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Mais limpo, mais barato e mais forte: novo cimento de argila e calcário desafia o reinado do Portland e ganha espaço nas construções modernas

Escrito por Débora Araújo
Publicado em 10/11/2025 às 10:33
Mais limpo, mais barato e mais forte: novo cimento de argila e calcário desafia o reinado do Portland e ganha espaço nas construções modernas
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Desenvolvido na Suíça, o cimento LC3 combina argila calcinada e calcário, reduz até 40% das emissões de CO₂ e pode substituir o Portland como material padrão da construção moderna.

Um novo material está prestes a redefinir o futuro da construção civil. Desenvolvido por pesquisadores da Escola Politécnica Federal de Lausanne, na Suíça, o cimento LC3 (Limestone Calcined Clay Cement) vem sendo considerado o sucessor natural do tradicional cimento Portland. Feito a partir de argila calcinada e calcário, ele promete reduzir até 40% das emissões de CO₂ e diminuir custos de produção em cerca de 30%, segundo dados do LC3 Project e do Banco Mundial. O impacto é tão significativo que o LC3 já está sendo usado em obras na Índia, Cuba, Suíça e Dinamarca, abrindo caminho para uma nova era de construções sustentáveis — mais limpas, rápidas e eficientes.

Como o cimento LC3 substitui o Portland e reduz emissões

A diferença entre o LC3 e o cimento tradicional começa na base química. O cimento Portland depende da produção de clínquer — um composto que exige fornos a 1.450 °C e libera grandes volumes de CO₂ durante o processo. Já o LC3 utiliza argila calcinada aquecida a apenas 800 °C e calcário moído, reduzindo o consumo de energia e evitando parte das reações químicas que emitem gases de efeito estufa.

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Além de mais ecológico, o material apresenta resistência mecânica semelhante e maior durabilidade. Testes realizados na Europa e na Ásia mostraram menor retração e menos fissuras em estruturas, o que amplia a vida útil das construções e reduz gastos com manutenção.

Eficiência comprovada em grandes obras internacionais

Desde 2022, o cimento de argila e calcário vem sendo incorporado em projetos de habitação popular, rodovias e edifícios corporativos em diferentes países. Na Índia, um consórcio de fabricantes locais investe na substituição progressiva do Portland em programas de moradia sustentável. Na Suíça, o material foi usado em hospitais e escolas públicas, enquanto em Cuba ele já integra construções de médio porte com desempenho térmico superior — reduzindo a necessidade de refrigeração artificial.

De acordo com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), o LC3 é uma das inovações mais promissoras para descarbonizar a indústria da construção, podendo evitar até 400 milhões de toneladas de CO₂ por ano se adotado em larga escala.

Construção sustentável e economia para o setor

Para construtoras e investidores, o LC3 oferece uma combinação rara: baixo custo, alto desempenho e apelo ambiental. Como parte da matéria-prima pode vir de argilas locais ou resíduos industriais, a dependência de matérias-primas importadas cai drasticamente.
Em obras de grande porte, relatórios do LC3 Project indicam economia média de 20% a 30% nos custos logísticos e energéticos, além de maior produtividade em canteiros de obra pela facilidade de manuseio e cura mais rápida.

O Banco Mundial apoia a disseminação da tecnologia em países emergentes, destacando seu potencial para impulsionar economias de baixo carbono e reduzir a pegada ambiental do setor — responsável por 8% das emissões globais de gases de efeito estufa.

Brasil estuda adoção e adaptação do cimento LC3

Pesquisadores da USP e da UFMG já iniciaram estudos para adaptar o LC3 às condições brasileiras, avaliando o comportamento do material com diferentes tipos de argila disponíveis no país. O desafio principal está na regulamentação e certificação, já que as normas da ABNT ainda não contemplam oficialmente esse tipo de cimento.

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Mesmo assim, startups e grandes construtoras começam a se movimentar. Empresas de Minas Gerais e São Paulo analisam a viabilidade de converter fornos industriais para a produção de argila calcinada em larga escala, enquanto o setor público discute incentivos fiscais para materiais sustentáveis em obras públicas.

O futuro da construção civil: economia, tecnologia e sustentabilidade

O avanço do cimento LC3 representa mais do que uma inovação técnica — é um marco na transição ecológica da construção civil. Ao combinar desempenho estrutural com baixo impacto ambiental, o material prova que é possível erguer cidades inteiras sem repetir os erros do passado.

Em um momento em que o planeta busca alternativas para reduzir emissões e otimizar recursos, o cimento de argila e calcário surge como símbolo de uma nova era construtiva, onde eficiência, sustentabilidade e economia finalmente caminham lado a lado.

Se o Portland moldou o século XX, o LC3 está pronto para construir o século XXI — com menos carbono, mais inovação e a promessa de transformar para sempre a forma como o mundo constrói.

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Débora Araújo

Débora Araújo é redatora no Click Petróleo e Gás, com mais de dois anos de experiência em produção de conteúdo e mais de mil matérias publicadas sobre tecnologia, mercado de trabalho, geopolítica, indústria, construção, curiosidades e outros temas. Seu foco é produzir conteúdos acessíveis, bem apurados e de interesse coletivo. Sugestões de pauta, correções ou mensagens podem ser enviadas para contato.deboraaraujo.news@gmail.com

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