Pesquisa da Falconi mostra como construtoras lidam com falta de profissionais, custos crescentes e buscam eficiência com tecnologia, gestão de custos e treinamento.
O setor da construção civil enfrenta um cenário desafiador marcado pela escassez de profissionais qualificados, custos elevados e pressão por eficiência. A mais recente edição do “Termômetro Falconi da Construção Civil”, realizada pela Falconi em parceria com o Ecossistema Sienge, revela como as empresas estão reagindo com foco em tecnologia, inteligência artificial (IA) e gestão estratégica.
Estagnação e desafios do setor
Segundo o levantamento, seis em cada dez executivos do segmento avaliam que a área vive uma fase de estagnação, que deve se manter nos próximos meses. Essa percepção decorre de fatores como a dificuldade em atrair e reter mão de obra qualificada e o alto custo do dinheiro para financiar obras.
Entre os obstáculos de 2025, a falta de mão de obra aparece em primeiro lugar, citada por 71% dos entrevistados. Em 2023, esse índice era de 52%. As altas taxas de juros surgem em segundo lugar (48%), seguidas pelo custo de materiais e serviços (37%) e pela demanda de mercado (36%). No estudo anterior, a demanda liderava a lista, com 63%.
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Para André Chaves, vice-presidente da unidade de negócios da Falconi especializada em Indústria de Base e Bens de Capital, a carência de profissionais qualificados atrasa a transformação do setor. “É inegável que a dificuldade em atrair e reter mão de obra qualificada atrasa a transformação do setor”, afirmou.
Caminhos adotados pelas empresas
Diante das dificuldades, as construtoras e incorporadoras buscam soluções imediatas. A maioria dos respondentes destacou como prioridade os investimentos em gestão de custos das obras (74%), o treinamento e a qualificação da mão de obra (57%) e o fortalecimento de marca (43%).
Na edição de 2023, o foco era diferente: concluir projetos dentro do prazo (66%), melhorar a experiência do cliente (44%) e investir em industrialização (41%). Essa mudança de prioridades mostra uma adaptação às novas pressões do mercado, principalmente em relação à eficiência operacional.
Avanço da tecnologia e da IA
Um ponto de destaque do estudo é o salto na adoção de tecnologias baseadas em IA. Em 2023, apenas 15% das empresas utilizavam essas ferramentas. Em 2025, o número mais que dobrou, alcançando 38%.
Além da IA, outras soluções tecnológicas se consolidam, como o uso do BIM (55%), CRM (43%) e Lean Construction (41%). Ainda assim, a confiança em mudanças estruturais para o setor caiu. Apenas 20,8% acreditam em transformações significativas nos próximos cinco anos, contra 37% em 2023.
Para Chaves, o risco está em adotar ferramentas sem maturidade de gestão. “Mais do que buscar a inovação pela inovação, temos que entender quais problemas são prioritários para serem resolvidos, definir as soluções mais adequadas (com e sem tecnologia), estabelecer padrões robustos de execução, criar rotinas de monitoramento e alinhar objetivos entre obra e matriz”, avaliou.
Ele alertou ainda que, sem treinamento adequado, as empresas podem subutilizar soluções digitais. “Sem ações de capacitação, as empresas correm o risco de não conseguir implementá-las de forma efetiva”, afirmou.
Perfil da pesquisa e sobre a Falconi
O “Termômetro Falconi da Construção Civil” contou com a participação de 120 executivos do setor, dos quais 35% ocupam cargos de CEO, proprietários ou diretores. As entrevistas foram realizadas entre 2 de junho e 10 de julho.
A Falconi, responsável pelo levantamento, é a maior consultoria brasileira de gestão empresarial. Fundada em 1984, atua em mais de 50 setores da economia, com presença em 42 países e mais de 10.000 projetos em seu portfólio.
A consultoria se destaca pela atuação em diferentes níveis de gestão: no estratégico (modelo de negócios e estrutura organizacional), no tático (implementação de processos e metas) e no operacional (monitoramento de operações). Reconhecida como líder na América Latina, a empresa também mantém operações nos Estados Unidos, com sede em Chicago, onde registra crescimento de dois dígitos ao ano.