. A atividade, que movimenta centenas de milhões de reais e sustenta a economia de dezenas de municípios, enfrenta hoje um momento decisivo. A audiência pública pretende discutir medidas que garantam sustentabilidade, novos investimentos e fortalecimento da produção local.
Segundo a deputada Isolda Dantas, o tema exige responsabilidade e planejamento de longo prazo. “O petróleo faz parte da nossa história e da nossa economia, mas também impõe desafios que precisam ser enfrentados com responsabilidade, sustentabilidade e planejamento para o futuro”, afirmou a parlamentar.
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Produção potiguar enfrenta queda e pressiona economia regional
De acordo com dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), a produção do Rio Grande do Norte alcançou 39.144 barris de óleo equivalente por dia (boe/d) em agosto de 2025. O número representa uma leve redução em relação à média dos últimos 18 meses, que foi de 39.610 boe/d.
Embora a queda pareça modesta, ela reflete um declínio contínuo na produção local, impactando diretamente a geração de empregos e a arrecadação de tributos. Esse cenário tem preocupado gestores públicos e investidores, já que a economia de diversos municípios produtores depende fortemente da indústria do petróleo.
A retração é atribuída, em parte, à redução gradual da presença da Petrobras na região, o que provocou uma diminuição significativa de investimentos públicos e privados. Mesmo assim, estudos recentes apontam que a Bacia Potiguar ainda possui grande potencial produtivo, com áreas inexploradas capazes de reaquecer o setor.
SINDIPETRO-RN propõe inclusão de novos blocos e reforça importância da retomada dos investimentos
Na tentativa de reverter o cenário de estagnação, o SINDIPETRO-RN apresentou, em agosto, um pedido formal à ANP para incluir 33 novos blocos exploratórios no edital da Oferta Permanente de Concessão (OPC). As áreas estão distribuídas em municípios estratégicos, como Mossoró, Areia Branca, Assú, Serra do Mel e Guamaré.
A ANP confirmou a inclusão dos blocos, que deverão ser disponibilizados ainda neste ano. O coordenador-geral do sindicato, Marcos Brasil, ressaltou o impacto positivo da iniciativa:
“Se não houver novos blocos sendo ofertados, corre-se o risco de uma retração econômica grave, porque o setor representa parcela significativa do PIB industrial do RN”, alertou.
A expectativa é de que até cinco empresas já atuantes no estado participem da disputa, o que deve impulsionar a geração de empregos diretos e indiretos e estimular novos aportes financeiros em infraestrutura e tecnologia.
Além da pauta econômica, a audiência pública organizada pela ALRN também abordará o papel do petróleo na transição para fontes mais limpas de energia. O objetivo é encontrar um equilíbrio entre desenvolvimento e sustentabilidade, aproveitando a expertise local sem comprometer os compromissos ambientais.
Autoridades do setor energético, representantes sindicais e empresários irão debater diretrizes estratégicas para garantir que o Rio Grande do Norte continue sendo protagonista na produção de petróleo, mas com uma visão voltada para o futuro.
A Bacia Potiguar, com seu histórico de produtividade e inovação, segue sendo um ativo essencial para o estado — e a expectativa é que o encontro sirva como ponto de partida para uma nova fase de investimentos, diversificação e fortalecimento da cadeia produtiva.