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Como o México está se tornando a nova China: chamado de ‘fábrica do mundo’, país fica na mira dos comerciantes mundiais

Escrito por Roberta Souza
Publicado em 05/07/2024 às 08:53
China, México, fábrica
Foto: reprodução e créditos Canal Macronomics

Empresas migram da China para o México em busca de vantagens competitivas no país considerado a “fábrica do mundo”

Nos anos 90, o Brasil testemunhou um fenômeno inédito: a proliferação das lojas de R$ 1,99. Essa tendência foi impulsionada pela abertura das exportações e pela implantação do Plano Real, que controlou a inflação e valorizou artificialmente a moeda. Essas lojas ofereciam uma variedade de produtos, desde brinquedos e ferramentas até utensílios domésticos e eletrônicos, com a maioria dos itens sendo fabricados na China, de acordo com o vídeo do canal Conhecimento Global.

Com o tempo, o cenário mudou drasticamente. As lojas de preço único quase desapareceram e a China evoluiu de uma fábrica de produtos de baixa qualidade para uma potência tecnológica. A mão de obra barata, que era a principal vantagem dos produtos chineses, ficou no passado. Junto com outros fatores, como a pandemia e o aumento dos custos de frete, isso encareceu a produção na China. Como resultado, muitas empresas começaram a buscar novos locais para suas fábricas, com o México emergindo como um destino preferido.

Por que o México é atraente para as empresas e está sendo considerado a “fábrica” do mundo?

A proximidade geográfica do México com os Estados Unidos, a maior economia do mundo, é uma vantagem clara. O país compartilha uma fronteira de mais de 3.145 km com os EUA e possui 48 pontos de passagem, além de acesso tanto ao Oceano Atlântico quanto ao Pacífico. Isso reduz significativamente o tempo e os custos de transporte em comparação com a China. Uma viagem de navio de Xangai para a Califórnia leva, no mínimo, 15 dias, enquanto do México para os EUA, o transporte pode ser feito em até quatro dias.

Além disso, o México faz parte de um bloco econômico com os Estados Unidos e o Canadá desde 1994, através do NAFTA, que foi reformulado em 2018 para o USMCA. Esses acordos eliminaram barreiras e tarifas para a circulação de produtos, incentivando empresas, especialmente americanas, a se instalarem no México.

Saiba mais sobre essa expansão do México

Transformações no comércio global

Desde os anos 80, a globalização eliminou barreiras para a circulação de produtos, capital e pessoas, permitindo que as empresas terceirizassem a produção para países como a China. Companhias como General Electric, IBM e Motorola foram pioneiras nesse movimento. No entanto, com o aumento dos custos na China e tensões comerciais, o conceito de “nearshoring” (deslocalização próxima) está ganhando força, levando empresas a considerar o México como uma alternativa viável.

Desafios e oportunidades

A China, apesar de ainda ser um importante mercado consumidor, enfrenta uma concorrência crescente de outros países asiáticos como Índia, Vietnã e Tailândia, que também oferecem mão de obra barata e estão atraindo empresas. A Índia, por exemplo, está se tornando um centro de produção de tecnologia, com a Apple planejando fabricar iPhones no país. No entanto, o México tem suas próprias vantagens competitivas, incluindo sua proximidade com os EUA e acordos comerciais favoráveis.

O parque industrial mexicano já abriga marcas renomadas como Volkswagen, Ford, General Motors, Toyota e BMW, além de empresas de outros setores como Boeing, Siemens, Alibaba e Lego. A Tesla anunciou recentemente planos para construir uma gigafábrica em Monterrey, com um investimento de US$ 5 bilhões e a expectativa de gerar até 7 mil empregos.

Obstáculos internos

Apesar das vantagens, o México enfrenta desafios internos significativos. A violência no país e políticas energéticas que priorizam combustíveis fósseis sobre energias renováveis podem ser entraves para o crescimento. A infraestrutura também precisa de melhorias, com portos e outras instalações essenciais necessitando de investimentos.

O México tem potencial para se tornar a nova fábrica do mundo, mas precisa enfrentar seus desafios internos e competir com outros países asiáticos. Se conseguir aproveitar o momento, pode transformar sua economia, seguindo o exemplo da China. Caso contrário, corre o risco de permanecer apenas como um fornecedor de mão de obra barata, vulnerável a mudanças no cenário global.

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Roberta Souza

Engenheira de Petróleo, pós-graduada em Comissionamento de Unidades Industriais, especialista em Corrosão Industrial. Entre em contato para sugestão de pauta, divulgação de vagas de emprego ou proposta de publicidade em nosso portal. Não recebemos currículos

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