1. Início
  2. / Economia
  3. / Comprou fora do Remessa Conforme? Receita Federal aperta o cerco e já aplica multas em produtos da Shopee e AliExpress com valor declarado incorreto
Tempo de leitura 4 min de leitura Comentários 0 comentários

Comprou fora do Remessa Conforme? Receita Federal aperta o cerco e já aplica multas em produtos da Shopee e AliExpress com valor declarado incorreto

Escrito por Valdemar Medeiros
Publicado em 13/10/2025 às 14:17
Comprou fora do Remessa Conforme? Receita Federal aperta o cerco e já aplica multas em produtos da Shopee e AliExpress com valor declarado incorreto
Foto: Comprou fora do Remessa Conforme? Receita Federal aperta o cerco e já aplica multas em produtos da Shopee e AliExpress com valor declarado incorreto
Seja o primeiro a reagir!
Reagir ao artigo

Comprou fora do Remessa Conforme? Receita Federal aperta o cerco e já aplica multas em produtos da Shopee e AliExpress com valor declarado incorreto

A Receita Federal iniciou uma nova fase de fiscalização sobre compras internacionais realizadas em sites populares como Shopee, AliExpress, Shein e Temu. Desde o segundo semestre de 2024, o órgão vem aplicando multas em encomendas que chegam ao Brasil fora do programa Remessa Conforme ou com valores declarados incorretamente. A medida reforça o compromisso da Receita em combater subfaturamento e irregularidades nas importações, prática que cresceu de forma expressiva com o avanço do comércio eletrônico internacional.

Receita intensifica fiscalização sobre compras internacionais

O endurecimento da fiscalização se apoia em novas diretrizes técnicas implantadas após a regulamentação da Instrução Normativa RFB nº 2.146/2024. Essa norma define que todas as remessas internacionais com valor declarado incorreto podem ser tributadas e multadas, mesmo que o produto tenha sido comprado por pessoas físicas em plataformas estrangeiras.

Segundo a Receita, as empresas cadastradas no programa Remessa Conforme — que atualmente inclui AliExpress, Shein, Shopee, Amazon e outras são obrigadas a declarar com exatidão o valor real da mercadoria, o imposto devido e a origem do produto.

No entanto, muitas encomendas seguem sendo enviadas por vendedores que não estão dentro do programa ou declaram valores menores do que os reais, o que configura infração fiscal.

Em nota, o órgão informou que “toda remessa internacional está sujeita à conferência aduaneira e, quando constatado valor divergente ou omissão de informações, aplica-se multa de até 100% sobre o imposto devido”.

Ou seja, o consumidor pode ter o produto retido, tributado em dobro e ainda multado por irregularidades no processo de importação.

Como funciona o programa Remessa Conforme

Criado em agosto de 2023, o Remessa Conforme é um sistema voluntário que visa agilizar o desembaraço de compras internacionais de pequeno valor (até US$ 50) para pessoas físicas. As empresas que aderem ao programa pagam antecipadamente os impostos e enviam dados eletrônicos das encomendas, permitindo à Receita Federal liberar os produtos com mais rapidez.

Para os consumidores, a principal vantagem é a isenção de imposto de importação até US$ 50, desde que a loja esteja devidamente cadastrada.

Fora desse programa, as compras são tributadas em 60% sobre o valor total (produto + frete) e podem ter demora superior a 30 dias para liberação, especialmente quando há inconsistência nas informações da fatura.

Multas já estão sendo aplicadas

De acordo com dados divulgados pela Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm), a Receita Federal aumentou em mais de 40% o número de fiscalizações de remessas internacionais entre 2024 e 2025.

Casos recentes mostram consumidores que tiveram mercadorias retidas nos centros de triagem de Curitiba e São Paulo após o sistema detectar discrepâncias entre o valor real e o declarado pelo vendedor estrangeiro.

Em situações assim, o consumidor recebe uma notificação com a descrição do produto, o valor estimado pela Receita e o imposto devido.

Se o comprador não comprovar o preço real ou não pagar os tributos, o item pode ser devolvido ao remetente ou destruído, além de gerar multa que varia de 75% a 100% da diferença de imposto — conforme previsto no artigo 711 do Regulamento Aduaneiro (Decreto nº 6.759/2009).

Objetivo: coibir subfaturamento e proteger a concorrência nacional

Para a Receita, a fiscalização mais rigorosa busca equilibrar a concorrência entre as plataformas internacionais e o comércio nacional.

Segundo o órgão, parte das empresas estrangeiras ainda burla o sistema declarando produtos de alto valor como itens de baixo custo como roupas, eletrônicos e cosméticos —, prejudicando os comerciantes brasileiros que pagam todos os tributos devidos.

Além disso, o governo vem monitorando com atenção os volumes crescentes de remessas vindas da China, que já somam mais de 200 milhões de pacotes por ano. O aumento das operações de baixo valor motivou a criação de ferramentas automáticas de rastreamento, integradas à base de dados da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), permitindo identificar padrões suspeitos de importação.

O que muda para o consumidor

A partir de agora, quem comprar produtos em sites internacionais deve redobrar a atenção:

  • Sempre verificar se o vendedor está cadastrado no Remessa Conforme (a plataforma deve exibir o selo oficial da Receita).
  • Evitar produtos com valor subfaturado, pois isso pode gerar multa e retenção.
  • Guardar comprovantes de pagamento e faturas em PDF, pois o sistema pode exigir a comprovação da compra.

A Receita também estuda ampliar o escopo do Remessa Conforme, incluindo empresas intermediárias de pagamento como PayPal, Mercado Pago e Nubank, para cruzar os dados de remessas com transações financeiras, medida que deve entrar em vigor em 2026.

Especialistas apontam que o movimento faz parte de uma tendência global de maior rastreabilidade do comércio eletrônico transfronteiriço, semelhante ao que já ocorre nos Estados Unidos e na União Europeia.

Com isso, a Receita Federal deixa claro que as compras internacionais continuam permitidas, mas a tolerância com declarações incorretas ou remessas irregulares acabou de vez.

Banner quadrado em fundo preto com gradiente, destacando a frase “Acesse o CPG Click Petróleo e Gás com menos anúncios” em letras brancas e vermelhas. Abaixo, texto informativo: “App leve, notícias personalizadas, comentários, currículos e muito mais”. No rodapé, ícones da Google Play e App Store indicam a disponibilidade do aplicativo.
Inscreva-se
Notificar de
guest
0 Comentários
Mais recente
Mais antigos Mais votado
Feedbacks
Visualizar todos comentários
Valdemar Medeiros

Formado em Jornalismo e Marketing, é autor de mais de 20 mil artigos que já alcançaram milhões de leitores no Brasil e no exterior. Já escreveu para marcas e veículos como 99, Natura, O Boticário, CPG – Click Petróleo e Gás, Agência Raccon e outros. Especialista em Indústria Automotiva, Tecnologia, Carreiras (empregabilidade e cursos), Economia e outros temas. Contato e sugestões de pauta: valdemarmedeiros4@gmail.com. Não aceitamos currículos!

Compartilhar em aplicativos
0
Adoraríamos sua opnião sobre esse assunto, comente!x