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A China avançou mais um degrau na corrida lunar com um disparo em solo do Longa Marcha-10, seu foguete mais potente. O teste em Hainan sincronizou sete motores por 30 segundos e registrou quase mil toneladas de empuxo, preparando missões tripuladas.
A China realizou um passo decisivo em seu programa espacial ao concluir um teste crítico com o foguete Longa Marcha-10. O ensaio trouxe o país ainda mais perto de seu objetivo de levar astronautas à Lua até 2030.
O disparo do primeiro estágio aconteceu no porto espacial da Ilha de Hainan e produziu resultados considerados históricos para a engenharia aeroespacial chinesa.
Teste em Hainan confirma potência inédita
O primeiro estágio do Longa Marcha-10 foi acionado em solo por 30 segundos. Ele está equipado com sete motores YF-100K, que juntos geraram cerca de 900 toneladas de empuxo.
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O mais importante foi a confirmação de que os motores funcionaram em sincronia, fator essencial para manter a estabilidade durante o voo.
Segundo a Agência Espacial Tripulada da China, o teste mostrou que os motores conseguem operar tanto em condições normais quanto em alta potência.
A operação forneceu um conjunto robusto de dados que permitirá ajustes nas próximas versões do foguete. Além disso, os engenheiros puderam validar sistemas de detecção de falhas, revestimentos resistentes ao calor e a confiabilidade do conjunto multimotor.
Marco no programa Longa Marcha-10
O Longa Marcha-10 representa um avanço significativo em comparação com o Longa Marcha-5, o mais potente até agora. Ele possui aproximadamente três vezes mais empuxo, atingindo o patamar de 990 toneladas.
Quando montado em sua versão completa, o foguete terá 92 metros de altura e 21 motores em funcionamento simultâneo — sete no núcleo e sete em cada um dos dois propulsores.
O desenvolvimento do veículo começou em 2017 e se apoia em décadas de pesquisa com motores de combustível líquido. Em junho do ano passado, a equipe já havia testado três motores YF-100K juntos por vários minutos, mas o disparo recente consolidou o maior avanço até o momento.
Guo Wei, vice-comandante-chefe do projeto, explicou que os bancos de testes convencionais não suportavam cargas tão elevadas. Por isso, a equipe utilizou uma plataforma de lançamento real para simular as quase mil toneladas de empuxo.
Capacidade para missões lunares
O foguete tem capacidade para enviar 27 toneladas em direção à Lua. Esse volume equivale aproximadamente à massa de uma casa pequena e será essencial para as ambições lunares da China.
O plano prevê dois lançamentos distintos. O primeiro, chamado Mengzhou, levará a tripulação.
O segundo, denominado Lanyue, transportará o módulo de pouso. Ambos se encontrarão e acoplarão na órbita lunar, possibilitando a transferência dos astronautas para o veículo que descerá à superfície.
Portanto, o Longa Marcha-10 é a peça central para viabilizar o pouso de astronautas chineses até 2030. Sem essa potência extra, não seria possível realizar as operações complexas previstas na missão.
Base lunar até 2035
Os planos da China não se restringem ao primeiro pouso. O país, em parceria com a Rússia e outros aliados, pretende erguer uma base de pesquisa no polo sul lunar até 2035. O projeto recebeu o nome de Estação Lunar Internacional de Pesquisa (ILRS).
O objetivo é criar uma instalação permanente para abrigar missões de longa duração e ampliar o alcance das pesquisas.
Esse primeiro teste em grande escala com o Longa Marcha-10 mostrou que a engenharia chinesa conseguiu superar os desafios técnicos de lidar com cargas extremas. Ele funcionou também como ensaio geral antes dos próximos passos rumo à Lua.
Versão reutilizável em desenvolvimento
Paralelamente, a China desenvolve uma variante chamada Longa Marcha-10A, voltada para missões em órbita terrestre. Essa versão terá foco em reutilização, de forma semelhante ao conceito do Falcon 9, da SpaceX. No entanto, ela não será empregada nas missões lunares.
O projeto busca ampliar a eficiência no transporte de cargas e tripulações para a estação espacial chinesa.
Além disso, os engenheiros estão aproveitando os testes para melhorar os sistemas de proteção térmica e reforçar a segurança.
A confiabilidade do conjunto multimotor se tornou prioridade, já que falhas nesse estágio podem comprometer todo o programa lunar.
Rumo a 2030
A realização do disparo em Hainan foi considerada um sucesso e um marco estratégico. O teste comprovou que o país pode lidar com a potência bruta necessária para alcançar a Lua.
Agora, a China está mais próxima de colocar astronautas em solo lunar até o fim da década e, na sequência, avançar para a construção de uma base permanente.
A conclusão desse ensaio reforça que a meta traçada em 2017 começa a se materializar.
O foguete Longa Marcha-10, com seu desempenho inédito, já figura como protagonista do próximo capítulo da exploração espacial chinesa.
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