Um novo combustível de aviação, criado a partir de milho e resíduos agrícolas por cientistas dos EUA, promete transformar o setor aéreo e reduzir drasticamente as emissões de carbono em voos comerciais e militares.
Pesquisadores da Washington State University (WSU) deram um passo muito importante na criação de um combustível de aviação sustentável. Eles conseguiram desenvolver uma técnica inovadora para produzir combustível de jato a partir de resíduos agrícolas, especificamente a lignina, um componente estrutural essencial das plantas.
Para esses estudiosos, essa nova técnica pode transformar a indústria da aviação, oferecendo uma alternativa mais limpa e eficiente aos combustíveis tradicionais derivados de combustíveis fósseis.
Cientistas dos EUA conseguem um avanço significativo para a aviação
O consumo global de combustível de aviação atingiu um recorde de quase 100 bilhões de galões em 2023, e a expectativa é que a demanda continue crescendo. Nesse cenário, a busca por soluções sustentáveis se intensificou.
- Nova lei revoluciona combustíveis no Brasil: o segredo do diesel verde que pode transformar gordura em energia!
- Importante Usina (BR) será reaberta com produção histórica e gerará 1.200 novos empregos diretos!
- CB Bioenergia investe R$ 100 milhões na primeira usina de etanol de trigo do Brasil – descubra como Santiago, RS, pode reduzir milhões em emissões de carbono com esse combustível revolucionário!
- Maior Usina do Mundo: com investimento de R$ 4,1 bilhões, Inpasa amplia operações de etanol de milho no Mato Grosso
Combustíveis de aviação sustentáveis, feitos de biomassa vegetal, como a lignina, podem desempenhar um papel fundamental na redução das emissões de carbono, minimizando o impacto climático da aviação e contribuindo para metas globais de neutralidade de carbono.
A lignina é uma classe de moléculas que conferem rigidez às plantas e pode ser extraída de resíduos agrícolas, como a palha de milho – os talos, espigas e folhas que sobram após a colheita.
O processo desenvolvido pelos cientistas da WSU envolve a “despolimerização e hidrodesoxigenação simultâneas“, uma técnica que quebra os polímeros da lignina e remove o oxigênio, transformando-os em um combustível pronto para uso em motores de jato.
Essa inovação é especialmente promissora porque pode substituir os aromáticos à base de petróleo, que são usados atualmente para aumentar a densidade do combustível e manter as vedações O-ring em juntas metálicas.
Além de ser uma alternativa renovável, os hidrocarbonetos derivados da lignina podem reduzir a formação de rastros de condensação, que contribuem para o impacto climático da aviação.
Escalabilidade e viabilidade comercial
O estudo liderado por Bin Yang, cientista-chefe da pesquisa, representa um marco no desenvolvimento de combustíveis sustentáveis para a aviação. De acordo com Yang, a pesquisa “leva essa tecnologia um passo mais perto do uso no mundo real“, fornecendo dados cruciais para avaliar sua viabilidade comercial.
Diferentemente de abordagens anteriores que dependiam de bio-óleos de lignina mais refinados e caros, os cientistas da WSU utilizaram uma forma mais econômica chamada “lignina técnica“, obtida a partir da palha de milho. O uso desse tipo de lignina é mais barato e mais prático, facilitando a escalabilidade do processo de produção.
O combustível gerado a partir desse processo oferece uma alta densidade energética e pode ser usado para melhorar a eficiência dos combustíveis misturados atualmente.
A produção contínua, testada com sucesso pelos pesquisadores, é crucial para que a tecnologia alcance níveis comerciais. Josh Heyne, outro membro da equipe e codiretor do Instituto de Bioprodutos da WSU, destacou que o objetivo final é desenvolver um combustível de aviação 100% renovável, compatível com motores, infraestrutura e aeronaves existentes, sem a necessidade de ajustes significativos.
Perspectivas globais para combustíveis sustentáveis
A iniciativa da WSU está alinhada com uma tendência global crescente em direção ao desenvolvimento e implementação de combustíveis de aviação sustentáveis (SAF, na sigla em inglês).
Na China, um projeto piloto para SAF foi lançado recentemente, com planos de utilizá-lo em 12 voos durante a fase inicial deste ano.
A segunda fase do projeto, prevista para 2025, deverá ampliar a participação de SAF nos voos, embora ainda não tenham sido divulgados detalhes sobre a proporção de SAF para querosene.
Paralelamente, a Fórmula 1 também anunciou seu primeiro investimento em SAF como parte de sua estratégia para alcançar emissões líquidas zero até 2030.
O SAF está sendo empregado nos voos de carga fretados da organização por meio de um sistema de “reserva e reivindicação“, que permite às empresas comprar SAF e garantir sua utilização, contribuindo para a redução das emissões na aviação.
Esses avanços sublinham a importância crescente dos combustíveis sustentáveis no combate às mudanças climáticas, especialmente em setores altamente dependentes de combustíveis fósseis, como o da aviação.
Embora ainda haja desafios significativos na escalabilidade e comercialização dessas tecnologias, o progresso alcançado até agora é promissor.
O futuro com o combustível de aviação sustentável
A pesquisa da WSU abre novas perspectivas para a aviação sustentável. Com a capacidade de substituir os aromáticos derivados de petróleo, o combustível à base de lignina representa uma alternativa limpa e eficiente, capaz de se integrar à infraestrutura existente da aviação.
Conforme a demanda por combustíveis de aviação continuar a crescer, soluções como essa se tornarão cada vez mais essenciais para mitigar os impactos ambientais do setor.
Em um mundo em que a pressão por alternativas sustentáveis só aumenta, o desenvolvimento de tecnologias como o SAF é um passo fundamental para garantir que a indústria da aviação contribua de forma positiva para um futuro de baixo carbono.