Medida divide a indústria: montadoras tradicionais protestam, enquanto BYD é beneficiada com isenção temporária para montagem local
O governo federal decidiu antecipar o aumento do imposto de importação para carros elétricos e híbridos, mas, ao mesmo tempo, liberou isenção total por seis meses para carros desmontados — os chamados veículos em CKD ou SKD. A medida afeta diretamente os planos da montadora chinesa BYD e reaquece uma disputa pública com as fabricantes tradicionais instaladas no Brasil.
O anúncio foi feito nesta quarta-feira (30) pelo Comitê Executivo de Gestão da Câmara de Comércio Exterior (Camex), órgão ligado ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, comandado por Geraldo Alckmin. A mudança antecipa o retorno da alíquota cheia de 35% para carros eletrificados para janeiro de 2026, mas concede cotas isentas para importação de kits desmontados durante o segundo semestre de 2025.
Quem ganha com a isenção temporária para carros desmontados
A isenção beneficia diretamente a BYD, que vai inaugurar sua fábrica em Camaçari (BA) utilizando o modelo de montagem parcial (SKD), no qual as peças chegam da China e são montadas localmente. O incentivo permite que a empresa inicie as operações com alíquota zero de importação de kits, reduzindo os custos logísticos e tributários nesse estágio inicial.
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A BYD havia pedido a redução da tarifa de 20% para 10%, mas o governo foi além: zerou a alíquota temporariamente para carros desmontados, o que representa, segundo a Camex, uma exceção estratégica com prazo definido. A medida vale por seis meses, com teto de US$ 463 milhões em importações.
Quanto e quando sobe o imposto para carros elétricos
O Imposto de Importação para veículos eletrificados já estava em processo gradual de retomada. Atualmente, está em 25% para elétricos puros, 28% para híbridos plug-in e 30% para híbridos convencionais. A nova decisão antecipa o retorno da alíquota cheia de 35% para janeiro de 2026 — um ano e meio antes do previsto anteriormente.
Essa era uma demanda direta da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), que vinha pressionando o governo para frear o avanço das marcas chinesas, em especial a BYD, que vem crescendo rapidamente nas vendas de elétricos no país.
Onde está o conflito entre montadoras e o governo
A medida foi considerada um meio-termo: atende ao pleito da Anfavea ao antecipar a taxação total para eletrificados, mas também agrada à BYD ao liberar a entrada de kits desmontados com isenção. O resultado: insatisfação dos dois lados e uma troca pública de cartas e acusações entre gigantes da indústria.
Em carta enviada ao presidente Lula, os CEOs de Volkswagen, Stellantis, Toyota e GM afirmam que a isenção para carros desmontados “quebra a isonomia” e ameaça a geração de empregos qualificados no país. Eles argumentam que a prática enfraquece a cadeia produtiva nacional, já que a montagem SKD gera de 2 a 3 empregos indiretos por vaga direta, contra 10 em fábricas com produção completa, segundo dados da própria Anfavea.
O que diz a BYD sobre os ataques das concorrentes
A resposta da BYD veio em tom duro. Em carta aberta à imprensa, a montadora chinesa classificou as concorrentes como “obsoletas” e disse que elas “surtam como dinossauros diante de um meteoro”, numa metáfora direta sobre a transformação trazida pelos elétricos. A BYD acusou as montadoras tradicionais de entregar produtos caros, ultrapassados e com design pouco inovador, e afirmou que sua presença representa um avanço tecnológico inevitável.
Vale a pena incentivar carros desmontados no Brasil?
O uso de SKD ou CKD como etapa inicial é comum em implantações industriais, mas o risco é transformar esse modelo em padrão permanente, sem incentivo real à nacionalização de componentes e geração de empregos locais. A Associação Brasileira de Engenheiros Automotivos (AEA) manifestou preocupação com essa abordagem, afirmando que ela não contribui para a formação de mão de obra qualificada e não atende ao tripé de sustentabilidade econômica, social e ambiental.
Você acha justo isentar carros desmontados enquanto o imposto para elétricos sobe? Isso estimula ou enfraquece a indústria nacional? Deixe sua opinião nos comentários — queremos ouvir quem acompanha esse setor de perto.
As montadoras estrangeiras que já estão no Brasil não estão preocupadas com o consumidor ou com empregos, elas estão preocupadas em sobreviver e a manter seus lucros abusivos oferecendo carros com baixa tecnologia e com poucos recursos tecnológicos, vejam, cobram por acessórios e elevam os carros mais completos a nível Premium.
Esse ano eu adquiri um veículo elétrico da BYD, já fiz uma viagem do sudeste para o nordeste e não tive nenhum problema para carregar meu veículo em eletropostos na estrada. Meu carro é super econômico, baixa manutenção e sua tecnologia é muito superior aos carros mais completos a combustão no Brasil.
As atuais montadoras ficaram para trás, já perceberam de forma tardia que não possuem tempo para se readequarem e competir com os carros da BYD.
Vejo que manter a isenção para veículos CKD é necessária e ajuda o consumidor brasileiro, essa isenção deve ser temporária, até que a BYD possa mudar seu regime de CKD para SKD.
Ainda, a maioria dos consumidores ainda não conhecem e ainda tem resistência a aquisição dos veículos elétricos e híbridos, mas isso é temporário, a eletrificação veio para ficar.
Vendo primeiramente a resposta da BYD contra as suas concorrentes, estou de acordo. Venho fazendo uma economia pra comprar o meu carro nacional e não tem jeito de acompanhar os valores por eles cobrados. Não tem mais o carro popular e os que nos oferecem são caros e pelados. Só uma montueira de plástico. Essas respostas que os concorrentes estão dando a essas empresas Chinesas é que não querem investir em tecnologia para acompanhar o concorrente. Só está faltando a BYD instalar em todo o território nacional os carrrgadores elétricos para dominar de vez o mercado de elétricos. Pois ainda a autonomia de alguns não dá para viajarmos em uma quilometragem maior. Sou contra a vindo da China de kits para montar os carros aqui no Brasil. O governo tem que bater o martelo e exigir que os carros sejam produzidos aqui no início ao fim. Pois gerará mais empregos. Quanto mais concorrentes melhor o preço final do produto. E a guerra entre eles seja em paz e nos proporciona o resultado. E que sejam todos honestos na conversa quando chegam para instalarem as fábricas aqui em nosso país. A BYD foi, ou não esperta em desembarcar essa quantidade de autos para não ser aplicado a porcentagem dos impostos cobrados sobre o carro elétrico. Esss é a minha opinião.
As montadoras que estão instaladas no Brasil, estão acostumadas a não investir em tecnologias e cobrar carissimo por um modelo pelado e só vendido em nosso mercado! Qdo outras montadoras chegam e balançam o mercado elas se mechem, não teríamos carros híbridos ou elétricos, mesmo que de alto custo! se essas outras montadoras chinesas não estivessem no País! Só lembrarmos que um Kwid elétrico custava 159 mil e hoje custa 93 e não vende! Queremos preço e qualidade, não adianta tentar barrar o progresso, ele chegou pra ficar! As montadoras vão ter que se reinventa ou vão declarar falência! O consumidor quer alta qualidade e preço. Chega de dinossauros em nosso mercado!