Gigante do abastecimento paulista, a CEAGESP movimenta bilhões de reais e toneladas de alimentos todos os anos, opera 24 horas por dia e impacta diretamente o preço da comida que chega às mesas de milhões de brasileiros.
A engrenagem que abastece feiras, sacolões, supermercados e restaurantes em São Paulo e em boa parte do país gira sem parar na Vila Leopoldina.
No Entreposto Terminal São Paulo (ETSP), da CEAGESP, circularam em 2024 3,084 milhões de toneladas de alimentos, com R$ 15,83 bilhões movimentados e fluxo médio diário de 14 mil veículos e 47,6 mil pessoas.
A companhia classifica o local como a maior central de alimentos da América do Sul, além de estar entre as cinco maiores do mundo em volume comercializado.
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O que é a “cidade-alimento” paulistana
Instalado na Vila Leopoldina, zona oeste da capital, o ETSP ocupa 637,9 mil m², dos quais 231 mil m² são construídos.
Ali estão 47 galpões — 40 dedicados a hortifrutigranjeiros e 7 ao pescado — que operam em regime contínuo, recebendo mercadorias de 1.482 municípios, 24 estados e 26 países.
É um organismo que funciona dia e noite, com comerciantes, carregadores e compradores se revezando para que a produção chegue fresca ao varejo.
Embora seja conhecido do grande público pelos pavilhões de frutas e verduras, o entreposto também centraliza flores, plantas, pescados e itens diversos.
Endereços e serviços estão organizados no portal oficial, que aponta a avenida Dr. Gastão Vidigal, 1.946, como referência para quem pretende entrar de carro.
A Estação Ceasa, na Linha 9-Esmeralda, fica nas imediações e facilita o acesso por trem metropolitano.
Logística que não dorme
O coração da operação pulsa na madrugada, quando caminhões vindos do interior paulista e de outros estados se alinham para a descarga.
A dinâmica combina pátios amplos, regras por setor e corredores internos que separam descarga, comercialização e expedição.
A segurança e a organização do tráfego contam com equipes próprias, monitoramento e coordenação com órgãos públicos, enquanto permissionários e produtores ajustam volumes conforme a demanda do dia.
A rotina se repete de domingo a domingo e sustenta milhares de postos de trabalho formais e informais dentro e no entorno do entreposto.
Escala do negócio e produtos mais vendidos
Os relatórios oficiais de 2024 mostram alta de 0,7% no volume comercializado em relação a 2023, além de um volume financeiro nominal de R$ 15,830 bilhões.
No ranking por produtos, o tomate liderou em toneladas, seguido de batata, laranja, maçã e mamão.
A produção nacional respondeu por 94,5% do total vendido; o restante veio de 26 países.
Esses dados orientam o mercado e se refletem no varejo horas depois, já que os boletins e cotações emitidos pela CEAGESP funcionam como baliza para preços de alimentos frescos.
Os números ajudam a dimensionar a escala.
Ao todo, o ETSP registrou 828.942 notas fiscais em 2024 e compilou 146 boletins de preços ao longo do ano.
Por trás de cada nota, há um ciclo que começa no campo, passa pela classificação e pela venda no pátio e termina nas gôndolas das cidades abastecidas pela capital.
Termômetro de preços e programas sociais
Pelo volume que concentra e pela rapidez na circulação de mercadorias, a CEAGESP atua como referência para o atacado e influencia a formação de preços do tomate, da batata e de outros itens sensíveis da cesta básica.
Além da função de mercado, a empresa mantém programas de doação de alimentos ainda próprios para consumo, mas fora do padrão de comercialização.
Em 2024, só o Banco CEAGESP de Alimentos da capital recebeu e distribuiu 1.500 toneladas para entidades cadastradas, fortalecendo cozinhas solidárias e bancos de alimentos.
Debates sobre o futuro e reurbanização
Há anos se discute a transferência do entreposto da Vila Leopoldina para uma área com melhor acesso rodoviário, frequentemente mencionada a região de Perus, próxima ao Rodoanel.
Documentos municipais e editais anteriores registram propostas e estudos para um novo entreposto, mas não há decisão final nem cronograma de mudança.
Em paralelo, avança o debate urbano na Leopoldina, com planos de intervenção para requalificar o território e integrar habitação, comércio e equipamentos públicos quando houver uma solução definitiva para a área da CEAGESP.
Enquanto esse cenário não se resolve, o entorno ganha novas conexões sobre trilhos.
A Linha 9-Esmeralda está em expansão com projetos que a estendem até Água Branca/Barra Funda e a conectam à Linha 8-Diamante por um viaduto ferroviário, o que tende a melhorar a integração com a zona oeste e a mobilidade nas proximidades do entreposto.
Ainda assim, trata-se de obra de transporte metropolitano; não há anúncio oficial de ligação direta por pátio ferroviário interno com o ETSP.
Como visitar: varejão, flores, pescados e festivais
Quem busca preço e variedade no varejo tem três janelas principais.
Às quartas-feiras, acontece o Varejão Noturno na Vila Leopoldina, com funcionamento à tarde e à noite.
Em sábados e domingos, o varejão é matinal, com abertura por volta das 7h e encerramento perto do meio-dia e início da tarde.
A organização indica os portões 7, 3, 4 e 13 para a entrada de veículos de passeio, conforme o dia.
A Feira de Flores é realizada duas vezes por semana, da noite para a manhã seguinte, e o setor de pescados opera nas madrugadas de terças, quintas e sábados.
Antes de ir, vale checar horários e portões atualizados no site da CEAGESP.
Na temporada de inverno, o tradicional Festival de Sopas do Espaço Gastronômico CEAGESP funciona de quarta a domingo, geralmente das 18h às 23h30.
Ao longo do ano, a casa também realiza o Festival do Pescado e Frutos do Mar com horários semelhantes.
As datas mudam a cada edição, por isso a recomendação é confirmar a programação oficial antes da visita.