Porto do Pecém confirma operador para terminal de amônia verde e corre com corredor de utilidades e adaptações de píer; projetos-âncora somam metas para produzir e enviar combustíveis limpos ao exterior.
O Complexo do Pecém (CE) consolidou novos passos para virar referência nacional em hidrogênio verde e amônia verde. Em junho de 2025, o porto renovou o pré-contrato com o consórcio Stolthaven/GES para operar a infraestrutura logística de amônia, peça central do Hub de H₂V. O acordo dá previsibilidade à etapa de engenharia do terminal dedicado à exportação.
Enquanto isso, o governo federal e o Complexo avançam em obras de infraestrutura com a criação de um corredor de utilidades com dutos de amônia, hidrogênio, gás natural, água e rede elétrica, além de adaptações no píer 2 para movimentar derivados de H₂V. Essas intervenções preparam o porto para a operação em escala industrial.
Do lado industrial, a AES Brasil protocolou EIA/Rima de um projeto capaz de produzir até 800 mil t/ano de amônia verde, apoiado por cerca de 2,5 GW de energia renovável. O empreendimento deve ficar na ZPE Ceará (Setor 2), dentro do Complexo do Pecém, e prevê milhares de empregos na fase de obras.
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A estratégia se ancora também na parceria internacional: desde 2018, o Porto de Roterdã é sócio de 30% do Pecém, reforçando a vocação exportadora e o acesso a mercados que demandam combustíveis de baixo carbono.
O que muda com o operador do terminal de amônia verde
A definição do operador reduz incertezas de armazenagem, manuseio e segurança da amônia verde, que hoje é a rota preferida para transportar hidrogênio em longas distâncias. O pré-contrato com a Stolthaven/GES cobre planejamento, construção e operação da infraestrutura, etapa vista como gargalo em hubs portuários no mundo.
Com o corredor de utilidades e a retroárea da ZPE preparados, o Pecém cria um “last mile” industrial conectado ao cais, condição crítica para fechar contratos de offtake com traders e indústrias.
Outro vetor é o financiamento à engenharia e à pré-implantação. A ZPE Ceará informou aprovação de recursos da Finep para projeto estruturante de H₂V, em um empreendimento que mira até 900 mil t/ano de amônia liderado por Casa dos Ventos e TotalEnergies, ainda sujeito a cronogramas e licenças.
Projetos-âncora e marcos já alcançados
Além da AES, o projeto-piloto da EDP produziu, em dezembro de 2022, a primeira molécula de hidrogênio verde da companhia no mundo e a primeira reportada no Brasil, validando a rota tecnológica no próprio Complexo do Pecém.
A Fortescue teve fase inicial aprovada para implantar planta de H₂V na ZPE, sinal de avanço de um dos primeiros pré-contratos assinados pelo Estado. Em paralelo, grupos como Qair seguem com planejamentos industriais para hidrogênio e amônia no Ceará.
O portfólio soma memorandos e pré-contratos firmados desde 2021, com metas escaláveis de eletrólise e derivados voltados à exportação para a Europa, onde Roterdã funciona como porta de entrada logística e comercial.
Infraestrutura: dutos, píer e ZPE destravam a exportação
A adaptação do píer 2 e o terminal dedicado visam elevar padrões de segurança, compatibilidade e taxa de carregamento de navios para amônia verde. O corredor de utilidades conecta unidades de eletrólise e síntese na ZPE aos tanques e ao cais, reduzindo CAPEX duplicado entre empresas e emitindo sinais de estabilidade regulatória.
A ZPE Ceará também planeja dutos internos específicos para amônia e hidrogênio, integrando produção e escoamento. Em modelos de hub, essa interligação é decisiva para competitividade e certificação ambiental.
No médio prazo, expansões portuárias e melhorias logísticas em Pecém tendem a suportar maior throughput de produtos de baixo carbono, alinhadas à governança CIPP/Roterdã.
Por que a amônia verde é a rota do Ceará
A amônia verde é hoje o derivado mais viável para transportar H₂V a longas distâncias e pode abastecer fertilizantes, shipping e indústria. Em Pecém, os projetos em curso miram produção local e exportação via Roterdã, em linha com roteiros de transição e certificação internacional.
Relatórios setoriais destacam a necessidade de padrões de certificação, indicadores de desempenho e infraestrutura compartilhada para ganho de escala — pontos incluídos no roadmap cearense para o Hub.
Você acha que o Brasil deve priorizar exportar amônia verde ou usar o H₂V para baratear fertilizantes e aço no país? Deixe sua opinião nos comentários.