Empresas reduzem presença na Argentina por causa do cenário adverso
Desde o primeiro semestre de 2025, um movimento de retirada de grandes corporações da Argentina ganha força. Isso se deve, sobretudo, à inflação persistente, ao câmbio volátil e à insegurança regulatória.
Além disso, esse cenário afeta diretamente o ambiente de negócios no país. Conforme dados do Trading Economics, a inflação interanual na Argentina atingiu 33,6 % nos últimos 12 meses.
Em maio de 2025, a inflação mensal caiu para 1,5 %, o que representa o nível mais baixo em mais de cinco anos, segundo a agência Reuters.
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Apesar dessa desaceleração, o cenário econômico ainda é desafiador. Por esse motivo, pelo menos 16 empresas internacionais anunciaram intenção de deixar o mercado argentino ou negociar ativos nos próximos meses.
Consequentemente, essa retirada está sendo impulsionada pela falta de previsibilidade nas políticas econômicas do governo de Javier Milei, eleito em 2023.
Burger King, Carrefour e Raízen aceleram venda de ativos no país
Burger King
A rede global de fast food colocou 118 lojas argentinas à venda, o que representa uma operação presente no país desde 1990. A negociação está sob responsabilidade do banco BBVA.
Esse processo faz parte de um programa de desinvestimento da controladora mexicana Alsea. Além disso, a empresa pretende vender operações do Burger King no Chile e no México.
Ainda assim, a Alsea continuará atuando na Argentina por meio da rede Starbucks. Essa estratégia visa preservar parte da presença no país, mesmo com os riscos.
Carrefour
O grupo francês Carrefour avalia a venda de suas operações na Argentina. Por isso, contratou bancos internacionais especializados em fusões e aquisições.
A estimativa inicial é vender cerca de 650 a 700 lojas por US$ 2 bilhões, embora haja disposição para aceitar propostas entre US$ 800 milhões e US$ 1,6 bilhão.
O CEO da rede no país, David Collas, declarou ao jornal La Nación, no dia 7 de outubro de 2025, que o mercado argentino representa alto risco.
Segundo ele, “Depois de um 2024 de forte queda, com desaceleração por causa da inflação e acúmulo de estoque, 2025 não dá sinais de melhora”.
Raízen
A brasileira Raízen, dona da marca Shell na Argentina, também está em fase de desinvestimento. Por isso, a empresa busca vender 700 postos de combustíveis e a refinaria Dock Sud.
A estimativa da Raízen é arrecadar cerca de US$ 1,5 bilhão com a negociação. Nesse contexto, a operação reforça a tendência de saída de empresas brasileiras do mercado argentino.
Nomes internacionais também abandonam o mercado argentino
Além dos casos já mencionados, diversas empresas anunciaram retirada total ou parcial do país. A seguir, veja a lista com nomes de destaque:
- Walmart
- Telefónica
- Mercedes Benz
- Exxon
- Procter & Gamble
- Zara
- HSBC
- Petrobras
Essas saídas demonstram o impacto da instabilidade econômica e das políticas públicas sobre o setor empresarial. Por isso, o número tende a crescer com o agravamento do cenário.
Histórico inflacionário pressiona estratégias das companhias
Em 2024, a inflação acumulada na Argentina alcançou percentuais de três dígitos, conforme levantamento da Wikipedia. Isso pressionou duramente os custos das empresas.
Em maio de 2025, o índice mensal caiu para 1,5 %, o que representa o menor patamar desde 2020. Com isso, a inflação interanual foi reduzida para 43,5 %, segundo a Reuters.
Ainda assim, a previsão do Trading Economics para o fim de 2025 indica que a inflação pode terminar o ano em torno de 29 %, o que ainda é considerado elevado.
Motivos que justificam o desinteresse pelo mercado argentino
- Incerteza regulatória, com mudanças abruptas nas políticas públicas, dificulta o planejamento de longo prazo.
- Desvalorização cambial e custos elevados nas importações afetam severamente a competitividade das empresas que atuam no país.
- Inflação persistente, mesmo com sinais de desaceleração, ainda corrói margens e impacta a lucratividade dos negócios.
- Risco elevado dos ativos e operações em mercados instáveis reduz o apetite de investidores estrangeiros.
Alerta sobre risco argentino
A retirada de grandes empresas da Argentina confirma um cenário grave de instabilidade macroeconômica. Por essa razão, a inflação elevada e a falta de previsibilidade desestimulam investimentos.
Casos como os do Burger King, Carrefour e Raízen mostram como mesmo grandes conglomerados buscam proteção em mercados mais seguros. Portanto, isso reforça o alerta.