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Cientistas dos EUA desenvolvem um combustível de aviação sustentável feito a partir de milho e resíduos agrícolas

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 27/09/2024 às 22:40
Foto; Reprodução

Um novo combustível de aviação, criado a partir de milho e resíduos agrícolas por cientistas dos EUA, promete transformar o setor aéreo e reduzir drasticamente as emissões de carbono em voos comerciais e militares.

Pesquisadores da Washington State University (WSU) deram um passo muito importante na criação de um combustível de aviação sustentável. Eles conseguiram desenvolver uma técnica inovadora para produzir combustível de jato a partir de resíduos agrícolas, especificamente a lignina, um componente estrutural essencial das plantas.

Para esses estudiosos, essa nova técnica pode transformar a indústria da aviação, oferecendo uma alternativa mais limpa e eficiente aos combustíveis tradicionais derivados de combustíveis fósseis.

Cientistas dos EUA conseguem um avanço significativo para a aviação

O consumo global de combustível de aviação atingiu um recorde de quase 100 bilhões de galões em 2023, e a expectativa é que a demanda continue crescendo. Nesse cenário, a busca por soluções sustentáveis se intensificou.

Combustíveis de aviação sustentáveis, feitos de biomassa vegetal, como a lignina, podem desempenhar um papel fundamental na redução das emissões de carbono, minimizando o impacto climático da aviação e contribuindo para metas globais de neutralidade de carbono.

A lignina é uma classe de moléculas que conferem rigidez às plantas e pode ser extraída de resíduos agrícolas, como a palha de milho – os talos, espigas e folhas que sobram após a colheita.

O processo desenvolvido pelos cientistas da WSU envolve a “despolimerização e hidrodesoxigenação simultâneas“, uma técnica que quebra os polímeros da lignina e remove o oxigênio, transformando-os em um combustível pronto para uso em motores de jato.

Essa inovação é especialmente promissora porque pode substituir os aromáticos à base de petróleo, que são usados atualmente para aumentar a densidade do combustível e manter as vedações O-ring em juntas metálicas.

Além de ser uma alternativa renovável, os hidrocarbonetos derivados da lignina podem reduzir a formação de rastros de condensação, que contribuem para o impacto climático da aviação.

Escalabilidade e viabilidade comercial

Cientistas dos EUA, combustível de aviação
Joshua Heyne, diretor do Laboratório de Bioprodutos, Ciências e Engenharia da WSU, e o assistente de pesquisa Conor Faulhaber. Foto: wsu

O estudo liderado por Bin Yang, cientista-chefe da pesquisa, representa um marco no desenvolvimento de combustíveis sustentáveis para a aviação. De acordo com Yang, a pesquisa “leva essa tecnologia um passo mais perto do uso no mundo real“, fornecendo dados cruciais para avaliar sua viabilidade comercial.

Diferentemente de abordagens anteriores que dependiam de bio-óleos de lignina mais refinados e caros, os cientistas da WSU utilizaram uma forma mais econômica chamada “lignina técnica“, obtida a partir da palha de milho. O uso desse tipo de lignina é mais barato e mais prático, facilitando a escalabilidade do processo de produção.

O combustível gerado a partir desse processo oferece uma alta densidade energética e pode ser usado para melhorar a eficiência dos combustíveis misturados atualmente.

A produção contínua, testada com sucesso pelos pesquisadores, é crucial para que a tecnologia alcance níveis comerciais. Josh Heyne, outro membro da equipe e codiretor do Instituto de Bioprodutos da WSU, destacou que o objetivo final é desenvolver um combustível de aviação 100% renovável, compatível com motores, infraestrutura e aeronaves existentes, sem a necessidade de ajustes significativos.

Perspectivas globais para combustíveis sustentáveis

Cientistas dos EUA, combustível de aviação
Universidade Estadual de Washington . Foto: WSU

A iniciativa da WSU está alinhada com uma tendência global crescente em direção ao desenvolvimento e implementação de combustíveis de aviação sustentáveis (SAF, na sigla em inglês).

Na China, um projeto piloto para SAF foi lançado recentemente, com planos de utilizá-lo em 12 voos durante a fase inicial deste ano.

A segunda fase do projeto, prevista para 2025, deverá ampliar a participação de SAF nos voos, embora ainda não tenham sido divulgados detalhes sobre a proporção de SAF para querosene.

Paralelamente, a Fórmula 1 também anunciou seu primeiro investimento em SAF como parte de sua estratégia para alcançar emissões líquidas zero até 2030.

O SAF está sendo empregado nos voos de carga fretados da organização por meio de um sistema de “reserva e reivindicação“, que permite às empresas comprar SAF e garantir sua utilização, contribuindo para a redução das emissões na aviação.

Esses avanços sublinham a importância crescente dos combustíveis sustentáveis no combate às mudanças climáticas, especialmente em setores altamente dependentes de combustíveis fósseis, como o da aviação.

Embora ainda haja desafios significativos na escalabilidade e comercialização dessas tecnologias, o progresso alcançado até agora é promissor.

O futuro com o combustível de aviação sustentável

A pesquisa da WSU abre novas perspectivas para a aviação sustentável. Com a capacidade de substituir os aromáticos derivados de petróleo, o combustível à base de lignina representa uma alternativa limpa e eficiente, capaz de se integrar à infraestrutura existente da aviação.

Conforme a demanda por combustíveis de aviação continuar a crescer, soluções como essa se tornarão cada vez mais essenciais para mitigar os impactos ambientais do setor.

Em um mundo em que a pressão por alternativas sustentáveis só aumenta, o desenvolvimento de tecnologias como o SAF é um passo fundamental para garantir que a indústria da aviação contribua de forma positiva para um futuro de baixo carbono.

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Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor. Para sugestões de pauta ou qualquer dúvida, entre em contato pelo e-mail flclucas@hotmail.com.

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