O desenvolvimento do novo combustível HVO, lançado nos Estados Unidos, não só trará fortes benefícios à descarbonização do setor de transportes, com a redução da emissão do gás, como também possibilitará uma queda nos preços da soja e de seus derivados.
O mercado global de energia e transportes assiste à chegada de um novo produto competidor no segmento: o combustível HVO (Hydrotreated Vegetable Oil), produzido à base de soja e que já está em fase experimental nos países bálticos e escandinavos. O produto promete reduzir fortemente a emissão de gases poluentes e contribuir com a descarbonização do setor e também proporcionar uma diminuição nos preços da soja e de seus derivados.
Setor de transportes poderá utilizar combustível HVO na corrida pela descarbonização, enquanto o agronegócio aproveita a redução nos preços da soja
O mercado global está cada vez mais voltado para as demandas de descarbonização e da transição energética nas operações de transportes, e países inteiros investem em novas soluções e tecnologias para o ramo.
Dessa forma, o combustível HVO, lançado recentemente nos Estados Unidos e já em fase de testes em mais países, pode ser a nova aposta para o futuro do setor de transportes, além de ter um forte impacto no agronegócio.
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O combustível HVO é chamado também de óleo hidrotratado ou hidrogenado e de hidrobiocombustível, e utiliza hidrogênio em vez de metanol — como no caso do biodiesel — para sua catálise. Dessa forma, ele garante até 90% de redução das emissões de gás carbônico na atmosfera, contribuindo assim para a descarbonização das operações de transporte em todo o mundo.
Além disso, ele promete grandes mudanças na economia global, uma vez que é produzido a partir da soja, cujos preços são essenciais nas redes comerciais internacionais.
Como apontado pelo especialista Gustavo Idígoras, presidente da Câmara da Indústria do Petróleo da República Argentina e do Centro de Exportadores de Cereais (Ciara-CEC), o combustível HVO faz parte “da forte política de biocombustíveis de última geração lançada pelos Estados Unidos, que vai substituir os combustíveis fósseis e tem como base o óleo de soja renovável”.
Os biocombustíveis vêm sendo a maior aposta de grande parte dos players mundiais de energia, pois garantem eficiência nos transportes e estão em concordância com a agenda ambiental global quanto à transição energética.
Utilização do HVO trará fortes impactos à exportação e produção da soja e aos preços dos produtos derivados do grão no mercado global
Além de comentar sobre a política de biocombustíveis e o HVO, Gustavo Idígoras também destacou que a utilização do combustível no setor de transportes teria um impacto particular nas exportações do país vizinho, em razão da ameaça de queda no preço dos produtos derivados da soja, produto essencial para a economia da Argentina. Ele ainda destacou que os Estados Unidos está gerando bilhões de dólares em investimentos para o desenvolvimento da iniciativa.
Já o diretor da Agritrend, Gustavo López, destacou que em oito anos o consumo global de biocombustíveis em geral cresceu 72%, sendo que o biodiesel teve um aumento de 53% contra 487% do HVO.
O novo combustível ainda é mais rentável e eficiente em relação aos preços e a sua utilização na substituição do diesel, visto que ele pode ser usado 100%, sem a necessidade de cortá-lo, sendo o substituto perfeito de um dos maiores poluentes do cenário de transportes mundial atualmente.
Por fim, Ivo Sarjanovic, investidor e professor de commodities agrícolas, reforçou a necessidade de novos investimentos em biocombustíveis e afirmou que vê no HVO o futuro do mercado da descarbonização global.