A Rússia domina 27% da capacidade mundial de conversão de urânio, lidera a construção de usinas nucleares em países estratégicos como China e Turquia, e consolida sua influência energética enquanto contorna sanções do Ocidente.
A energia nuclear está moldando o futuro do planeta, e a Rússia parece estar liderando o jogo. Com mais de 10 usinas nucleares em construção em diversos países, o Kremlin busca consolidar sua influência geopolítica e reconfigurar o mercado energético global. Mas o que isso significa para o resto do mundo? Vamos entender.
O ambicioso plano de construção nuclear da Rússia
Se tem algo que a Rússia sabe fazer, é estratégia. Atualmente, estão em andamento mais de 10 projetos de usinas nucleares em países como Bangladesh, China, Egito, Índia, Irã e Turquia. A empresa estatal Rosatom está no comando, garantindo que cada iniciativa esteja alinhada aos interesses russos.
Essa expansão não é apenas tecnológica, mas também uma jogada de mestre para ampliar a influência geopolítica do país. Afinal, quem controla a energia controla o mundo, certo? E a Rússia está determinada a fazer isso silenciosamente, enquanto muitos focam apenas nos conflitos em andamento.
-
Reatores nucleares do tamanho de contêineres estão ganhando espaço e mostram que não é mais preciso construir megaprojetos
-
Brasil acelera obra do primeiro submarino nuclear da América Latina com tecnologia de urânio dominada há 42 anos
-
Rússia investe pesado em cérebro virtual que resolve o maior problema da energia nuclear
-
Enquanto todos olham para o urânio, o Tório pode ser a carta secreta para próxima revolução energética global
O ás na manga
A construção de usinas é só a ponta do iceberg. O setor nuclear oferece uma ampla gama de oportunidades, desde o fornecimento de combustível até serviços complementares. Além disso, é um caminho estratégico para contornar as sanções econômicas impostas pelo Ocidente.
Projetos como a planta Paks 2 na Hungria e os reatores no Uzbequistão são exemplos claros de como o Kremlin utiliza o setor nuclear para manter sua relevância global. É como um tabuleiro de xadrez onde cada peça movimentada tem um propósito maior.
Além da construção, a dependência global do urânio
Quando se trata de urânio, a Rússia tem as cartas na mão. Além da construção dos reatores, o país controla cerca de 27% da capacidade mundial de conversão e 39% do mercado de enriquecimento. Isso significa que, mesmo com sanções, o Ocidente continua dependente desse recurso.
Nos Estados Unidos, por exemplo, uma proibição total ao urânio russo poderia gerar perdas de bilhões de dólares. Esse paradoxo deixa claro como a energia nuclear se tornou uma arma poderosa na geopolítica moderna.
Fraturas no ocidente e a união europeia dividida
Enquanto alguns países tentam se livrar da dependência russa, outros resistem. Na União Europeia, por exemplo, Hungria (onde já existe a construção da Rosatom) e Eslováquia são defensores fervorosos da cooperação com Moscou no setor energético. Seus líderes argumentam que cortar os laços com a Rússia colocaria em risco a produção de eletricidade em seus territórios.
Essas divisões dentro do bloco europeu dificultam uma frente unificada contra a influência russa. E, nesse cenário, a Rússia aproveita para fortalecer sua posição.
Estratégia russa
De acordo com a Agência Internacional de Energia Atômica, a capacidade de geração nuclear deve crescer 155% até 2050, atingindo 950 gigawatts. Nesse contexto, a Rússia está se posicionando como líder, investindo em tecnologia e ampliando sua presença global.
O setor nuclear, mais do que uma solução energética, se tornou um campo de batalha silencioso onde a Rússia busca consolidar sua hegemonia. E enquanto isso, o mundo observa, preso entre a dependência e as sanções.
A expansão nuclear da Rússia é uma estratégia para garantir influência global e driblar sanções. Com o controle sobre o urânio e uma dúzia de usinas em construção, o Kremlin está moldando o futuro energético do planeta.