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Com apenas 2,6 hectares e mais de 33 mil moradores vivendo em 5 metros quadrados, prédios de até 14 andares interligados entre si, a cidade mais apertada do mundo virou um labirinto humano onde o sol nunca tocava o chão até ser completamente demolida

Escrito por Valdemar Medeiros
Publicado em 18/10/2025 às 12:49
Com apenas 2,6 hectares e mais de 33 mil moradores vivendo em prédios de até 14 andares interligados entre si, a cidade mais apertada do mundo virou um labirinto humano onde o sol nunca tocava o chão até ser completamente demolida
Foto: Com apenas 2,6 hectares e mais de 33 mil moradores vivendo em prédios de até 14 andares interligados entre si, a cidade mais apertada do mundo virou um labirinto humano onde o sol nunca tocava o chão até ser completamente demolida
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Com 33 mil pessoas em apenas 2,6 hectares, a cidade mais densa da história virou um labirinto humano onde o sol nunca tocava o chão antes de ser demolida.

Durante décadas, uma cidade existiu em silêncio no coração de Hong Kong, escondida sob camadas de concreto, fios e sombra. Em uma área de apenas 2,6 hectares, algo menor que três campos de futebol, viviam mais de 33 mil pessoas, formando o que ficou conhecido como a cidade mais apertada do mundo e mais povoada da história moderna. Um verdadeiro “formigueiro vertical”, onde a luz do sol jamais alcançava o chão e onde cada metro quadrado era disputado como ouro.

Essa cidade, que mais parecia um organismo vivo, era um amontoado de prédios de até 14 andares interligados entre si, construídos sem qualquer planejamento ou supervisão. As paredes de uma casa serviam de apoio para o prédio vizinho; corredores estreitos ligavam centenas de apartamentos e, de tanto concreto sobre concreto, o lugar se tornou um bloco único, como se todos os edifícios fossem um só.

Kowloon Walled City – um território sem dono e sem leis na cidade mais apertada do mundo

O local nasceu em meio a uma disputa política entre a China e o Reino Unido, quando Hong Kong ainda era colônia britânica.

O território da cidade murada — conhecido oficialmente como Kowloon Walled City — permaneceu em uma espécie de limbo jurídico: nem britânico, nem chinês. Essa indefinição fez com que, ao longo das décadas, o poder público simplesmente deixasse de agir ali.

Sem controle do governo, a cidade se tornou autossuficiente, mas também caótica. Médicos, dentistas, cozinheiros e comerciantes operavam sem licença. Oficinas mecânicas, pequenas fábricas e até escolas improvisadas coexistiam em um emaranhado de escadas e passagens escuras.

Com apenas 2,6 hectares e mais de 33 mil moradores vivendo em prédios de até 14 andares interligados entre si, a cidade mais apertada do mundo virou um labirinto humano onde o sol nunca tocava o chão até ser completamente demolida
Kowloon Walled City – a cidade mais apertada do mundo

A água vinha de bombas instaladas pelos próprios moradores, e a eletricidade era puxada de redes improvisadas, com fios cruzando janelas e becos em todas as direções.

No alto, os terraços formavam um labirinto irregular de telhados e passagens. Ali, crianças brincavam, roupas secavam e famílias tentavam capturar algum resquício de luz já que, no nível da rua, o sol nunca tocava o chão. A densidade era tamanha que o ar era abafado e úmido, com cheiro constante de fumaça e óleo de cozinha.

Um labirinto vivo no coração de Hong Kong

Dentro da cidade, ninguém realmente sabia onde terminava uma casa e começava outra. Os becos eram tão estreitos que duas pessoas mal conseguiam se cruzar. Os prédios estavam tão próximos que as janelas de apartamentos diferentes quase se tocavam. Em algumas áreas, era impossível distinguir o dia da noite.

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E ainda assim, a cidade funcionava. Havia mercearias, templos, creches, padarias e até pequenos restaurantes, tudo empilhado em camadas verticais. Estima-se que mais de 300 edifícios estavam conectados entre si, com uma densidade equivalente a 1,25 milhão de habitantes por quilômetro quadrado — um número jamais repetido em outro lugar do planeta.

Os moradores criaram uma espécie de sociedade informal baseada na convivência e na necessidade. Mesmo com o estigma de ser considerada uma “cidade sem lei”, boa parte dos relatos descreve uma comunidade solidária, onde vizinhos compartilhavam água, comida e até a eletricidade.

A fama mundial e o colapso inevitável

Nos anos 1980, a cidade murada começou a chamar atenção do mundo. Fotógrafos, urbanistas e documentaristas passaram a visitá-la para tentar entender como um lugar tão denso e desorganizado podia continuar existindo.

As imagens eram quase inacreditáveis: prédios sobrepostos, escadas que terminavam em becos sem saída, tubulações cortando salas de estar e pessoas vivendo em espaços minúsculos, muitas vezes de apenas 5 metros quadrados.

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Mas o que fascinava também preocupava. As condições sanitárias eram precárias, e o risco de incêndios ou colapsos estruturais crescia a cada ano. O governo de Hong Kong, pressionado pela opinião pública e pelos riscos à saúde, decidiu demolir completamente a cidade e realocar os moradores.

A operação foi uma das mais complexas da história urbana do território. Demolir uma cidade que era, na prática, um único bloco de concreto exigiu planejamento e meses de trabalho. Aos poucos, máquinas derrubaram os edifícios, revelando o vazio onde antes existia um dos locais mais emblemáticos do século XX.

O que restou da cidade murada

Hoje, no mesmo local, existe o Kowloon Walled City Park, um parque arborizado que preserva parte das antigas muralhas e estruturas originais. Réplicas de becos e maquetes em escala contam a história daquele lugar que, por quase um século, desafiou a lógica do urbanismo moderno.

O espaço é considerado um símbolo de resistência e improvisação humana — um lembrete de até onde a sociedade pode chegar quando é deixada à própria sorte, mas também um testemunho da capacidade de adaptação das pessoas.

A cidade murada desapareceu, mas sua imagem permanece viva. Ela é retratada em filmes, jogos e séries, frequentemente usada como metáfora de um mundo distópico, desordenado e ao mesmo tempo fascinante.

Um colosso de concreto e humanidade

No auge, a antiga cidade murada concentrava 13 vezes mais pessoas por metro quadrado do que Manhattan, e ainda assim, seus moradores criaram uma vida funcional e autossuficiente. Entre sombras e luzes artificiais, nasceu uma comunidade complexa, pulsante e cheia de histórias.

Demolida, mas jamais esquecida, essa cidade continua sendo um espelho do limite humano entre o caos e a sobrevivência. Um lembrete de que, mesmo cercada por concreto, a vida sempre encontra um jeito de continuar.

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Valdemar Medeiros

Formado em Jornalismo e Marketing, é autor de mais de 20 mil artigos que já alcançaram milhões de leitores no Brasil e no exterior. Já escreveu para marcas e veículos como 99, Natura, O Boticário, CPG – Click Petróleo e Gás, Agência Raccon e outros. Especialista em Indústria Automotiva, Tecnologia, Carreiras (empregabilidade e cursos), Economia e outros temas. Contato e sugestões de pauta: valdemarmedeiros4@gmail.com. Não aceitamos currículos!

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