Acidente com o Boeing 787-8 no voo AI171 da Air India ocorreu hoje logo após decolar para Londres; mais de 240 pessoas estavam a bordo, incluindo cidadãos indianos, britânicos, portugueses e canadenses
O Boeing 787 Dreamliner, uma das aeronaves comerciais mais avançadas do mundo, sofreu seu mais grave acidente desde que foi lançado comercialmente, em 2011. O voo AI171 da Air India, que partiu de Ahmedabad com destino a Londres, caiu poucos segundos após a decolagem, no início da tarde de 12 de junho de 2025, provocando uma tragédia de grandes proporções na maior cidade do estado de Gujarat, na Índia.
Com 242 passageiros e tripulantes a bordo, a aeronave perdeu altitude logo após emitir um mayday, atingindo prédios residenciais e o campus de uma universidade médica local. As causas do acidente ainda estão sendo apuradas pelas autoridades indianas, mas as primeiras informações apontam para uma falha catastrófica durante a fase inicial do voo. Este episódio reacende o alerta global sobre a segurança e os desafios operacionais do Boeing 787.
Conheça o avião envolvido no acidente: o avançado Boeing 787 Dreamliner
O Boeing 787-8, versão envolvida na tragédia na Índia, é uma aeronave bimotor widebody de longo alcance desenvolvida para revolucionar a aviação com eficiência energética, leveza e conforto. Lançado em 2007 e introduzido comercialmente em 2011, o Dreamliner se destacou por ser a primeira aeronave da Boeing construída majoritariamente em materiais compósitos, o que reduziu significativamente seu peso e aumentou sua economia de combustível.
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Com capacidade para transportar entre 242 a 296 passageiros, dependendo da configuração interna, o 787-8 pode voar até 13.600 quilômetros sem escalas, o suficiente para rotas intercontinentais entre Ásia e Europa. A aeronave acidentada tinha como destino o Aeroporto de Gatwick, em Londres, partindo do Aeroporto Internacional Sardar Vallabhbhai Patel, em Ahmedabad.
O modelo é equipado com motores General Electric GEnx ou Rolls-Royce Trent 1000, ambos com alto desempenho e eficiência. No caso do AI171, a companhia ainda não confirmou publicamente qual motor estava instalado, mas ambos passaram por diversas revisões ao longo dos anos após incidentes relacionados a superaquecimento e falhas estruturais.
Emergência logo após a decolagem e queda devastadora
O desastre começou às 13h39 no horário local. Minutos após sair da pista, a tripulação do Boeing 787 da Air India emitiu um mayday, o alerta máximo de emergência na aviação. Poucos instantes depois, o avião caiu fora do perímetro do aeroporto, atingindo a residência estudantil da universidade médica BJ Medical College UG, onde dezenas de pessoas estavam almoçando no momento do impacto.
Segundo o Ministério da Saúde da Índia, o acidente causou a morte imediata de dezenas de pessoas, tanto dentro da aeronave quanto nos edifícios atingidos. Fontes locais informaram à Reuters que pelo menos 30 corpos foram retirados dos escombros, com outros feridos em estado grave. O número total de vítimas ainda está sendo atualizado.
Entre os passageiros estavam 169 cidadãos indianos, 53 britânicos, sete portugueses e um canadense. A Air India confirmou que o avião transportava dois pilotos experientes e dez comissários de bordo. O comandante Sumeed Sabharwall, com 8.200 horas de voo, e o copiloto Clive Fundar, com 1.100 horas, estavam no comando.
Histórico do Boeing 787: inovação marcada por incidentes
Embora seja um marco tecnológico da aviação, o Boeing 787 não esteve livre de problemas. Desde seu lançamento, enfrentou vários atrasos de produção, críticas por excesso de terceirização e falhas técnicas — especialmente com as baterias de íon-lítio, que chegaram a causar incêndios a bordo em 2013 e forçaram a suspensão global das operações da frota por três meses.
O modelo também passou por diversas atualizações de software e reforços estruturais para garantir sua confiabilidade. Ainda assim, incidentes continuam sendo registrados. No Brasil, por exemplo, um Boeing 787-9 da Air Canada foi recentemente escoltado por bombeiros no Aeroporto de Guarulhos após o piloto declarar um “PAN PAN”, sinal de urgência operacional.
Apesar desses episódios, o Dreamliner continua sendo utilizado por dezenas de companhias ao redor do mundo por sua eficiência e alcance. Até hoje, mais de 1.100 unidades foram entregues, e o avião acumula milhões de horas de voo.
Investigação em andamento e como a Boeing está reagindo
Após o acidente, a Direção-Geral de Aviação Civil da Índia (DGCA) iniciou uma investigação detalhada. A análise preliminar do gravador de voz e dos dados de voo será crucial para determinar a causa da tragédia. A Air India está prestando assistência às famílias das vítimas e criou uma linha direta para informações.
A Boeing divulgou uma nota informando que acompanha de perto o caso e coopera com as autoridades indianas. O fabricante norte-americano ainda não emitiu recomendação sobre o uso do modelo 787 pelas demais companhias, mas especialistas já pedem uma reavaliação dos protocolos de segurança do Dreamliner.
O episódio também reacende discussões sobre a dependência crescente de softwares e sistemas elétricos complexos nas aeronaves modernas. O Boeing 787 é considerado um “avião digital”, com sistemas altamente integrados, incluindo fly-by-wire, degelo elétrico e pressurização automatizada — elementos que, se falharem, podem comprometer o controle da aeronave.
O impacto da tragédia na aviação global e no legado do Dreamliner
Este acidente pode representar um divisor de águas na história do Boeing 787, que até então mantinha um histórico relativamente seguro, apesar dos percalços técnicos. Com dezenas de mortos e a aeronave totalmente destruída, autoridades internacionais já acompanham o caso com atenção, incluindo a FAA (EUA) e a EASA (Europa).
Além disso, o desastre em Ahmedabad lança um alerta para o setor aéreo da Ásia, região que vem experimentando um aumento expressivo no volume de voos de longa distância. A confiabilidade das aeronaves que operam nessas rotas é essencial para garantir a segurança de milhões de passageiros todos os anos.
Em meio ao luto e às investigações, o mundo aguarda respostas. A confiança no modelo pode ser abalada caso sejam descobertas falhas sistêmicas ou negligências operacionais. Para a Air India, o episódio é um golpe duro em sua reputação, justo no momento em que tenta se modernizar e competir no mercado internacional.