1. Início
  2. / Indústria
  3. / Com 1,2 milhão de m² e produção anual de 3,2 milhões de toneladas, a maior fábrica de papel e celulose do mundo fica no Brasil e funciona como uma cidade sustentável, movimentando a economia do Centro-Oeste
Tempo de leitura 6 min de leitura Comentários 0 comentários

Com 1,2 milhão de m² e produção anual de 3,2 milhões de toneladas, a maior fábrica de papel e celulose do mundo fica no Brasil e funciona como uma cidade sustentável, movimentando a economia do Centro-Oeste

Escrito por Valdemar Medeiros
Publicado em 08/10/2025 às 08:55
Com 1,2 milhão de m² e produção anual de 3,2 milhões de toneladas, a maior fábrica de papel e celulose das Américas fica no Brasil e funciona como uma cidade sustentável, movimentando a economia do Centro-Oeste
Complexo com duas linhas de produção da Fibria em Três Lagoas — Foto: Fibria/Divulgação
Seja o primeiro a reagir!
Reagir ao artigo

Maior fábrica de papel e celulose das Américas, em Três Lagoas, produz 3,2 milhões de toneladas por ano e funciona como uma cidade sustentável

No coração de Mato Grosso do Sul, uma estrutura colossal redefine o conceito de indústria moderna no Brasil. Localizada em Três Lagoas, a fábrica da Suzano S.A. impressiona por sua escala monumental: são 1,2 milhão de metros quadrados de área construída, mais de 7 mil trabalhadores diretos e indiretos e uma capacidade anual de 3,2 milhões de toneladas de celulose de eucalipto. O que nasceu como um projeto ambicioso de expansão tornou-se hoje a maior fábrica de papel e celulose das Américas — e uma das mais sustentáveis do planeta.

Um colosso industrial que funciona como uma cidade

Ao entrar no complexo da Suzano, é impossível não compará-lo a uma cidade em funcionamento. O local possui ruas internas pavimentadas, sistemas próprios de energia e tratamento de água, refeitórios, áreas de convivência, estacionamentos, escritórios e até estruturas de transporte interno. São milhares de pessoas circulando diariamente, em um ritmo contínuo de operação 24 horas por dia, sete dias por semana.

A magnitude da estrutura impressiona: o complexo industrial ocupa 40 km² de área total, considerando as florestas plantadas, áreas de preservação e zonas logísticas.

O coração do sistema é formado por duas linhas de produção, conhecidas como Projeto Horizonte I e Horizonte II, inauguradas em 2012 e 2017, respectivamente.

YouTube Video

O investimento na expansão da unidade superou US$ 2,7 bilhões, um dos maiores da história recente do setor florestal brasileiro. O impacto econômico foi tão grande que Três Lagoas passou a ser chamada de “Capital Mundial da Celulose”, abrigando também outras gigantes do setor.

Centro de tecnologia e eficiência energética

Além do tamanho, o que diferencia a planta da Suzano é sua inteligência industrial. A unidade foi projetada com os mais altos padrões de automação e sustentabilidade.

O processo de produção utiliza energia autossuficiente, gerada pela queima da lignina — um subproduto da madeira em caldeiras de alta eficiência. Essa energia alimenta todo o complexo, e o excedente é enviado à rede elétrica nacional, abastecendo cidades vizinhas.

O sistema de reaproveitamento de água também é referência global: 99,7% de toda a água utilizada no processo é tratada e reutilizada, minimizando o impacto ambiental e reduzindo drasticamente o consumo hídrico.

A fábrica opera ainda com sensores automatizados e controle digital de processos, garantindo precisão nas etapas de cozimento, branqueamento e secagem da celulose.

Sustentabilidade e economia circular

O modelo produtivo da Suzano em Três Lagoas foi desenhado para seguir o conceito de economia circular, em que praticamente tudo se transforma.

Os resíduos sólidos são reaproveitados para gerar energia; os gases resultantes da queima da biomassa são convertidos em vapor; e até as cinzas produzidas nas caldeiras voltam ao solo como fertilizantes.

Além disso, a empresa mantém mais de 100 mil hectares de áreas de preservação ambiental ao redor das plantações de eucalipto, formando corredores ecológicos que protegem espécies nativas do Cerrado.
Segundo o relatório de sustentabilidade da companhia, cerca de 40% da área total do complexo é destinada exclusivamente à conservação da biodiversidade.

A Suzano também investe em programas sociais voltados à comunidade local, promovendo capacitação profissional, inclusão social e incentivo à educação técnica.

Motor da economia do Centro-Oeste

A presença da maior fábrica de papel e celulose das Américas transformou completamente a economia de Três Lagoas e da região Centro-Oeste.

Desde a implantação do primeiro módulo industrial, o município viu seu PIB triplicar e o número de empregos formais disparar. Hoje, a cidade é considerada um dos maiores polos industriais do Brasil e concentra uma cadeia produtiva que inclui transporte, metalurgia, energia, química e serviços especializados.

