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Com foguete de motor caseiro, brasileiros vencem maior torneio aeroespacial universitário do mundo nos Estados Unidos

Escrito por Caio Aviz
Publicado em 17/06/2025 às 12:54
Equipe reunida em evento internacional de lançamento de foguetes educacionais
Centenas de participantes se reúnem para competição internacional de foguetes educacionais nos Estados Unidos
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Brasil mostra força na maior competição universitária de foguetes do mundo


Em junho de 2025, seis equipes de universidades públicas brasileiras brilharam na International Rocket Engineering Competition (IREC), realizada em Midland, no Texas.

Organizado pela Experimental Sounding Rocket Association (ESRA), o torneio é reconhecido globalmente como o maior da categoria.

A edição contou com mais de 2 mil estudantes e 185 equipes de diferentes países.

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Apesar dos desafios financeiros e técnicos, as universidades do Brasil se destacaram em categorias complexas.

A UFABC – (Universidade Federal do ABC) conquistou o primeiro lugar na 10K Solid SRAD.

A UFSC – (Universidade Federal de Santa Catarina) alcançou o terceiro lugar na categoria 30 mil pés SRAD.

A UERJ – (Universidade Estadual do Rio de Janeiro) foi premiada pelo espírito de equipe com o Nancy Squires Team Spirit Award.

Esses resultados marcaram um avanço notável em relação a 2024.

Naquele ano, apenas duas equipes brasileiras conseguiram competir.

UFABC vence com foguete desenvolvido por estudantes

A equipe UFABC Rocket Design, da Universidade Federal do ABC, fez história.

Após um hiato desde 2019, o grupo retornou à IREC e garantiu o primeiro lugar na categoria 10 mil pés SRAD com motor sólido.

Esse resultado inédito no Brasil superou o desempenho da USP em 2024.

Na ocasião, a universidade havia ficado em segundo lugar.

Lucas Fabrino, responsável pelo marketing da equipe, relatou que a expectativa inicial era alcançar o top 3.

Quando o nome da UFABC não apareceu entre os três primeiros, muitos pensaram que estavam fora do pódio.

Entretanto, a surpresa veio com o anúncio do primeiro lugar.

“Quando vimos ‘Team 302, Federal University of ABC’ no telão, a emoção tomou conta”, afirmou.

Mesmo com um orçamento significativamente inferior ao de outras equipes, os estudantes venceram uma das categorias mais exigentes da competição.

Eles desenvolveram integralmente o motor do foguete, respeitando rigorosos padrões de engenharia aeroespacial.

Esse feito reforça a capacidade técnica e o compromisso das universidades públicas brasileiras com a inovação.

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UFSC rompe barreiras e se destaca em voo de 9 km de altitude

A equipe Kosmos, da Universidade Federal de Santa Catarina, também obteve reconhecimento internacional.

Eles alcançaram o terceiro lugar na categoria 30 mil pés SRAD.

A equipe foi a primeira do hemisfério sul a competir nessa modalidade.

Segundo José Roberto dos Santos, capitão da equipe, o desenvolvimento do foguete enfrentou obstáculos desde a concepção até o lançamento.

Ainda assim, a dedicação do grupo resultou em dois prêmios inéditos.

Durante os testes, uma explosão quase comprometeu o projeto.

No entanto, a equipe reagiu rapidamente, captou recursos e aperfeiçoou o foguete com ajuda de especialistas.

No momento do lançamento, a comunidade universitária parou para assistir.

Professores interromperam provas e laboratórios suspenderam atividades para acompanhar o voo, transmitido ao vivo em salas de cinema.

Além do pódio, a equipe levou o Team Sportsmanship Award.

O prêmio é reconhecimento pelo espírito colaborativo demonstrado durante o evento.

Equipes da UERJ, USP, UFJF e IME também marcam presença e inovações

A equipe GFRJ, da UERJ, foi premiada com o Nancy Squires Team Spirit Award.

O reconhecimento destacou o entusiasmo e o apoio aos demais competidores.

“Essa conquista reforça nossa paixão pelo setor aeroespacial”, comentou o grupo.

A equipe Projeto Júpiter, da Escola Politécnica da USP, também teve papel importante.

Apesar de problemas técnicos durante a recuperação do foguete, eles foram os primeiros a lançar na competição.

Além disso, inovaram com o uso de um sistema de freio aerodinâmico, conhecido como “air break”.

Esse sistema permitiu controlar com precisão a altitude do voo.

A Supernova, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), apresentou o software Machwave, desenvolvido em Python.

A ferramenta realiza simulação de motores com alta confiabilidade estatística.

A equipe foi uma das 25 selecionadas, entre mais de 150, para a Podium Session.

A sessão é um espaço reservado às inovações mais significativas do torneio.

A equipe CEOS, do Instituto Militar de Engenharia (IME), participou com o foguete Condor.

O projeto foi construído com peças artesanais e elogiado durante a inspeção técnica.

O grupo havia se classificado em sexto lugar na Latin America Space Challenge de 2023.

Internacional Rocket Engineering 2025 / Imagem: Google Imagens.

Superando barreiras técnicas, legais e estruturais com criatividade e persistência

As universidades brasileiras, apesar dos avanços, enfrentaram inúmeros desafios para participar do evento nos EUA.

Devido à falta de recursos, aliada às restrições legais e à dificuldade em importar materiais específicos, foi necessário buscar soluções criativas.

Por isso, muitas equipes optaram por motores do tipo “sugar motor”.

Esses motores, compostos por nitrato de potássio e sorbitol, tornaram-se uma alternativa viável.

Além disso, eles são mais acessíveis e permitidos legalmente no Brasil.

Embora antes vistos com desconfiança, esses motores demonstraram desempenho confiável na edição de 2025.

Ao mesmo tempo, os estudantes precisaram buscar financiamento por meio de campanhas, rifas e parcerias privadas.

Samuel Nascimento, da equipe Projeto Júpiter da USP, destacou que, mesmo com a estrutura precária, o crescimento brasileiro não foi impedido.

Como resultado, o país saltou de duas equipes em 2024 para seis em 2025.

Esse crescimento, mesmo diante de adversidades, evidencia o potencial científico nacional.

Além disso, reforça a força do ensino público brasileiro.

Com a aprovação da Lei Geral do Espaço em 2024, o país agora possui um marco regulatório para atividades espaciais.

Essa legislação, portanto, estimula a participação de universidades e empresas no setor.

Dessa forma, ela cria um ambiente mais propício para inovação.

Por fim, as conquistas das equipes brasileiras na IREC 2025 demonstram que, mesmo com obstáculos, o Brasil tem condições de ocupar espaço relevante na corrida aeroespacial internacional.

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Escrevo sobre o mercado offshore, petróleo e gás, vagas de emprego, energias renováveis, mineração, economia, inovação e curiosidades, tecnologia, geopolítica, governo, entre outros temas. Buscando sempre atualizações diárias e assuntos relevantes, exponho um conteúdo rico, considerável e significativo. Para sugestões de pauta e feedbacks, faça contato no e-mail: avizzcaio12@gmail.com.

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