Pesquisa revela que mais de 60% do entulho no Brasil é descartado ilegalmente, espalhando metais pesados e colocando em risco ecossistemas e comunidades.
Investigação nacional expõe crise ambiental oculta
Um novo levantamento da Associação Brasileira para Reciclagem de Resíduos da Construção Civil e Demolição (Abrecon), divulgado em maio de 2025, revelou um cenário alarmante.
O Brasil gera mais de 106 milhões de toneladas de resíduos da construção civil (RCD) a cada ano. No entanto, recicla-se apenas 25% desse volume e dá-se destinação adequada a 30% a 40%. Como resultado, 60% do entulho acabam descartados clandestinamente, contaminando áreas de preservação, margens de rios e bairros residenciais.
Além disso, os resíduos ilegais contêm chumbo, mercúrio, cádmio, arsênio e outros metais tóxicos. Por isso, esses elementos penetram no solo e nos lençóis freáticos, envenenando fontes de água e colocando em risco a saúde das comunidades.
-
Você compraria um carro e pagaria de novo pela potência? Volkswagen lança assinatura para desbloquear desempenho em elétricos, seguindo estratégia de BMW e Mercedes
-
Melhores celulares Samsung para comprar em 2025
-
Bill Gates lança concurso global de US$ 1 milhão para acelerar com inteligência artificial a busca pela cura definitiva do Alzheimer
-
Elon Musk confronta STF após decisões que afetam X e Starlink no Brasil
Metais pesados ameaçam saúde da população
Especialistas da Abrecon, como Rafael Teixeira, destacam que esta é uma crise silenciosa, com efeitos cumulativos e perigosos.
Resíduos misturados com tintas, metais e produtos químicos liberam substâncias que provocam:
- Câncer
- Distúrbios neurológicos
- Alterações hormonais
- Danos renais irreversíveis
Além disso, o problema se agrava porque ocorre frequentemente em áreas residenciais, expondo a população ao perigo sem que ela perceba.
Consequências ambientais e urbanas em crescimento
Entretanto, os danos não se limitam ao solo e à água.
O descarte irregular de entulho também:
- Eleva o risco de enchentes em centros urbanos
- Contamina mananciais e rios
- Favorece a proliferação de vetores de doenças
- Provoca deslizamentos em áreas de risco
Por esse motivo, o cenário se torna ainda mais preocupante. Embora muitos associem lixões a lixo doméstico, o entulho da construção civil representa hoje o maior volume de descarte irregular nas cidades brasileiras, segundo a Abrecon.
Estrutura de reciclagem subutilizada
Mesmo com capacidade para tratar até 81 milhões de metros cúbicos de RCD por ano, o país utiliza menos da metade desse potencial.
Além disso:
- Produzem-se 24 milhões de metros cúbicos de agregados reciclados por ano.
- Comercializam-se apenas 16 milhões de metros cúbicos.
Dessa forma, essa subutilização resulta da ausência de políticas públicas eficazes, incentivos econômicos e fiscalização adequada.
Urgência de políticas públicas e fiscalização
Por isso, para reverter este cenário, a Abrecon recomenda:
- Implementação obrigatória de Planos de Gestão de Resíduos da Construção Civil (PGRCD) em todos os municípios
- Incentivo ao uso de agregados reciclados em obras públicas
- Adoção de sistemas rigorosos para rastrear o transporte de RCD
- Aplicação de punições legais diretas aos geradores que realizam descartes irregulares
Como alerta Teixeira: “Não se trata mais de uma opção. É uma necessidade ambiental e social urgente. O entulho que hoje se descarta de forma criminosa será a água contaminada de amanhã”.
Brasil diante de um dilema ambiental
Diante de todo esse cenário, a crise dos lixões urbanos, agravada pelo descarte ilegal de entulho da construção civil, impõe ao país um desafio complexo.
De um lado, existe a necessidade de desenvolver infraestrutura urbana. Por outro lado, surge a obrigação de proteger o meio ambiente e a saúde da população.
Segundo os especialistas, a resposta deve passar por gestão pública eficiente, fiscalização rigorosa e compromisso com práticas sustentáveis.
E você, acredita que as prefeituras devem priorizar investimentos em reciclagem e fiscalização para conter essa crise ambiental ou permitir que o mercado se autorregule? Deixe sua opinião!