Estima-se que, para cada vaga direta dentro da fábrica, outras cinco vagas indiretas sejam geradas em empresas de apoio, como fornecedoras de equipamentos, manutenção, transporte e alimentação.

A arrecadação de impostos municipais e estaduais também cresceu de forma significativa, tornando Três Lagoas uma das cidades de maior arrecadação per capita do estado.

Tecnologia brasileira com impacto global

A celulose produzida em Três Lagoas é enviada para mais de 60 países, com destaque para China, Estados Unidos, Alemanha, França e Itália, onde é utilizada na fabricação de papéis sanitários, de impressão, embalagens e até produtos hospitalares.

O Brasil é hoje o maior exportador de celulose de fibra curta do mundo, e grande parte desse título se deve à operação da Suzano em Mato Grosso do Sul.

O porto de Santos (SP) é o principal destino da produção, que segue em trens e caminhões especializados.

A cada ano, mais de 100 mil contêineres partem de Três Lagoas rumo aos terminais marítimos, levando um produto 100% nacional que se tornou referência de qualidade e sustentabilidade.

Um modelo de futuro para a indústria brasileira

Enquanto o mundo busca reduzir emissões e tornar a produção industrial mais limpa, o modelo adotado pela Suzano é frequentemente citado em fóruns internacionais de sustentabilidade.

A empresa integra o Pacto Global da ONU, participa de projetos de reflorestamento e é uma das pioneiras na emissão de green bonds (títulos verdes) para financiar expansão sustentável.

A automação da fábrica também é uma vitrine da indústria 4.0 no Brasil: robôs são utilizados na movimentação de fardos de celulose, drones monitoram as florestas e sistemas de big data controlam o consumo de energia em tempo real.

Esse ecossistema tecnológico posiciona o país como uma das lideranças globais no setor de base florestal combinando alta produtividade com responsabilidade ambiental.

De Três Lagoas para o mundo: o poder do eucalipto brasileiro

O segredo da eficiência da fábrica está na matéria-prima nacional. O eucalipto cultivado no solo do Centro-Oeste cresce até três vezes mais rápido do que o de países nórdicos, graças às condições climáticas favoráveis.

Isso permite uma produção mais sustentável e competitiva, reduzindo o tempo de rotação das florestas e garantindo uma das menores pegadas de carbono do setor.

Com o avanço das exportações e a busca crescente por produtos recicláveis, a celulose brasileira tende a se tornar ainda mais estratégica na transição global para materiais de origem renovável.

Uma cidade industrial que não para de crescer

Quase duas décadas após sua inauguração, o complexo da Suzano continua se expandindo. Novos investimentos em infraestrutura e tecnologia estão previstos para os próximos anos, incluindo projetos de bioprodutos derivados da madeira como bioplásticos e combustíveis sustentáveis.

Para a população local, o impacto vai além dos números: a fábrica impulsionou a modernização da cidade, atraiu novas empresas e transformou Três Lagoas em um dos principais polos industriais e logísticos do Brasil.

Mais do que uma planta fabril, o local é um organismo vivo, onde tecnologia, natureza e pessoas coexistem em harmonia.

Um gigante que simboliza o novo Brasil industrial

A maior fábrica de papel e celulose das Américas é um exemplo de que o Brasil pode liderar setores de alta produtividade com base em inovação e sustentabilidade.

Com seus 1,2 milhão de metros quadrados, 3,2 milhões de toneladas produzidas por ano e um modelo de operação autossuficiente, o complexo da Suzano mostra que o país tem competência para transformar recursos naturais em riqueza com responsabilidade.

Assim como Itaipu é um símbolo de energia e Embraer da tecnologia, Três Lagoas se consolida como o retrato do poder industrial verde brasileiro um lugar onde o som das máquinas se mistura ao canto das florestas e onde o progresso se mede não apenas em toneladas, mas em legado ambiental e social.

Banner quadrado em fundo preto com gradiente, destacando a frase “Acesse o CPG Click Petróleo e Gás com menos anúncios” em letras brancas e vermelhas. Abaixo, texto informativo: “App leve, notícias personalizadas, comentários, currículos e muito mais”. No rodapé, ícones da Google Play e App Store indicam a disponibilidade do aplicativo.
Inscreva-se
Notificar de
guest
0 Comentários
Mais recente
Mais antigos Mais votado
Feedbacks
Visualizar todos comentários
Valdemar Medeiros

Formado em Jornalismo e Marketing, é autor de mais de 20 mil artigos que já alcançaram milhões de leitores no Brasil e no exterior. Já escreveu para marcas e veículos como 99, Natura, O Boticário, CPG – Click Petróleo e Gás, Agência Raccon e outros. Especialista em Indústria Automotiva, Tecnologia, Carreiras (empregabilidade e cursos), Economia e outros temas. Contato e sugestões de pauta: valdemarmedeiros4@gmail.com. Não aceitamos currículos!

Compartilhar em aplicativos
0
Adoraríamos sua opnião sobre esse assunto, comente!x