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Correia banhada a óleo do Onix não é mais vilã? GM muda composição e garante 240 mil km de vida útil

Escrito por Ana Alice
Publicado em 14/08/2025 às 19:00
Chevrolet Onix 2026 recebe nova correia banhada a óleo com garantia de 240 mil km e resistência a entupimentos, mesmo com óleo inadequado.
Chevrolet Onix 2026 recebe nova correia banhada a óleo com garantia de 240 mil km e resistência a entupimentos, mesmo com óleo inadequado.
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Chevrolet altera composição da correia banhada a óleo do Onix 2026, amplia garantia para 240 mil km e promete eliminar problemas de entupimento, mesmo com uso de óleo inadequado. Mudança vale também para modelos fabricados desde 2020.

A Chevrolet reformulou a correia banhada a óleo da linha Onix 2026 e afirma que o componente agora suporta 240.000 km de uso, alinhando a garantia ao intervalo de troca indicado no manual.

A mudança de engenharia mira um problema recorrente: o risco de entupimento do sistema de lubrificação quando se usa um lubrificante fora da especificação, situação que, no projeto anterior, podia levar à falha do motor.

As informações foram publicadas originalmente pela revista Quatro Rodas, que testou o modelo e detalhou as mudanças.

O que mudou na peça do Onix 2026

O componente permanece construído em borracha sintética, porém ganhou reforço com mais fibra de vidro e mantém o revestimento de teflon.

Segundo a General Motors, a nova arquitetura impede que fragmentos gerados pelo envelhecimento do material se aglomerem a ponto de bloquear passagens de óleo, mesmo que um óleo inadequado seja aplicado.

Chevrolet Onix 2026 estreia com facelift, motor turbo atualizado, mais tecnologia, novo acabamento e mantém preço competitivo no mercado brasileiro.
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A premissa técnica é reduzir a massa e o tamanho das partículas, evitando que cheguem a dutos, à bomba de óleo ou ao pescador do cárter.

Além de atuar na origem do problema, a correia redesenhada tenta evitar efeitos em cascata. Em projetos anteriores, a borracha ressecada podia se desprender e circular junto ao lubrificante.

Quando isso ocorria, havia queda de vazão em pontos críticos do motor. Na prática, a luz de óleo acendia; se o alerta fosse ignorado, havia risco real de fusão do conjunto em poucos quilômetros, exigindo posteriormente retífica.

Por que usar o óleo errado agrava o risco

O uso de um lubrificante que não atende à especificação do fabricante segue como fator determinante para a ocorrência do problema.

Não basta escolher pela viscosidade.

É necessário observar a norma SAE correspondente e, sobretudo, as aprovações do fabricante. Para a linha Chevrolet, a exigência permanece clara: o óleo deve ter o selo Dexos 1 Gen 2 ou superior.

Essa certificação reúne requisitos de desempenho que vão além da viscosidade e contemplam resistência à oxidação, compatibilidade com materiais e controle de depósitos, entre outros pontos associados à durabilidade da correia e do motor.

Em condições de oficina, no entanto, há casos em que a opção pelo produto mais barato prevalece e a escolha se limita à viscosidade gravada no rótulo.

A prática era comum em motores mais antigos, quando as tolerâncias e materiais admitiam variação maior. Hoje, com a integração da correia ao circuito de óleo, o sistema se tornou mais sensível a desvios.

O que disse a engenharia da GM

A GM explica que o reforço com tecido ao longo de toda a extensão da peça altera o comportamento em eventual degradação.

Nas palavras de Keyvan Shabani, gerente de engenharia da General Motors, “como existe agora esse tecido em toda a extensão da correia, caso o lubrificante seja inadequado e ela esfarelar, as partículas de tecido não serão grossas o suficiente para causar qualquer entupimento, mas o uso do óleo lubrificante equivocado sempre terá consequências para o bom funcionamento do motor”.

