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Crise cambial histórica: 1 dólar já vale 1.400 pesos na Argentina e governo anuncia intervenção para tentar conter derretida da moeda

Escrito por Valdemar Medeiros
Publicado em 11/09/2025 às 11:05
Crise cambial histórica: 1 dólar já vale 1.400 pesos na Argentina e governo anuncia intervenção para tentar conter derretida da moeda
Foto: Crise cambial histórica: 1 dólar já vale 1.400 pesos na Argentina e governo anuncia intervenção para tentar conter derretida da moeda
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Com dólar a 1.400 pesos, Argentina enfrenta crise cambial e governo Milei anuncia intervenção no câmbio para conter desvalorização intensa da moeda.

Quando o dólar alcança 1.400 pesos argentinos, não se trata apenas de mais um número de câmbio — é um alerta vermelho. A moeda local está em queda acelerada, refletindo inflação descontrolada, fuga de capitais e perda de confiança dos mercados. A população vê seus salários evaporarem, enquanto produtos importados se tornam inacessíveis. É nesse cenário que o governo de Javier Milei abandonou sua promessa de não intervir no câmbio, anunciando medidas emergenciais na manhã do dia 2 de setembro de 2025 para tentar segurar a derretida do peso.

Promessa vs realidade: a não intervenção que durou pouco

No início de seu mandato, Milei prometeu liberalizar drasticamente a economia argentina, reduzir a interferência do Estado e deixar o câmbio livre — ou seja, sem intervenções diretas do governo ou do Banco Central.

O objetivo era recuperar credibilidade externa, incentivar investimentos e estabilizar a inflação via mercado.

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Mas a volatilidade do peso, somada à pressão política e ao impacto social da inflação, fez com que essa promessa fosse abandonada.

O governo agora reconhece que a não intervenção total está se tornando impraticável. A necessidade de atuar surge quase como um fracasso da política cambial purista que tinha sido propagada como marca registrada.

As medidas de intervenção anunciadas

O governo argentino anunciou recentemente uma série de medidas para tentar conter a desvalorização do peso e restaurar alguma estabilidade cambial. Entre elas:

  • Operações de compra e venda de dólares pelo Estado, para segurar a oferta da moeda americana no mercado nacional.
  • Medidas regulatórias e fiscais que influenciam o mercado de câmbio, inclusive limitações ou ajustes em barreiras para transações externas.
  • Tentativas de conter a inflação de preços via controle de tarifas públicas e subsídios em setores sensíveis, para evitar que o câmbio alto seja repassado diretamente à população.

Impactos econômicos e sociais imediatos

A crise cambial e a desvalorização expressiva do peso argentino têm efeitos profundos:

A inflação sobe em ritmo mais acelerado — produtos importados, como combustíveis, remédios, alimentos industrializados, ficam muito mais caros.

O poder de compra da população diminui drasticamente, sobretudo para quem recebe em pesos fixos ou salários pouco ajustados.

Empresas que dependem de insumos internacionais enfrentam custos elevados, prejudicando produção, investimentos e capacidade de competir exportando ou importando.

O risco de instabilidade política aumenta: eleitores pressionam por medidas emergenciais, protestos podem surgir e a confiança do mercado externo sofre com incerteza cambial.

Limites da intervenção e riscos para Milei

Intervir não é tarefa simples, e os riscos são relevantes:

  • Se o governo comprar muitos dólares com reservas limitadas, pode perder parte substancial do seu capital cambial, o que enfraquece ainda mais o Estado.
  • Intervenções podem gerar ruído político: base eleitoral e investidores liberais, que apoiavam a promessa de abertura cambial, podem se sentir traídos.
  • Sem reformas estruturais (controle da inflação, ajuste fiscal, confiança institucional), a intervenção pode ter efeito apenas temporário — segurar o peso por uns dias, mas sem evitar a próxima queda.

Especialistas avaliam: o ponto de virada cambial

Para economistas especializados, esse movimento marca um ponto de virada:

  • Alcançar 1.400 pesos por dólar evidencia que a moeda argentina não responde mais apenas a fatores setoriais ou de percepção: é uma crise de confiança macroeconômica.
  • Também é considerado um teste de credibilidade: se o governo intervir, será necessário combinar medidas cambiais com política monetária rígida, comunicação clara e controle da inflação.
  • Medidas emergenciais não podem substituir uma política cambial sustentável — se o Estado não retomar controle inflacionário, os efeitos sociais se intensificam.

A intervenção como necessidade, não escolha

A Argentina vive um momento delicado: o peso derrete diante do dólar, e medidas de mercado livre não foram suficientes para conter a crise. A intervenção agora anunciada não é fruto de mudança de ideologia, mas de urgência.

O que está em jogo é muito mais do que câmbio — é a credibilidade institucional, a capacidade de proteger a população dos efeitos da inflação e de evitar um ciclo de deterioração econômica.

Quando o dólar atinge 1.400 pesos, a intervenção deixa de ser uma alternativa: torna-se, para o governo, uma questão de sobrevivência monetária e política.

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Valdemar Medeiros

Formado em Jornalismo e Marketing, é autor de mais de 20 mil artigos que já alcançaram milhões de leitores no Brasil e no exterior. Já escreveu para marcas e veículos como 99, Natura, O Boticário, CPG – Click Petróleo e Gás, Agência Raccon e outros. Especialista em Indústria Automotiva, Tecnologia, Carreiras (empregabilidade e cursos), Economia e outros temas. Contato e sugestões de pauta: valdemarmedeiros4@gmail.com. Não aceitamos currículos!

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