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De 2 milhões de bicicletas vendidas por ano a R$ 15 milhões de lucro em investimentos: a mudança radical da ‘rainha das bicicletas’

Escrito por Bruno Teles
Publicado em 10/08/2025 às 21:24
Clássica barra circular mantém presença em nichos do Norte e Nordeste enquanto marca se afasta das grandes redes
Clássica barra circular mantém presença em nichos do Norte e Nordeste enquanto marca se afasta das grandes redes
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Lembra da Monark? Veja como está hoje a rainha das bicicletas. Empresa que já vendeu milhões de bicicletas no Brasil hoje sobrevive como investidora e mantém marca viva em nichos regionais.

Durante décadas, a Monark foi reconhecida como a rainha das bicicletas no Brasil. Ícone de resistência e popularidade, chegou a vender mais de 2 milhões de unidades por ano e empregou cerca de 10 mil pessoas. Hoje, mesmo longe do topo de mercado, a marca continua ativa — mas com um modelo de negócios muito diferente.

Listada na bolsa de valores, a Monark mantém operação reduzida na fabricação de bicicletas, mas obtém a maior parte do lucro por meio de aplicações financeiras. Em 2024, registrou R$ 15 milhões de lucro líquido, com dividendos acima de 8%, um desempenho que atrai mais investidores do que ciclistas.

Origem sueca e chegada ao Brasil

A história da rainha das bicicletas começa em 1908, na cidade de Varberg, na Suécia, quando Benvenson fundou a Monark AB. A marca se destacou por fabricar bicicletas robustas, capazes de resistir a invernos rigorosos e ruas de paralelepípedo.

Trinta anos depois, a Monark chegou ao Brasil como importadora, trazendo peças suecas para montagem local. Em 1951, abriu sua primeira fábrica em São Paulo, tornando-se fabricante nacional e adaptando os modelos ao uso intenso no dia a dia brasileiro, especialmente em cidades sem infraestrutura de transporte moderna.

Expansão e rivalidade com a Caloi

Na década de 1960, a empresa acelerou sua produção e se tornou presença constante nas ruas. A rivalidade com a Caloi marcou a era de ouro do setor, com a Monark apostando em durabilidade e preço competitivo, enquanto a concorrente investia em marketing e modelos voltados para o público urbano.

Foi nessa fase que surgiram ícones como a barra circular, a dobrável Monareta e, em 1978, a primeira BMX do Brasil, que impulsionou a popularização do bicicross e patrocinou atletas e eventos esportivos.

O auge e a listagem na bolsa

Nos anos 1970, a rainha das bicicletas atingiu seu pico: mais de 2 milhões de unidades vendidas por ano e listagem na antiga Bovespa com o ticker BMKS3. A fábrica de São Paulo e outras unidades no país operavam em ritmo intenso, transformando a Monark em símbolo de infância e meio de transporte popular.

As bicicletas da marca eram vistas como patrimônio de família, passadas de geração em geração, graças à resistência e ao design funcional.

A ladeira da abertura comercial

A partir dos anos 1990, com a abertura econômica, bicicletas importadas da China e Taiwan invadiram o mercado com preços muito menores. Mesmo mantendo qualidade superior, a Monark perdeu espaço para modelos mais baratos.

Entre 2006 e 2008, fechou fábricas em Manaus e São Paulo, concentrando a produção em Indaiatuba (SP). O portfólio foi reduzido e a presença em grandes redes comerciais praticamente desapareceu.

Reposicionamento e polêmica recente

Nos anos 2020, a Monark manteve produção restrita, principalmente da clássica barra circular, com foco em consumidores do Norte e Nordeste. Em 2022, ganhou atenção ao emitir nota oficial se distanciando do influenciador digital “Monark” após declarações polêmicas dele.

Apesar da baixa participação no mercado, a empresa preserva sua marca como ativo de valor, sustentada pelo público fiel e pela rentabilidade de seus investimentos.

De fábrica a investidora

Hoje, a rainha das bicicletas é quase uma gestora de ativos. Com valor de mercado de R$ 182 milhões e receita operacional modesta, o lucro líquido vem majoritariamente de aplicações financeiras. Isso garante dividendos robustos, atraindo acionistas que enxergam estabilidade no negócio.

No cenário nacional, a Caloi lidera com folga, enquanto Sense e Audax disputam fatias menores. Globalmente, nomes como Giant, Trek e Specialized dominam o segmento premium.

Um símbolo que mudou de marcha

A Monark deixou de ser protagonista nas ruas, mas segue relevante como patrimônio histórico e marca de nicho. Sua trajetória mostra como empresas tradicionais podem se reinventar para sobreviver, mesmo que mudem radicalmente de modelo de negócio.

E você? Acha que a rainha das bicicletas deveria investir para voltar a disputar o mercado nacional ou manter o foco nos lucros financeiros? Deixe sua opinião nos comentários.

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Bruno Teles

Falo sobre tecnologia, inovação, petróleo e gás. Atualizo diariamente sobre oportunidades no mercado brasileiro. Com mais de 7.000 artigos publicados nos sites CPG, Naval Porto Estaleiro, Mineração Brasil e Obras Construção Civil. Sugestão de pauta? Manda no brunotelesredator@gmail.com

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