Com técnica de escalonamento de lotes, produtores iniciam criação de 100 galinhas com pouco dinheiro, mantêm oferta constante e conquistam mercado.
Muita gente sonha em começar uma criação de galinhas poedeiras, mas esbarra no mesmo problema: não ter todo o dinheiro de uma vez para comprar 100 aves já prontas para produzir.
Esse é um obstáculo comum e que leva muitos a desistirem antes mesmo de tentar.
No entanto, existe uma saída prática, que funciona justamente para quem quer iniciar sem o capital completo reunido. O canal do Agrônomo Fábrício Andrade gravou mostrou um excelente método para você começar a investir na criação de galinhas poedeiras.
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Essa solução se chama escalonamento de lote, e ela permite montar uma estrutura de produção organizada, constante e lucrativa, sem a necessidade de um investimento pesado no começo.
O objetivo do escalonamento
O ponto central do escalonamento é simples: começar pequeno e aumentar aos poucos, de maneira programada.
Dessa forma, o criador consegue chegar a uma produção de 65 ovos por dia, equivalente a um plantel de 100 galinhas, sem precisar comprar todas as aves de uma vez.
O método garante duas vantagens principais.
A primeira é a possibilidade de iniciar com pouco dinheiro. A segunda é manter sempre uma produção estável de ovos, o que evita perder clientes por falta de produto.
Por que não comprar 100 pintinhas de uma vez
No início, pode parecer lógico comprar 100 pintinhas. Mas isso cria um problema futuro.
Quando todas envelhecem ao mesmo tempo, a produção cai junto, deixando o produtor sem ovos para vender. E perder fornecimento é ruim, porque o mercado exige constância.
Clientes como supermercados, padarias e donas de casa confiam no produtor que entrega sempre. No momento em que os ovos começam a faltar, a confiança vai embora, e os clientes procuram outro fornecedor.
Portanto, manter um fluxo constante é mais importante do que encher o galinheiro de uma só vez.
O cálculo das semanas
O escalonamento funciona a partir de cálculos simples. O tempo de vida produtiva de uma galinha poedeira é de 90 semanas.
Depois disso, ela come mais ração e bota cada vez menos ovos. Esse é o momento de descartar as aves.
Além dessas 90 semanas, é necessário acrescentar mais 4 semanas de vazio sanitário, período usado para desinfectar o galpão e preparar o espaço para novas frangas. O resultado é um ciclo total de 94 semanas.
Dividindo esse tempo por 4, o ideal é repor os lotes a cada 23,5 semanas.
Esse número é o coração do escalonamento, porque é ele que garante a organização entre os quatro lotes que vão manter a granja sempre com 100 aves.
O passo a passo
Na semana zero, o produtor compra o primeiro lote de 25 pintinhas. Elas crescem até 23,5 semanas, quando entram em postura. Nesse mesmo ponto, já se compra o segundo lote, também de 25 frangas.
Mais 23,5 semanas depois, é a vez do terceiro lote, e no ciclo seguinte entra o quarto lote. Ao final desse processo, o produtor já alcançou a marca de 100 galinhas, distribuídas em quatro idades diferentes.
Com essa rotação, sempre haverá um lote iniciando postura, outro no pico de produção, outro caindo e um em fase de descarte. Esse equilíbrio garante que a média diária se mantenha em torno de 65 ovos.
O momento do descarte
Descartar as aves é parte inevitável da atividade. Depois das 90 semanas, a galinha já não compensa manter. O destino mais comum é o abate para venda da carne a preços menores.
O importante é compreender que isso não é crueldade. O dever do produtor é dar uma vida digna às aves, com ração e água de qualidade, e depois utilizá-las de forma correta para a alimentação humana.
Esse descarte libera espaço no galpão para receber novas frangas, após o período de limpeza e desinfecção.
Estrutura necessária
Para trabalhar com esse modelo, o ideal é ter quatro galpões. Mas também é possível funcionar com três galpões e um viveiro. Isso acontece porque sempre três lotes estarão em postura, e apenas um estará em recria.
O viveiro serve bem para aves jovens, mas não comporta as adultas em produção. Por isso, quem escolhe essa alternativa precisa garantir que o espaço maior esteja pronto para quando as aves começarem a botar.
Por que são 65 ovos e não 100
Mesmo com 100 galinhas, a produção não chega a 100 ovos por dia. Isso porque nem todas botam ao mesmo tempo, nem todas atingem o pico da postura juntas.
A biologia não segue matemática exata.
A conta realista mostra que a média se estabiliza em torno de 65 ovos por dia, número suficiente para manter o fluxo de vendas e garantir clientes satisfeitos.
O lado comercial
O maior problema para os pequenos produtores não é produzir ovos, e sim vender. A parte técnica pode ser aprendida: como fazer ração, como manejar, qual linhagem escolher.
Mas o desafio é conquistar mercado. E o escalonamento ajuda justamente nisso, porque dá tempo para construir a clientela aos poucos.
Quando o primeiro lote começa a botar, o criador precisa de clientes para cerca de 20 ovos por dia. Mais de 20 semanas depois, precisa de clientes para 50 ovos.
Com outro ciclo, passa para 75. Assim, vai aumentando a base de compradores de forma gradual.
Esse tempo extra ajuda a identificar preferências, como a cor da casca mais procurada, e a ajustar a produção para o gosto do consumidor.
Um exemplo prático
Se alguém resolvesse comprar as 100 galinhas de uma vez, teria ovos em grande quantidade, mas também um problema enorme de escoamento. Imagine ter 200 ovos e só mercado para 100. Metade da produção ficaria encalhada.
Por outro lado, começar com 25 aves dá tempo de organizar a clientela, firmar parcerias e conhecer a demanda real antes de ampliar.
Esse ritmo é o que sustenta o negócio no longo prazo.
A constância é a chave
No fim das contas, o segredo está em nunca deixar faltar ovos. É essa regularidade que garante confiança e fideliza compradores.
Perder um cliente por falta de entrega é muito mais caro do que deixar de ganhar em uma produção maior de imediato.
O escalonamento não é apenas um cálculo de semanas. É uma estratégia de mercado.
O método do escalonamento de lotes oferece uma alternativa prática para quem deseja começar uma criação de galinhas, mas não dispõe de grande capital inicial. Ele combina planejamento técnico e visão de mercado, possibilitando construir a produção e a clientela ao mesmo tempo.
Seguindo esse modelo, é possível alcançar uma média de 65 ovos por dia, com segurança e constância. Mais do que aprender a criar, o produtor aprende a vender, o que se mostra o grande diferencial para se manter competitivo.
E, como reforçou o especialista, o conhecimento precisa ser valorizado. Profissionais estudam, investem e trazem as informações prontas. Cabe a quem recebe esse conteúdo aplicar, compartilhar e reconhecer o esforço. Afinal, o caminho da roça também exige disciplina, paciência e respeito às etapas.