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Conta de luz dispara e vira a nova vilã do bolso do brasileiro: inflação “invisível” avança e faz famílias sentirem aumento mesmo com preços estáveis nos mercados

Escrito por Valdemar Medeiros
Publicado em 16/10/2025 às 14:59
Conta de luz dispara e vira a nova vilã do bolso do brasileiro: inflação “invisível” avança e faz famílias sentirem aumento mesmo com preços estáveis nos mercados
Foto: Conta de luz dispara e vira a nova vilã do bolso do brasileiro: inflação “invisível” avança e faz famílias sentirem aumento mesmo com preços estáveis nos mercados
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Conta de luz dispara e puxa inflação “invisível” no Brasil, pressionando o orçamento das famílias e corroendo o poder de compra em 2025.

Mesmo com o preço dos alimentos registrando queda em parte das capitais, o brasileiro voltou a sentir o peso da inflação no bolso. O motivo, segundo dados oficiais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), está longe das prateleiras do supermercado: a conta de luz. Em setembro de 2025, o item energia elétrica foi um dos principais responsáveis pela alta de 0,48% no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), marcando uma nova etapa da chamada “inflação invisível”, aquela que não aparece de imediato, mas que corrói silenciosamente o poder de compra.

A energia virou o novo ‘vilão’ da inflação

De acordo com o IBGE, as tarifas de eletricidade residencial subiram mais de 2% em setembro, refletindo reajustes recentes em diversas concessionárias, especialmente nas regiões Sudeste e Nordeste.

A alta veio após o fim de subsídios temporários e aumentos autorizados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que justificou a medida por causa dos custos maiores com geração e transmissão.

Esses reajustes afetaram diretamente o orçamento das famílias. Segundo levantamento do Metrópoles e dados da Aneel, o gasto médio mensal com energia já representa até 8% da renda das classes C e, e em alguns estados do Norte, o impacto chega a 12%. O resultado é uma sensação de perda de controle sobre as despesas domésticas, mesmo quando outros preços parecem estáveis.

“Inflação invisível” que o brasileiro sente sem perceber

Economistas chamam esse fenômeno de “inflação invisível”. Ela acontece quando o custo de serviços essenciais — como luz, gás, transporte e aluguel — sobe mais rápido que a média geral dos preços. Ou seja, mesmo que o supermercado pareça mais barato, a soma das despesas fixas consome cada vez mais a renda.

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Para o economista André Perfeito, essa é uma armadilha típica dos períodos de transição monetária: “Quando o governo consegue conter o preço dos alimentos, os serviços essenciais acabam puxando a inflação por outro lado. O consumidor sente a diferença no bolso, mas não entende por que o salário não rende mais”.

Impacto maior nas famílias de baixa renda

Os dados do IBGE reforçam que o aumento da conta de luz pesa especialmente sobre os lares de baixa renda, onde a energia elétrica representa uma fatia maior do orçamento.

Segundo o instituto, enquanto famílias de alta renda destinam cerca de 2,5% de seus gastos à energia, entre os mais pobres essa fatia é três vezes maior.

Além disso, o aumento nas tarifas vem acompanhado de uma sequência de reajustes em serviços como transporte público e gás de cozinha, o que amplia o efeito dominó da inflação sobre os mais vulneráveis. O resultado é a redução do consumo, especialmente de produtos não essenciais, e um freio temporário na economia.

Reajustes acumulados e efeito em cadeia

Desde o início de 2025, as distribuidoras de energia já haviam solicitado revisões tarifárias superiores a 8%, principalmente em estados como São Paulo, Minas Gerais e Pernambuco.

As causas são múltiplas: aumento do custo de manutenção das redes, repasses de encargos setoriais e a compensação por perdas financeiras durante o período de crise hídrica em 2024.

Com isso, a inflação de energia elétrica no acumulado dos últimos 12 meses ultrapassa 10%, enquanto o IPCA geral gira em torno de 4,7%. Ou seja, a conta de luz sobe mais do que o dobro da média dos preços no país.

Famílias mudam hábitos para conter gastos

Diante dos aumentos, muitos brasileiros têm adotado medidas de economia doméstica. Segundo pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI), mais de 60% das famílias declararam ter reduzido o uso de eletrodomésticos, como ferro elétrico, chuveiro e máquina de lavar, para tentar conter os gastos.

Além disso, cresce a busca por fontes alternativas de energia, como sistemas solares residenciais que tiveram alta de 25% em novas instalações no último ano, segundo a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar).

O peso sobre o consumo e a economia

O impacto da energia nas contas familiares vai além do orçamento doméstico: ele afeta o consumo em toda a cadeia produtiva. Comércio, indústrias e prestadores de serviço também sofrem com o aumento dos custos, o que pode gerar repasses de preços em outros produtos nos próximos meses.

O Banco Central já monitora o efeito dessa “inflação de serviços” sobre as expectativas de mercado. Analistas ouvidos pelo boletim Focus preveem que o IPCA encerre 2025 acima da meta de 3%, justamente por causa do impacto de tarifas públicas.

Embora o governo afirme que o ciclo de alta da inflação está sob controle, especialistas apontam que as tarifas de energia e transporte continuarão pressionando os índices até o fim do ano. Segundo a Fundação Getulio Vargas (FGV), somente uma redução estrutural nos custos de geração — especialmente com fontes renováveis — pode aliviar o peso das contas nos próximos anos.

Enquanto isso, o brasileiro segue buscando alternativas para não ver o salário evaporar. A inflação pode até estar tecnicamente sob controle, mas o custo de vida, para quem depende de luz, transporte e aluguel, continua subindo em silêncio.

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Valdemar Medeiros

Formado em Jornalismo e Marketing, é autor de mais de 20 mil artigos que já alcançaram milhões de leitores no Brasil e no exterior. Já escreveu para marcas e veículos como 99, Natura, O Boticário, CPG – Click Petróleo e Gás, Agência Raccon e outros. Especialista em Indústria Automotiva, Tecnologia, Carreiras (empregabilidade e cursos), Economia e outros temas. Contato e sugestões de pauta: valdemarmedeiros4@gmail.com. Não aceitamos currículos!

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