Com 1,4 bilhão de habitantes, Índia amplia importações de óleo de soja e açúcar, e Brasil se consolida como parceiro estratégico no abastecimento alimentar global.
A Índia, que ultrapassou a China e se tornou o país mais populoso do planeta com mais de 1,4 bilhão de habitantes, é hoje um dos maiores polos consumidores de alimentos do mundo. Essa gigantesca demanda interna tem ampliado as importações de produtos agrícolas estratégicos, como óleo de soja e açúcar, e o Brasil desponta cada vez mais como fornecedor central para atender ao mercado indiano.
A aproximação entre os dois países no comércio de alimentos reforça a posição do Brasil como celeiro global, ao mesmo tempo em que consolida a Índia como um dos principais destinos das exportações brasileiras no agronegócio.
O tamanho da demanda indiana
A Índia vive uma transformação demográfica e econômica. Além de abrigar a maior população mundial, com mais de 1,4 bilhão de pessoas, o país apresenta uma classe média em expansão e hábitos de consumo que elevam a necessidade por óleos vegetais, açúcar, grãos e proteínas.
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Segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), a Índia deve liderar o crescimento do consumo de alimentos até 2030, superando outras economias emergentes.
Brasil ganha protagonismo nas exportações de óleo de soja
O óleo de soja é um dos itens mais procurados pelos indianos. Como a Índia é grande produtora de soja in natura, mas não autossuficiente no refino, precisa importar volumes significativos de óleo para atender à demanda doméstica.
O Brasil, maior exportador global de soja, tem ampliado sua fatia nesse mercado. Nos últimos anos, os embarques de óleo de soja brasileiro para a Índia cresceram de forma consistente, colocando o país entre os principais fornecedores ao lado da Argentina.
Além de ser usado na cozinha indiana, o óleo também é empregado em produtos processados e na indústria alimentícia, o que torna a Índia um cliente estratégico para o agronegócio brasileiro.
Açúcar: um mercado bilionário
Outro produto que conecta Brasil e Índia é o açúcar. Embora a Índia seja um dos maiores produtores mundiais do adoçante, a volatilidade da sua produção — influenciada por safras irregulares e clima adverso — faz com que o país alterne entre exportador e importador.
Em anos de déficit, como ocorreu em 2023 e 2024, a Índia recorreu às importações para equilibrar o mercado interno. O Brasil, que responde por cerca de 40% das exportações globais de açúcar, tornou-se um fornecedor natural para atender à lacuna indiana, fortalecendo a parceria agrícola entre os dois países.
O impacto geopolítico da parceria
A crescente presença do Brasil no mercado indiano de alimentos vai além do comércio. Trata-se de um movimento estratégico que consolida a diplomacia agroalimentar brasileira em um dos maiores mercados emergentes do planeta.
Enquanto a Índia busca garantir segurança alimentar para sua população de 1,4 bilhão de pessoas, o Brasil reforça sua imagem de fornecedor confiável em meio às tensões globais que afetam cadeias de suprimento.
Essa relação ganha ainda mais peso no contexto do BRICS, bloco econômico que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, e que recentemente ampliou seus membros. O intercâmbio agrícola fortalece a agenda de cooperação Sul-Sul e cria novas oportunidades de investimentos em logística e tecnologia agrícola.
Desafios e oportunidades
Apesar da aproximação, ainda existem desafios a superar. Barreiras tarifárias e sanitárias impostas pela Índia muitas vezes limitam a competitividade de produtos brasileiros. Além disso, a infraestrutura logística do Brasil precisa de investimentos para garantir custos mais baixos e embarques mais ágeis.
Por outro lado, o potencial de crescimento é enorme. A Índia tende a se consolidar como um dos maiores mercados para o agronegócio brasileiro não apenas em óleo de soja e açúcar, mas também em milho, carnes e etanol.
Brasil como pilar da segurança alimentar global
O avanço da parceria Brasil–Índia reforça um ponto central: o agronegócio brasileiro é peça-chave na segurança alimentar global. Com abundância de recursos naturais, tecnologia agrícola de ponta e capacidade de expansão, o país se posiciona como o principal fornecedor de alimentos para mercados que não conseguem suprir sua própria demanda.
No caso indiano, essa dependência é ainda mais significativa, pois envolve não apenas a economia, mas a estabilidade social de uma população equivalente a quase 20% da humanidade.