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Cientistas criam material de construção com papelão e terra que tem 75% menos emissões, custa 3x menos e dispensa cimento

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 16/10/2025 às 06:59
Material sustentável de papelão e terra tem 75% menos emissões que o concreto, custa três vezes menos e dispensa o uso de cimento
Material sustentável de papelão e terra tem 75% menos emissões que o concreto, custa três vezes menos e dispensa o uso de cimento
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Engenheiros da Universidade RMIT desenvolveram um material inovador de construção feito apenas com papelão reciclado, terra e água. A solução tem 75% menos emissões que o concreto, custa três vezes menos e pode ser produzida diretamente no canteiro de obras

Engenheiros da Universidade RMIT, na Austrália, desenvolveram um material de construção inovador feito apenas de papelão reciclado, solo e água. A criação representa um marco na construção sustentável porque reduz em até 75% as emissões de carbono em comparação com o concreto tradicional, além de custar menos de um terço do valor e ser totalmente reutilizável e reciclável.

A produção do material, batizado de “terra compactada com papelão”, ocorre em um contexto de urgência ambiental.

Somente na Austrália, mais de 2,2 milhões de toneladas de papel e papelão acabam em aterros sanitários todos os anos, enquanto a produção de cimento e concreto é responsável por cerca de 8% das emissões globais de CO₂.

A inovação oferece uma alternativa concreta a esse cenário, ao transformar resíduos em recurso e reduzir drasticamente o impacto ambiental das construções.

Tecnologia inspirada e adaptada ao século XXI

Inspirada em estruturas icônicas como a Catedral de Papelão de Shigeru Ban, na Nova Zelândia, a equipe do RMIT foi além do conceito artístico. O papelão deixou de ser apenas um invólucro temporário e passou a ter função estrutural essencial, atuando em conjunto com a terra compactada. O resultado é um material com apenas um quarto da pegada de carbono do concreto e que dispensa totalmente o uso de cimento.

Segundo o pesquisador líder do projeto, Dr. Jiaming Ma, a tecnologia permite erguer estruturas resilientes para edifícios de pequeno porte, com custos muito mais baixos e maior adaptação ao ambiente local.

A simplicidade do processo construtivo é outro diferencial: a mistura de terra e água é inserida em formas de papelão e compactada sem aditivos químicos ou ligantes industriais.

Construção local e baixo impacto ambiental

O método desenvolvido tem vantagens logísticas e econômicas significativas. A fabricação pode ocorrer diretamente no canteiro de obras, utilizando materiais disponíveis no próprio terreno. Isso elimina a dependência de cadeias de suprimentos complexas e reduz o transporte de insumos pesados e poluentes.

De acordo com o professor emérito Yi Min “Mike” Xie, a técnica é especialmente útil em regiões remotas ou rurais, onde o transporte de cimento, aço ou concreto se torna caro e ineficiente.

Nesses casos, basta levar tubos de papelão até o local da obra, já que os demais materiais podem ser coletados no ambiente imediato.

Essa abordagem é particularmente promissora em áreas com solos argilosos, como o interior australiano. Nesses locais, a “terra compactada com papelão” pode ser usada em casas, escolas e abrigos emergenciais.

Além disso, sua alta inércia térmica ajuda a manter a temperatura interna estável, reduzindo a necessidade de ar-condicionado e diminuindo o consumo energético.

Versatilidade e potencial de aplicação

Outro diferencial está na versatilidade estrutural do material. A resistência mecânica pode ser ajustada conforme a espessura do papelão utilizado. Os engenheiros do RMIT desenvolveram métodos para prever e calcular essa resistência, permitindo adequar a técnica a diferentes necessidades arquitetônicas.

Em estudos paralelos, a equipe também testou o uso de fibras de carbono como reforço, alcançando resistência semelhante à do concreto de alto desempenho. Embora essa versão ainda precise ser avaliada do ponto de vista ambiental, ela demonstra o potencial de evolução do material.

Caminhos para um futuro mais sustentável

A introdução dessa tecnologia representa mais do que um avanço técnico: é uma solução prática e ambientalmente responsável para problemas globais urgentes, como a geração de resíduos, a emissão de gases do efeito estufa e o acesso a moradias dignas.

Entre as possibilidades de aplicação estão programas de habitação social em áreas vulneráveis, treinamentos comunitários para construção com recursos locais e regulamentações urbanas mais flexíveis que incentivem materiais alternativos.

O design modular e adaptável dessa técnica favorece a arquitetura participativa e a autoconstrução, enquanto sua eficiência térmica pode ser combinada com sistemas de energia renovável para construções ainda mais sustentáveis.

O mais importante é que a solução não depende de tecnologias caras nem de materiais importados. Está ao alcance de comunidades que buscam construir de forma ecológica e duradoura.

Ao unir técnicas ancestrais com inovação moderna, a “terra compactada com papelão” se apresenta como uma ponte promissora entre o passado e um futuro de construção sustentável, eficiente e inclusiva.

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Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor.

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