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Crise nacional: entulho de construção contamina solo e água em áreas residenciais e ameaça saúde pública

Escrito por Caio Aviz
Publicado em 25/06/2025 às 16:02
Imagem de entulho de construção descartado ilegalmente em área urbana, com frase de alerta "Entulho hoje, veneno amanhã" em destaque.
Entulho da construção civil descartado ilegalmente ameaça o meio ambiente e a saúde pública no Brasil
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Pesquisa revela que mais de 60% do entulho no Brasil é descartado ilegalmente, espalhando metais pesados e colocando em risco ecossistemas e comunidades.

Investigação nacional expõe crise ambiental oculta

Um novo levantamento da Associação Brasileira para Reciclagem de Resíduos da Construção Civil e Demolição (Abrecon), divulgado em maio de 2025, revelou um cenário alarmante.

O Brasil gera mais de 106 milhões de toneladas de resíduos da construção civil (RCD) a cada ano. No entanto, recicla-se apenas 25% desse volume e dá-se destinação adequada a 30% a 40%. Como resultado, 60% do entulho acabam descartados clandestinamente, contaminando áreas de preservação, margens de rios e bairros residenciais.

Além disso, os resíduos ilegais contêm chumbo, mercúrio, cádmio, arsênio e outros metais tóxicos. Por isso, esses elementos penetram no solo e nos lençóis freáticos, envenenando fontes de água e colocando em risco a saúde das comunidades.

Metais pesados ameaçam saúde da população

Especialistas da Abrecon, como Rafael Teixeira, destacam que esta é uma crise silenciosa, com efeitos cumulativos e perigosos.

Resíduos misturados com tintas, metais e produtos químicos liberam substâncias que provocam:

  • Câncer
  • Distúrbios neurológicos
  • Alterações hormonais
  • Danos renais irreversíveis

Além disso, o problema se agrava porque ocorre frequentemente em áreas residenciais, expondo a população ao perigo sem que ela perceba.

Consequências ambientais e urbanas em crescimento

Entretanto, os danos não se limitam ao solo e à água.

O descarte irregular de entulho também:

  • Eleva o risco de enchentes em centros urbanos
  • Contamina mananciais e rios
  • Favorece a proliferação de vetores de doenças
  • Provoca deslizamentos em áreas de risco

Por esse motivo, o cenário se torna ainda mais preocupante. Embora muitos associem lixões a lixo doméstico, o entulho da construção civil representa hoje o maior volume de descarte irregular nas cidades brasileiras, segundo a Abrecon.

Estrutura de reciclagem subutilizada

Mesmo com capacidade para tratar até 81 milhões de metros cúbicos de RCD por ano, o país utiliza menos da metade desse potencial.

Além disso:

  • Produzem-se 24 milhões de metros cúbicos de agregados reciclados por ano.
  • Comercializam-se apenas 16 milhões de metros cúbicos.

Dessa forma, essa subutilização resulta da ausência de políticas públicas eficazes, incentivos econômicos e fiscalização adequada.

Urgência de políticas públicas e fiscalização

Por isso, para reverter este cenário, a Abrecon recomenda:

  • Implementação obrigatória de Planos de Gestão de Resíduos da Construção Civil (PGRCD) em todos os municípios
  • Incentivo ao uso de agregados reciclados em obras públicas
  • Adoção de sistemas rigorosos para rastrear o transporte de RCD
  • Aplicação de punições legais diretas aos geradores que realizam descartes irregulares

Como alerta Teixeira: “Não se trata mais de uma opção. É uma necessidade ambiental e social urgente. O entulho que hoje se descarta de forma criminosa será a água contaminada de amanhã”.

Brasil diante de um dilema ambiental

Diante de todo esse cenário, a crise dos lixões urbanos, agravada pelo descarte ilegal de entulho da construção civil, impõe ao país um desafio complexo.

De um lado, existe a necessidade de desenvolver infraestrutura urbana. Por outro lado, surge a obrigação de proteger o meio ambiente e a saúde da população.

Segundo os especialistas, a resposta deve passar por gestão pública eficiente, fiscalização rigorosa e compromisso com práticas sustentáveis.

E você, acredita que as prefeituras devem priorizar investimentos em reciclagem e fiscalização para conter essa crise ambiental ou permitir que o mercado se autorregule? Deixe sua opinião!

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Caio Aviz

Escrevo sobre o mercado offshore, petróleo e gás, vagas de emprego, energias renováveis, mineração, economia, inovação e curiosidades, tecnologia, geopolítica, governo, entre outros temas. Buscando sempre atualizações diárias e assuntos relevantes, exponho um conteúdo rico, considerável e significativo. Para sugestões de pauta e feedbacks, faça contato no e-mail: avizzcaio12@gmail.com.

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