A greve nacional de março de 2025 somada à entrada de novos apps obrigou gigantes como iFood, 99Food e Rappi a aumentar a remuneração mínima dos entregadores, mudando a lógica da “guerra do delivery” no Brasil.
O iFood, líder do mercado brasileiro de entregas, e concorrentes como 99Food, Rappi e a recém-chegada Keeta foram obrigados a rever suas políticas de remuneração em 2025. O ponto de virada foi a greve nacional de março, que expôs a insatisfação de milhares de motociclistas e ciclistas e abriu espaço para reivindicações históricas da categoria.
A movimentação coincidiu com a intensificação da concorrência no setor. Novos aplicativos entraram em operação e aumentaram a pressão sobre as plataformas tradicionais, que passaram a disputar não apenas restaurantes e clientes, mas também os próprios entregadores — levando a aumentos de até 50% nos ganhos médios.
99Food cria metas mínimas e eleva ganhos em até 50%
A 99Food foi uma das empresas que mais alteraram sua estratégia. Em Goiânia, a companhia passou a garantir R$ 250 por 20 entregas diárias, desde que cinco sejam de comida. Em São Paulo, o valor mínimo chegou a R$ 400 para 15 entregas, todas de alimentação.
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Segundo a própria 99Food, essas medidas significaram aumento de 50% na renda de motociclistas. Além disso, a empresa anunciou R$ 50 milhões de investimento em pontos de apoio e um programa de indicação que paga R$ 1.500 por novo entregador, ampliando sua base de mais de 700 mil cadastrados.
Rappi amplia valor por quilômetro e aumenta produtividade
Em junho de 2025, a Rappi reajustou o pagamento mínimo por entrega curta (até 4 km) de R$ 7 para R$ 10, com adicional de R$ 1,60 por quilômetro extra. O CEO Felipe Criniti declarou que a medida gerou 40% mais conectividade — ou seja, entregadores passaram a ficar mais tempo produtivo — e aumentou em 30% a base de trabalhadores ativos na plataforma.
Esse modelo visa reduzir a rotatividade, uma das principais queixas da empresa nos últimos anos. O reajuste fortaleceu a posição da Rappi em grandes capitais, onde a concorrência é mais acirrada.
iFood reajusta valores e reforça benefícios
O iFood, com mais de 450 mil entregadores ativos, também cedeu à pressão. Em junho, aumentou o valor mínimo por pedido de R$ 6,50 para R$ 7 em bicicletas e de R$ 7,50 em motos, além de pagar R$ 1,50 por quilômetro rodado e R$ 3 adicionais por entrega extra na mesma rota. O ganho médio por rota subiu para cerca de R$ 11.
De acordo com a plataforma, um entregador que trabalha quatro horas por dia pode alcançar R$ 2,5 mil por mês em rendimento bruto. O iFood também reforçou a oferta de seguro contra acidentes, cobertura em caso de roubo e bônus de até 30% em programas de incentivo.
Keeta estreia com promessa de rotas inteligentes
A Keeta, prevista para estrear em São Paulo ainda em 2025, chega ao mercado com ênfase em tecnologia. A empresa já tem 120 mil entregadores cadastrados e promete aplicar no Brasil um modelo inspirado na operação chinesa de sua matriz.
Segundo o CEO Tony Qiu, o sistema é capaz de processar até 2,9 bilhões de rotas por hora em horários de pico, com algoritmos de otimização que podem reduzir tempo de entrega e aumentar ganhos. A expectativa é que a entrada da Keeta pressione ainda mais o setor.
A nova lógica da guerra do delivery
Historicamente, a disputa entre aplicativos de entrega se concentrava em taxas para restaurantes e descontos para consumidores. Agora, a mobilização da categoria e a entrada de novos players forçaram uma mudança de eixo: os entregadores se tornaram o foco da concorrência.
Pela primeira vez, a pressão combinada de mercado e mobilização social resultou em aumentos expressivos na remuneração mínima, sinalizando que a relação entre aplicativos e trabalhadores pode estar entrando em uma nova fase no Brasil.
E você, acredita que os reajustes feitos por iFood, 99Food, Rappi e Keeta realmente mudam a vida dos entregadores ou são apenas medidas temporárias? Já percebeu diferença no serviço desde a greve? Deixe sua opinião nos comentários — queremos ouvir quem vive essa realidade de perto.