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Com isenção de R$ 2,5 bilhões, BYD pode dominar mercado com carros desmontados e gerar menos empregos

Escrito por Bruno Teles
Publicado em 31/07/2025 às 13:51
Medida pode esvaziar fábricas brasileiras: carros desmontados geram cinco vezes menos empregos
Medida pode esvaziar fábricas brasileiras: carros desmontados geram cinco vezes menos empregos
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Medida divide a indústria: montadoras tradicionais protestam, enquanto BYD é beneficiada com isenção temporária para montagem local

O governo federal decidiu antecipar o aumento do imposto de importação para carros elétricos e híbridos, mas, ao mesmo tempo, liberou isenção total por seis meses para carros desmontados — os chamados veículos em CKD ou SKD. A medida afeta diretamente os planos da montadora chinesa BYD e reaquece uma disputa pública com as fabricantes tradicionais instaladas no Brasil.

O anúncio foi feito nesta quarta-feira (30) pelo Comitê Executivo de Gestão da Câmara de Comércio Exterior (Camex), órgão ligado ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, comandado por Geraldo Alckmin. A mudança antecipa o retorno da alíquota cheia de 35% para carros eletrificados para janeiro de 2026, mas concede cotas isentas para importação de kits desmontados durante o segundo semestre de 2025.

Quem ganha com a isenção temporária para carros desmontados

A isenção beneficia diretamente a BYD, que vai inaugurar sua fábrica em Camaçari (BA) utilizando o modelo de montagem parcial (SKD), no qual as peças chegam da China e são montadas localmente. O incentivo permite que a empresa inicie as operações com alíquota zero de importação de kits, reduzindo os custos logísticos e tributários nesse estágio inicial.

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A BYD havia pedido a redução da tarifa de 20% para 10%, mas o governo foi além: zerou a alíquota temporariamente para carros desmontados, o que representa, segundo a Camex, uma exceção estratégica com prazo definido. A medida vale por seis meses, com teto de US$ 463 milhões em importações.

Quanto e quando sobe o imposto para carros elétricos

O Imposto de Importação para veículos eletrificados já estava em processo gradual de retomada. Atualmente, está em 25% para elétricos puros, 28% para híbridos plug-in e 30% para híbridos convencionais. A nova decisão antecipa o retorno da alíquota cheia de 35% para janeiro de 2026 — um ano e meio antes do previsto anteriormente.

Essa era uma demanda direta da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), que vinha pressionando o governo para frear o avanço das marcas chinesas, em especial a BYD, que vem crescendo rapidamente nas vendas de elétricos no país.

Onde está o conflito entre montadoras e o governo

A medida foi considerada um meio-termo: atende ao pleito da Anfavea ao antecipar a taxação total para eletrificados, mas também agrada à BYD ao liberar a entrada de kits desmontados com isenção. O resultado: insatisfação dos dois lados e uma troca pública de cartas e acusações entre gigantes da indústria.

Em carta enviada ao presidente Lula, os CEOs de Volkswagen, Stellantis, Toyota e GM afirmam que a isenção para carros desmontados “quebra a isonomia” e ameaça a geração de empregos qualificados no país. Eles argumentam que a prática enfraquece a cadeia produtiva nacional, já que a montagem SKD gera de 2 a 3 empregos indiretos por vaga direta, contra 10 em fábricas com produção completa, segundo dados da própria Anfavea.

O que diz a BYD sobre os ataques das concorrentes

A resposta da BYD veio em tom duro. Em carta aberta à imprensa, a montadora chinesa classificou as concorrentes como “obsoletas” e disse que elas “surtam como dinossauros diante de um meteoro”, numa metáfora direta sobre a transformação trazida pelos elétricos. A BYD acusou as montadoras tradicionais de entregar produtos caros, ultrapassados e com design pouco inovador, e afirmou que sua presença representa um avanço tecnológico inevitável.

Vale a pena incentivar carros desmontados no Brasil?

O uso de SKD ou CKD como etapa inicial é comum em implantações industriais, mas o risco é transformar esse modelo em padrão permanente, sem incentivo real à nacionalização de componentes e geração de empregos locais. A Associação Brasileira de Engenheiros Automotivos (AEA) manifestou preocupação com essa abordagem, afirmando que ela não contribui para a formação de mão de obra qualificada e não atende ao tripé de sustentabilidade econômica, social e ambiental.

Você acha justo isentar carros desmontados enquanto o imposto para elétricos sobe? Isso estimula ou enfraquece a indústria nacional? Deixe sua opinião nos comentários — queremos ouvir quem acompanha esse setor de perto.

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Bruno Teles

Falo sobre tecnologia, inovação, petróleo e gás. Atualizo diariamente sobre oportunidades no mercado brasileiro. Com mais de 7.000 artigos publicados nos sites CPG, Naval Porto Estaleiro, Mineração Brasil e Obras Construção Civil. Sugestão de pauta? Manda no brunotelesredator@gmail.com

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