O Brasil abriga diversas crateras de impacto, mas a ciência atual indica que nenhuma cratera gigante do Brasil conhecida está ligada à extinção dos dinossauros, um mistério que continua centrado em Chicxulub, no México.
A ideia de uma cratera gigante do Brasil como peça fundamental na extinção dos dinossauros, ocorrida há cerca de 66 milhões de anos, desperta grande curiosidade. O território nacional, de fato, guarda cicatrizes de violentas colisões cósmicas que ocorreram ao longo de sua vasta história geológica.
Contudo, enquanto a cratera de Chicxulub, no México, é amplamente aceita como a principal causa do evento que dizimou os dinossauros não-avianos, a análise das evidências científicas sobre as formações brasileiras, como o Domo de Vargeão, aponta para outras épocas e contextos, afastando uma ligação direta com aquela extinção em massa.
O Brasil e suas marcas de impactos cósmicos
A Terra constantemente apaga as marcas de impactos de asteroides devido à erosão e à tectônica de placas, ao contrário da Lua. Mesmo assim, o Brasil possui um registro significativo dessas colisões. Entre as principais estruturas de impacto confirmadas estão o Domo de Araguainha (MT/GO), a maior da América do Sul, Serra da Cangalha (TO), Vista Alegre (PR), o Anel de Riachão (MA) e o Domo de Vargeão (SC). Cada uma exige estudos geológicos complexos para sua confirmação e datação.
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Domo de Vargeão: uma notável cratera em Santa Catarina
O Domo de Vargeão, localizado no oeste catarinense, é um astroblema (cratera antiga e erodida) com cerca de 12 km de diâmetro. Formado sobre rochas vulcânicas da Formação Serra Geral, apresenta um relevo acentuado e estrutura interna complexa.
Sua origem por impacto meteorítico é confirmada por cones de estilhaçamento (fraturas cônicas visíveis a olho nu), feições de deformação planar (PDFs) em grãos de quartzo (evidência microscópica de choque extremo) e brechas de impacto. Pesquisas estimam a idade do impacto em aproximadamente 110 milhões de anos, no período Cretáceo.
Extinção dos dinossauros: o papel da cratera de Chicxulub
O evento de extinção em massa do Cretáceo-Paleogeno (K-Pg), há 66 milhões de anos, eliminou cerca de 75% das espécies do planeta, incluindo os dinossauros não-avianos. O consenso científico atribui essa catástrofe ao impacto de um grande asteroide que formou a cratera de Chicxulub, na Península de Yucatán, México.
Esta cratera, com 180 a 200 km de diâmetro, tem sua idade precisamente datada em 66,043 milhões de anos, coincidindo com a camada de irídio (elemento raro na Terra, comum em meteoritos) encontrada globalmente na fronteira K-Pg. Os efeitos do impacto, como megatsunamis, incêndios globais e um “inverno de impacto” prolongado, causaram o colapso das cadeias alimentares.
Nenhuma cratera gigante do Brasil ligada ao fim dos dinossauros, dizem estudos
Ao comparar as idades estimadas das crateras brasileiras com o evento K-Pg (~66 Ma), a ligação direta se torna improvável.
- Domo de Vargeão: ~110 Ma ou <134 Ma, significativamente mais antigo.
- Araguainha: ~254.7 Ma, relacionada à extinção Permiano-Triássica.
- Serra da Cangalha: ~220 Ma (Triássico).
- Vista Alegre: ~115 Ma ou <65 Ma (se <65 Ma, seria posterior ao K-Pg).
- Anel de Riachão: <200 Ma, sem datação precisa próxima a 66 Ma.
Com base nas evidências atuais, não há suporte científico para afirmar que alguma cratera gigante do Brasil conhecida seja a “chave” para a extinção dos dinossauros.
A importância científica das crateras brasileiras
Embora não conectadas à extinção K-Pg, as crateras brasileiras têm grande valor científico. O Domo de Vargeão e Vista Alegre, formados em basalto, são raros análogos terrestres para estudos de craterização em outros planetas. Araguainha é crucial para entender a maior extinção em massa da Terra, a do Permiano-Triássico, com teorias sugerindo que o impacto pode ter liberado metano, exacerbando mudanças climáticas.
A pesquisa geológica continua, e futuras descobertas podem revelar novas estruturas ou refinar datações. Independentemente disso, as crateras já conhecidas no Brasil contam uma fascinante história de colisões cósmicas e suas consequências para o planeta.