Com mais de 650 milhões de toneladas de cana processadas por safra e produção recorde de açúcar, o Brasil abriga o maior complexo sucroalcooleiro do mundo, movendo economia e energia.
O Brasil consolidou-se novamente como maior produtor e exportador mundial de açúcar de cana, cimentando seu status de potência agroenergética. Na safra 2023/24, o país processou mais de 654 milhões de toneladas de cana-de-açúcar — recorde histórico da produção e gerou cerca de 42,42 milhões de toneladas de açúcar, elevação de 25,7% em relação ao ciclo anterior.
Esse volume monumental traduz-se em escala industrial: o setor sucroalcooleiro brasileiro já rivaliza com complexos energéticos, operando com usinas integradas que produzem açúcar, etanol e bioeletricidade a partir do bagaço. A diversidade de produtos e a capilaridade logística consolidam o Brasil como um megarregime produtivo nacional com alcance global.
Um motor econômico que alimenta a exportação
Em 2024, as exportações de açúcar bruto somaram cerca de 38,24 milhões de toneladas, representando um salto de 9% ante o ano anterior, segundo dados da Novacana. Esse movimento reforça o protagonismo brasileiro no mercado externo, especialmente após restrições impostas por países como a Índia.
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Em termos financeiros, o Brasil obteve receitas bilionárias com as vendas externas de açúcar, consolidando-se como um fornecedor global estratégico. Em 2024, as exportações em bruto ultrapassaram US$ 8,69 bilhões, valor recorde para o segmento.
Além disso, o país caminha para colher cerca de 663,4 milhões de toneladas de cana na safra 2025/26, conforme estimativas da Conab para o ciclo, mostrando que mesmo com desafios climáticos, a base produtiva permanece sólida e expansiva.
A integração tecnológica e energética do setor
O agronegócio brasileiro de cana-de-açúcar é um modelo de eficiência integrada: das colhedoras autônomas ao monitoramento por sensores de umidade e índice ATR (Açúcar Total Recuperável), tudo converge para otimizar resultados.
As usinas operam em regime contínuo, com plantas de cogeração que transformam bagaço e palha em elétrica — providenciando energia para as próprias operações e até injetando excedente na rede elétrica local.
Essa sinergia entre produção agrícola e geração de energia posiciona o complexo sucroalcooleiro brasileiro como um exemplo de indústria híbrida rural-energética.
Comparações globais e domínio consolidado
Embora haja grandes polos de cana e açúcar em países como Índia, Tailândia e Austrália, nenhum consegue rivalizar com o ecossistema nacional brasileiro, que combina extensão territorial, condições climáticas favoráveis, logística de escoamento e know-how consolidado.
A participação brasileira no mercado mundial de açúcar ultrapassa 30%, sendo líder absoluto na exportação líquida do produto. A relevância se fortalece não apenas no açúcar em si, mas na produção de etanol de cana, que abastece o mercado interno e reduz a dependência de combustíveis fósseis.
Dentro desse panorama, empresas como a Raízen, que processa grandes volumes de cana anualmente, reforçam o protagonismo nacional com operações integradas de açúcar, etanol e energia.
Desafios climáticos e ajustes de produção
Mesmo com recordes, o setor enfrenta desafios. A safra 2024/25 encerrou com estimativa de 676,96 milhões de toneladas de cana, volume levemente inferior ao anterior, por conta de condições climáticas adversas.
Em 2025, já se observa queda na produtividade do centro-sul, com médias de 77,5 toneladas por hectare em agosto — queda de 1,65% frente ao mesmo período de 2024. Isso pode afetar diretamente a produção de açúcar e etanol nos meses seguintes.
Outro ponto de atenção é a taxa ATR — indicador de qualidade da cana — que apresentou retração em algumas regiões, exigindo ajustes finos nos manejos agrícolas.
O agroindustrial que molda o Brasil
Mais do que cultura agrícola, o complexo sucroalcooleiro brasileiro representa um arranjo econômico e logístico de proporções continentais: silos, usinas, usinas termelétricas, frotas rodoviárias e portos interligados, tudo convergindo para exportação e abastecimento interno.
O setor também exerce forte influência socioeconômica: emprega dezenas de milhares de trabalhadores diretos e indiretos, movimenta cadeias de fornecedores e financia inovações em genética canavieira, biotecnologia e processos sustentáveis.
Nesse sentido, o título que compara com a fazenda de leite não é exagero: o Brasil opera uma das maiores fábricas agrícolas do planeta, cujo produto principal — a cana — converte-se em açúcar, biocombustível e energia.
Para entender o Brasil do futuro, basta olhar para seus canaviais.


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