A declaração preserva um ponto central: a nova correia eleva a tolerância ao erro, porém não elimina os efeitos colaterais de uma manutenção fora de norma.

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Consequências que vão além do motor

Os vestígios da correia antiga também podiam alcançar a bomba de vácuo do freio, componente arrefecido pelo próprio óleo.

Quando esse fluxo era comprometido, o conjunto superaquece e pode queimar. Sem a bomba, o sistema perde a assistência do servofreio, deixando o pedal mais pesado e aumentando a distância de frenagem.

A atualização do material pretende igualmente mitigar esse tipo de desdobramento.

Garantia estendida e alinhada ao plano de manutenção

Desde novembro de 2024, a correia dentada banhada a óleo passou a contar com garantia de 240.000 km, o mesmo patamar indicado para sua substituição.

A política vale de forma retroativa para Onix, Onix Plus, Tracker e Montana produzidos a partir de 2020, equipados com os motores 1.0 aspirado e turbo e 1.2 turbo.

A cobertura independe da idade do veículo e é transferível em caso de venda, acompanhando o histórico do carro.

Até então, a correia seguia a garantia do motor: três anos. Para pessoa física, esse período não tinha limite de quilometragem; para pessoa jurídica ou uso comercial, valia o teto de 100.000 km.

Ao elevar o horizonte para 240.000 km e aplicá-lo também ao estoque circulante, a fabricante busca reforçar a confiança no sistema e padronizar a política com o intervalo de troca já previsto no manual.

O impacto prático para o proprietário

Na rotina, a atualização muda menos a forma de manter o carro e mais a tolerância do sistema a deslizes de especificação.

O procedimento recomendado permanece o mesmo: observar a aprovação Dexos 1 Gen 2 (ou superior) e respeitar prazos de revisão.

Chevrolet vai lançar nova correia banhada a óleo nos modelos 2026. (Imagem: reprodução)
Chevrolet vai lançar nova correia banhada a óleo nos modelos 2026. (Imagem: reprodução)

Em caso de acendimento da luz de óleo, a orientação implícita é não seguir viagem, já que o sintoma indica perda de lubrificação em regiões sensíveis do motor.

A nova correia reduz a chance de que um erro de óleo cause entupimentos; contudo, não elimina os demais efeitos de um produto inadequado, como aumento de desgaste e alteração no comportamento térmico do lubrificante.

O que muda para oficinas e consumidores

Para as redes de serviço, a alteração demanda atenção ao estoque de lubrificantes e à comunicação com o cliente.

A especificação correta não é apenas um detalhe técnico: faz parte do desenho do conjunto mecânico. Em contrapartida, a garantia de 240.000 km cria um parâmetro claro de desempenho.

Oficinas independentes e concessionárias passam a trabalhar com uma referência única, ligada tanto à vida útil da correia quanto à cobertura de fábrica.

Do lado do consumidor, a mudança reduz o temor de que a correia banhada a óleo seja um “ponto fraco” do carro.

Em veículos sujeitos a altas quilometragens anuais, como no uso corporativo, a padronização da cobertura ajuda a prever custos de manutenção e a definir janelas de substituição com base em critérios técnicos, não em percepções isoladas.

Experiências em uso prolongado

Em testes de Longa Duração relatados pela Quatro Rodas, dois modelos equipados com correia banhada a óleo foram completamente desmontados após rodagem extensa e, segundo a publicação, não apresentaram falhas relacionadas ao componente.

Um Ford Ka 1.0, avaliado por 60.000 km, e um Chevrolet Onix Plus 2019, por 100.000 km, seguiram o plano de revisões das respectivas fabricantes, com serviços realizados em concessionárias na periodicidade correta.

Os resultados indicam que, quando se respeitam especificações e prazos, o sistema cumpre o que promete.

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Ana Alice

Redatora e analista de conteúdo. Escreve para o site Click Petróleo e Gás (CPG) desde 2024 e é especialista em criar textos sobre temas diversos como economia, empregos e forças armadas.

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