A obra de construção do túnel orçada em R$ 531 milhões, foi suspensa pela Justiça devido a questionamentos ambientais e sociais. O projeto envolve a remoção de 172 árvores e o deslocamento de 150 famílias.
A construção do túnel que interligará a Rua Sena Madureira à Avenida Ricardo Jafet, na Zona Sul de São Paulo, está envolta em uma série de questionamentos ambientais e sociais.
Em meio a protestos e ações judiciais, a Justiça de São Paulo ordenou a paralisação das obras na quarta-feira (13), atendendo a uma ação civil pública movida pelo Ministério Público de São Paulo (MP-SP).
A suspensão permanece até a conclusão de uma perícia, que deverá avaliar os danos ambientais e verificar possíveis irregularidades técnicas no licenciamento.
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O projeto não só envolve um investimento bilionário, mas também exige medidas compensatórias de alto custo.
Investigação sobre danos e custos ambientais
A decisão da 2ª Vara da Fazenda Pública inclui a determinação de multa diária de R$ 50 mil caso as atividades continuem e R$ 100 mil para cada árvore removida, uma penalidade elevada para uma obra que prevê o corte de 172 árvores, sendo 78 delas nativas.
Este projeto de grande impacto ambiental está localizado em uma Zona Especial de Proteção Ambiental (ZEPAM), área reconhecida pela sua importância ecológica.
Para os peritos nomeados pela Justiça, o desafio será avaliar se é possível dar continuidade ao projeto sem comprometer ainda mais o ecossistema local e se o processo de licenciamento ambiental foi conduzido de forma adequada.
Em resposta, a Procuradoria Geral do Município ainda não foi notificada oficialmente, mas já adiantou que tomará as providências cabíveis.
O consórcio responsável pela obra, liderado pela Álya Construtora (antiga Queiroz Galvão), preferiu não se manifestar até o momento.
Investimento bilionário e transparência em debate
Iniciado há mais de uma década e estimado inicialmente em cerca de R$ 220 milhões, o projeto do túnel passou a um custo atual de R$ 531 milhões.
Este aumento se deve a aditivos contratuais e à supervisão contínua, além de adequações para mitigação dos impactos ambientais e sociais.
A obra foi retomada recentemente pelo prefeito Ricardo Nunes, sendo marcada por polêmicas quanto à escolha da mesma construtora, envolvida em denúncias de corrupção em projetos anteriores.
Além disso, para atender às exigências legais e diminuir os impactos ambientais, a obra já consumiu R$ 34 milhões em supervisão.
Organizações ambientais e urbanistas questionam a falta de transparência, especialmente quanto aos critérios para escolha da empresa e para os planos de compensação ambiental.
Por outro lado, autoridades municipais defendem a obra como uma necessidade para melhorar o trânsito e a mobilidade urbana na região.
Desalojamento de moradores e impacto social
A remoção de árvores não é o único fator que causa tensão na comunidade local. Cerca de 150 famílias, que residem nas comunidades Souza Ramos e Luiz Alves há décadas, estão sendo deslocadas para a viabilização da obra.
Estes moradores vivem no local desde 1945, e a área onde estão situadas é uma Zona Especial de Interesse Social (ZEIS).
Apesar de a Prefeitura ter prometido alternativas de indenização ou realocação, os detalhes ainda não foram divulgados, e os moradores relatam incertezas quanto ao futuro.
A insatisfação também vem de parte de ambientalistas e de movimentos de bairro, que organizam protestos e defendem que o projeto deveria respeitar mais o meio ambiente e o direito das comunidades locais.
Além da remoção das árvores, a obra está afetando o Córrego Embuaçu, um dos últimos cursos d’água a céu aberto de São Paulo, com risco de contaminação do solo e perda de biodiversidade na área.
Polêmica e discussões sobre o futuro da obra
A construção do túnel entre a Rua Sena Madureira e a Avenida Ricardo Jafet permanece em suspenso, mas as discussões a seu respeito estão longe de terminar.
Especialistas dividem-se sobre a necessidade de tal obra.
Enquanto alguns engenheiros e urbanistas apoiam a expansão para solucionar problemas de trânsito, outros consideram que os impactos sociais e ambientais superam os benefícios.
Segundo ambientalistas, o projeto compromete o futuro do corredor ecológico, e a Prefeitura precisa oferecer maior transparência e dialogar com a população para mitigar as consequências.
A pressão sobre o governo municipal para se comprometer com soluções sustentáveis e justas cresce à medida que mais questionamentos sobre o projeto surgem.
Com um investimento de mais de meio bilhão de reais, o túnel reflete um dilema entre o desenvolvimento urbano e a conservação ambiental.
O que você pensa sobre o impacto dessas obras de grande porte? Até que ponto a mobilidade urbana justifica as mudanças no meio ambiente e na vida das pessoas?