Explicamos a geologia e a física que tornam este um dos lugares mais únicos do planeta, com dunas, cachoeiras e nascentes borbulhantes.
Imagine um deserto. A imagem que vem à mente é, provavelmente, a de uma vastidão de areia seca e sem vida. Agora, apague essa imagem. Pense em um “deserto” com dunas de um tom alaranjado que chegam a 40 metros de altura, mas cercado por rios de águas potáveis, cachoeiras imponentes e, o mais intrigante de tudo, poços de água borbulhante onde é fisicamente impossível afundar.
Esse lugar paradoxal e de beleza estonteante existe, e está escondido no coração do Brasil. É o Parque Estadual do Deserto do Jalapão, em Tocantins. Mas por trás do cenário que atrai aventureiros de todo o mundo, existe uma explicação fascinante na ciência, uma combinação de geologia e física que criou uma paisagem única no planeta.
O ‘deserto’ que nasceu da rocha: a geologia por trás das dunas laranjas
A primeira pergunta que todos fazem é: por que a areia do Jalapão é laranja? A resposta não está na areia em si, mas nas montanhas ao redor. As famosas dunas do Jalapão são formadas por minúsculos grãos de quartzo.
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Essa areia é o resultado de um processo de milhões de anos de erosão da Serra do Espírito Santo, uma imponente formação de arenito de quartzo. O vento constante na região remove os grãos mais finos da serra e os deposita sempre na mesma área, formando as dunas. A cor alaranjada intensa vem da composição rica em óxido de ferro presente no quartzo, que “enferruja” em contato com o ar e a umidade, dando o tom avermelhado característico da paisagem.
A piscina que não deixa afundar: a física por trás dos fervedouros
O fenômeno mais famoso e intrigante do Jalapão são os fervedouros. São pequenas lagoas de água azul-turquesa, incrivelmente cristalina, com um fundo de areia branca. A grande mágica é que, ao entrar nelas, é verdade que não se afunda. Você pode tentar o quanto quiser, mas seu corpo será empurrado para cima.
Isso não é magia, é física pura. Os fervedouros do Jalapão são, na verdade, a nascente de um rio subterrâneo. A água que vem do lençol freático está sob uma imensa pressão, buscando um caminho para a superfície. Ao encontrar uma fenda no solo arenoso, ela jorra para cima com uma força contínua e poderosa.
Este fenômeno é chamado de ressurgência. A pressão da água vindo de baixo para cima cria um empuxo tão forte que anula o peso do seu corpo, impedindo que você afunde. A sensação de flutuar sem esforço, enquanto a areia borbulha sob seus pés, é uma experiência única.
Onde fica e qual a melhor época para visitar o Jalapão?
O Parque Estadual do Jalapão está localizado no leste do estado do Tocantins, a cerca de 300 km da capital, Palmas. O acesso é feito exclusivamente por veículos 4×4, já que as estradas são de areia e terra.
A melhor época para visitar o Jalapão é durante a estação seca, que vai de maio a setembro. Nesse período, as chuvas são raras, o céu está quase sempre azul e as temperaturas são mais amenas. É o cenário perfeito para explorar não apenas as dunas e os fervedouros, mas também as dezenas de cachoeiras, como a da Velha e a do Formiga, e formações rochosas como a Pedra Furada.
O Jalapão é a prova de que a engenharia da natureza, através de milhões de anos de geologia e das leis da física, é capaz de criar os espetáculos mais surpreendentes e belos da Terra.
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