A CBMM, que já faturou mais de R$ 11 bilhões com a venda de nióbio para aplicações no aço, tem expectativa de lucro ainda maior
A Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração, CBMM, localizada em Araxá (MG), é detentora de 80% do mercado mundial de nióbio, metal cada vez mais utilizado na indústria metalúrgica, principalmente na fabricação de um aço mais resistente. Com isso, ela comemora seus resultados recordes de 2021.
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Inaugurada há 60 anos, a CBMM se fortaleceu muito a partir da venda de partículas de nióbio a siderúrgicas especializadas em aplicar o material em produtos de aço.
Divulgado por Leo Branco em matéria para o site Exame, a CBMM conquistou R$ 11,4 bilhões somente no ano passado, 67% a mais que a fatura de 2020. Além disso, o lucro líquido (R$ 4,5 bilhões) também aumentou muito, sendo este 78% acima do valor obtido no ano anterior.
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O motivo para os números elevados é a recuperação dos negócios afetados pela pandemia, visto que a China, uma das principais clientes da CBMM e a maior fabricante de aço, foi o primeiro epicentro da Covid-19.
A previsão para 2022 de Ricardo Lima, vice-presidente da CBMM, é uma alta de 20% nas negociações da empresa, que se mostra confiante nas apostas diversificadas.
Uma dessas principais apostas é o próprio nióbio, que, junto com outros metais, é capaz de fortalecer o aço. Pelos estudos da CBMM, só são necessários 100 gramas de nióbio para que 1 tonelada de aço ganhe resistência e ainda fique mais maleável.
Os benefícios do Nióbio colocaram a companhia em vantagem quanto a outras metalúrgicas. Assim, a mina da CBMM em Araxá tem potencial para 800 milhões de toneladas, o que a configura como a maior do planeta em atividade.
Considerando que, atualmente, 1 kg do metal custa cerca de 40 dólares, a companhia poderia passar um tempo apenas observando seus lucros, sem nenhuma perda. Entretanto, Lima afirma: “Desde o início, nosso desafio tem sido o de criar os mercados em que operamos. Não está sendo diferente agora.”
Nesse sentido, nos últimos anos a CBMM investiu 3 bilhões em um projeto de extensão da indústria de Araxá para aumentar em 50% a produção, alcançando em torno de 150 mil toneladas de nióbio por ano, 30 mil toneladas acima da demanda global. Esse crescimento da produção tem como finalidade tornar o nióbio em um metal “multiúso” e fornecê-lo para novas aplicações. Hoje, somente um décimo da produção de Araxá é destinado a utilizações incipientes fora da cadeia de aço, sendo todo o resto misturado ao aço em vigas e vergalhões.
Segundo o CFO Alex Amorim, a meta é aumentar a parcela de 10% a 40% até 2030, sendo um dos principais investimentos no mercado de carros elétricos. O nióbio utilizado em partes das baterias destes veículos trazem benefícios: ânodos e cátodos com nióbio contribuem para uma recarga em menos tempo e durabilidade maior que as baterias de carbono.
Tais vantagens já atraíram a atenção de montadoras como a Volkswagen e a empresa de tecnologia Toshiba. Até o fim de 2022, o mercado receberá ônibus elétricos com baterias produzidas com o nióbio extraído pela CBMM, montados pela Volkswagen de Resende (RJ).
Ainda na tática de crescer com novas parcerias, a CBMM investiu em duas startups só no último ano, a inglesa Echion e a estadunidense Battery Streak, visando novos desenvolvimentos em materiais para baterias de íons de lítio. Em 2021, as vendas do nióbio para baterias totalizaram R$ 7,5 milhões, enquanto a estimativa para 2022 é que esse valor seja 10 vezes maior.
A CBMM realizou investimentos de R$ 60 milhões no desenvolvimento de tecnologias para baterias, valor correspondente a cerca de 25% do total investido em inovação. A partir disso, em 2022 as apostas em inovações devem aumentar, no mínimo, 40%, atingindo R$ 278 milhões, emplacando outro recorde.