Com R$ 4,2 bilhões em projetos de drenagem e sensores sísmicos, a parceria Brasil-Japão já beneficia 25 milhões de pessoas e reduz riscos de desastres urbanos.
Em março de 2025, a Japan International Cooperation Agency (JICA) e o Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional do Brasil firmaram um novo Memorando de Cooperação para reforçar a parceria entre os dois países na redução de riscos de desastres naturais. O acordo dá continuidade a uma colaboração iniciada há décadas e que já movimentou cerca de R$ 4,2 bilhões em investimentos para obras de drenagem, saneamento, contenção de encostas e sistemas de alerta em áreas vulneráveis.
Cooperação técnica e transferência de tecnologia
A JICA atua no Brasil desde os anos 1970, com foco em desenvolvimento urbano, meio ambiente e gestão de desastres. O país é um dos maiores parceiros da agência japonesa na América Latina. A nova fase de cooperação tem como prioridade adaptação de tecnologias japonesas de contenção subterrânea e monitoramento hidrológico, como as barragens do tipo Sabo, sensores meteorológicos de alta precisão e redes integradas de alerta.
Essas inovações vêm sendo testadas em cidades como Teresópolis, Nova Friburgo, Salvador e São Paulo, onde enchentes e deslizamentos causam prejuízos bilionários todos os anos.
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O modelo japonês combina engenharia e gestão pública, com foco em medidas estruturais como drenagem e diques subterrâneos — e não estruturais, como planejamento urbano e educação para prevenção.
Projetos em andamento no Brasil
Na Região Metropolitana de São Paulo, técnicos brasileiros e japoneses realizaram estudos conjuntos de drenagem e controle de enchentes, aplicando soluções semelhantes às de Tóquio e Osaka.
O sistema de monitoramento meteorológico em tempo real foi expandido para identificar áreas de risco e emitir alertas preventivos, reduzindo os danos de eventos extremos.
No Rio de Janeiro, projetos-piloto em encostas utilizam sensores para detectar movimentações de solo e enviar sinais automáticos a centrais de defesa civil. Já em Salvador, a cooperação se concentra em drenagem profunda e controle do escoamento de águas pluviais, reduzindo pontos críticos de alagamento.
Impacto direto e metas
Segundo estimativas da JICA e do governo brasileiro, as ações já beneficiam mais de 25 milhões de pessoas nas principais capitais e regiões metropolitanas.
O objetivo é ampliar o alcance para 50 milhões de habitantes até 2030, com foco em obras preventivas que possam reduzir pela metade os prejuízos anuais causados por desastres naturais.
Estudos apontam que cada dólar investido em prevenção evita até quatro dólares em reconstrução. Essa proporção torna os projetos uma das formas mais eficientes de política pública de infraestrutura — poupando recursos, vidas e tempo.
Desafios e próximos passos
Apesar dos avanços, especialistas alertam que o Brasil ainda enfrenta dificuldades para adaptar integralmente a tecnologia japonesa às condições tropicais. O custo de manutenção, a burocracia local e a falta de planejamento urbano em áreas de risco dificultam a consolidação dos resultados.
Ainda assim, o novo ciclo da parceria prevê expansão de obras subterrâneas de drenagem, aprimoramento de sistemas de alerta via inteligência artificial e treinamento de engenheiros brasileiros no Japão. A meta é transformar o Brasil em um dos países referência em gestão de risco de desastres da América Latina.
Um legado de engenharia e prevenção
O intercâmbio entre Brasil e Japão mostra que a engenharia pode ser uma aliada direta da sustentabilidade urbana. Barragens subterrâneas, sensores inteligentes e drenagem profunda são mais do que soluções técnicas representam um novo paradigma de infraestrutura voltada à prevenção, não apenas à reparação.
A cooperação também reforça a importância do conhecimento compartilhado: o que o Japão aprendeu com terremotos e tsunamis agora ajuda o Brasil a enfrentar chuvas torrenciais e enchentes históricas. No fim, essa parceria prova que o investimento em prevenção é o caminho mais inteligente para proteger vidas e cidades inteiras.



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