Analistas alertam sobre riscos globais com paralisação do governo americano
A paralisação do governo dos Estados Unidos, conhecida como shutdown, pode trazer impactos imediatos para a logística aérea global.
Ela também pode gerar consequências diretas para o Brasil.
Especialistas destacam que esse tipo de bloqueio administrativo já ocorreu em outras ocasiões.
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Em 2019, o país enfrentou 35 dias de paralisação, que custaram cerca de US$ 11 bilhões, segundo o especialista em comércio exterior Jackson Campos.
Naquele ano, o impacto reduziu em 0,2% as previsões de crescimento econômico dos EUA.
Isso pressionou cadeias globais de suprimentos e aumentou os custos operacionais em diversos setores internacionais.
Efeitos diretos na aviação internacional
Durante o shutdown, servidores públicos têm seus contratos suspensos, o que causa escassez de mão de obra em setores estratégicos.
Entre eles, está o transporte aéreo, altamente dependente de fiscalização contínua.
Apesar de serviços essenciais continuarem funcionando, a redução de equipes provoca gargalos operacionais em aeroportos e terminais.
De acordo com Campos, órgãos como FDA e USDA reduzem suas atividades, afetando diretamente o comércio exterior.
Isso também atinge a logística internacional e aumenta os atrasos em embarques e desembarques.
Assim, portos e aeroportos registram filas, acúmulo de mercadorias e maior pressão nos custos de armazenagem.
Impactos no Brasil
No Brasil, os efeitos chegam de forma quase imediata.
Isso acontece porque menos inspetores e controladores nos EUA resultam em atrasos em voos e gargalos em aeroportos.
A consequência direta é a liberação mais lenta de cargas em rotas internacionais.
Para setores que dependem de insumos americanos, como o automotivo, químico e farmacêutico, o cenário é de riscos elevados e custos adicionais.
Além disso, importações fora do prazo e exportações retidas aumentam os custos logísticos.
Segundo Campos, o aumento das despesas operacionais e o risco de interrupção na produção exigem atenção urgente de empresas e autoridades brasileiras.
Serviços continuam, mas com limitações
Apesar dos efeitos, serviços essenciais como controle de tráfego aéreo permanecem ativos durante o shutdown.
Atualmente, 13.227 controladores seguem trabalhando sem remuneração até que o governo seja reaberto.
Contudo, atividades importantes, como certificação de aeronaves e supervisão de motores, ficam pausadas.
A contratação de novos controladores também é suspensa, assim como os treinamentos de campo.
Isso gera preocupações quanto à segurança operacional e à eficiência do sistema.
Além disso, cria sensação de insegurança para passageiros e operadores do setor aéreo internacional.
Reação da indústria de aviação
Diante desse cenário, grupos ligados à indústria da aviação americana se mobilizaram contra o shutdown.
Em setembro de 2023, uma coalizão de organizações enviou carta ao Congresso dos EUA, pedindo que a paralisação fosse evitada.
O documento alertou que a falta de financiamento comprometeria gravemente a Administração Federal de Aviação (FAA).
Também destacou que programas de segurança ficariam suspensos durante o shutdown.
A ausência de profissionais de apoio agravaria os riscos operacionais no setor aéreo.
Representantes da indústria pediram urgência para evitar novos atrasos e prejuízos globais.
Eles destacaram ainda a relevância dos EUA como líder mundial em aviação.