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Com uma economia crescente, posição geopolítica estratégica e investimentos em setores-chave, o México está emergindo como uma força global, surpreendendo economistas e analistas.
O México está aproveitando as tensões comerciais entre Estados Unidos e China para se firmar como um dos grandes polos de manufatura global. Com localização estratégica, mão de obra competitiva e acordos comerciais robustos, o país tem atraído grandes multinacionais e fortalecido suas relações com o principal parceiro comercial, os Estados Unidos.
A estratégia de “nearshoring“, que consiste em transferir a produção para regiões próximas aos mercados consumidores, está ganhando tração à medida que Washington e Pequim se distanciam comercialmente.
Empresas como Tesla, Walmart, Amazon, Samsung, Nissan e Home Depot têm migrado parte de suas operações da Ásia para o México, impulsionadas por fatores como custos operacionais mais baixos e a proximidade com o mercado norte-americano.
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Esse movimento trouxe resultados históricos em 2023. Pela primeira vez em duas décadas, o México superou a China como principal parceiro comercial dos Estados Unidos.
Nos primeiros quatro meses do ano, o comércio bilateral entre os dois países alcançou US$ 263 bilhões, representando 15,4% do total de bens importados e exportados pelos EUA nesse período.
Especialistas apontam que essa mudança reflete não apenas os atritos entre as duas maiores economias do mundo, mas também a estratégia dos EUA de buscar maior integração econômica com países da América do Norte.
O México, ao que tudo indica, está colhendo os frutos dessa transformação geopolítica, consolidando-se como um destino preferencial para investimentos globais em manufatura.
Atração de investimentos: Um boom econômico
O fluxo de investimentos estrangeiros no México também está em alta. A Tesla, por exemplo, anunciou um investimento de US$ 15 bilhões em uma nova fábrica no norte do país.
Além disso, empresas de diversos setores estão redirecionando seus recursos para aproveitar os benefícios oferecidos pelo México, como incentivos fiscais e acesso privilegiado a mercados globais.
A infraestrutura do México também desempenha um papel fundamental. Com uma rede de transporte robusta, que inclui portos modernos, rodovias eficientes e ligações ferroviárias conectadas diretamente aos EUA, o país está se tornando o local ideal para o estabelecimento de operações logísticas e industriais.
O México apresenta uma combinação única de fatores, como estabilidade política, acordos comerciais amplos e uma força de trabalho jovem e em expansão, que tornam o país uma escolha preferencial para investidores globais.
A força dos acordos comerciais
O Tratado entre México, Estados Unidos e Canadá (T-MEC), que substituiu o NAFTA, é uma das principais razões para o crescimento das exportações mexicanas.
Este acordo garante acesso preferencial ao mercado norte-americano, eliminando tarifas em diversos setores e criando condições para a integração econômica da região.
O T-MEC também protege o México de uma possível dependência da China. Uma cláusula específica do tratado impede os membros de assinarem acordos comerciais com “economias não de mercado“, uma clara referência à China.
Essa cláusula reforça a aliança comercial do México com os EUA e Canadá, enquanto limita a influência econômica de Pequim na região.
Desafios e relações Internacionais
Apesar do sucesso econômico recente, o México enfrenta desafios significativos. Internamente, problemas como a violência e a desigualdade social continuam a ser obstáculos ao desenvolvimento sustentável. Externamente, o país deve equilibrar sua relação com os EUA, principal parceiro comercial, e a China, uma potência econômica global.
Recentemente, a presidente Claudia Sheinbaum respondeu às críticas do governo dos EUA sobre o papel do México na entrada de produtos chineses no mercado norte-americano.
Sheinbaum enfatizou que o México está comprometido com o fortalecimento de suas próprias indústrias e com a redução da dependência de importações asiáticas.
Segundo o Reuters, a presidente mexicana destacou que o país continuará protegendo seus interesses nacionais enquanto mantém uma postura colaborativa com os EUA.
A postura assertiva de Sheinbaum reflete uma mudança estratégica no México. Em vez de simplesmente seguir as diretrizes de Washington, o país está buscando maior autonomia em suas políticas comerciais, enquanto se beneficia do aumento do fluxo de investimentos estrangeiros.
Vantagens competitivas únicas do México
O México tem várias vantagens competitivas que o destacam como um dos principais destinos para investimentos industriais:
- Proximidade Geográfica: A localização do México permite que empresas reduzam custos de transporte e melhorem os prazos de entrega para os EUA.
- Força de Trabalho Qualificada: O país possui uma população jovem e em expansão, com treinamento em áreas como engenharia e tecnologia da informação.
- Crescimento Sustentável: O governo mexicano está investindo em energia renovável e práticas industriais sustentáveis, atraindo empresas preocupadas com ESG (governança ambiental, social e corporativa).
Além disso, o México está expandindo sua presença em setores de alta tecnologia, como semicondutores e veículos elétricos. Em 2024, o país assinou um acordo de cooperação com os EUA para aumentar a produção de chips semicondutores, um passo importante para consolidar sua posição como líder regional em tecnologia avançada.
Um futuro promissor do MÉXICO?
A relação comercial entre México e Estados Unidos continua a ser um eixo crucial para a economia mexicana, mas também um terreno repleto de desafios. O histórico de negociações com Donald Trump durante seu primeiro governo demonstra a capacidade do México de navegar por ameaças tarifárias e manter a estabilidade econômica.
No entanto, o retorno de Trump ao poder promete um cenário potencialmente mais volátil, com novas promessas de tarifas de 25% sobre as exportações mexicanas, desta vez motivadas por questões como o combate ao tráfico de drogas e a migração ilegal.
Enquanto o mercado financeiro tem demonstrado uma resiliência notável às más notícias, como destacou Ernesto Revilla, economista-chefe do Citi, a postura mais radical de Trump desta vez pode testar os limites dessa confiança.
A nova presidente do México, Claudia Sheinbaum, enfrenta um cenário complexo. Diferentemente de seu antecessor, Andrés Manuel López Obrador, Sheinbaum adota uma abordagem mais direta, mas sua resposta inicial às ameaças de Trump levantou dúvidas sobre a eficácia de sua estratégia.
Os desafios são claros: o México deve equilibrar sua necessidade de manter a integração econômica com os Estados Unidos enquanto protege sua soberania e aborda questões internas críticas, como o combate à violência e o fortalecimento de suas indústrias.
Apesar das tensões, o México continua sendo um ator essencial na cadeia de suprimentos global, e sua importância geopolítica garante que as ameaças sejam frequentemente seguidas por acordos que permitem a continuidade dos negócios.
