China desenvolve e lança foguete movido a carvão que pode mudar o setor aeroespacial. A criação do produto tem como objetivo reduzir a dependência das reservas limitadas de petróleo no país.
O lançamento do foguete Tianlong-2, que foi realizado no último mês, marcou a história espacial da China, visto que foi o primeiro foguete movido a querosene produzido a partir do carvão. De forma geral, os foguetes utilizam um combustível específico e querosene tradicional. Os dois só podem ser refinados a partir de petróleo de alta qualidade em um complexo processo de extração. Entretanto, no caso do Tianlong-2, a extração do querosene foi feita por meio da liquefação do carvão.
Combustível do foguete possui propriedades semelhantes ao querosene de aviação
Esta solução do foguete movido a carvão é interessante para a China, visto que o país possui reservas limitadas de petróleo e a dificuldade de acesso à matéria-prima desacelera a produção de combustível para foguetes.
Ao mesmo tempo, o país é o maior produtor de carvão do mundo. Desta forma, Pequim apoiou anos de estudo e experimentos em agências estatais e privadas para o desenvolvimento do querosene de carvão. Durante o processo, os cientistas descobriram que a inovação conta com propriedades semelhantes ao querosene de aviação que deriva do petróleo.
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Segundo Du Zonggang, um dos maiores pesquisadores, ao jornal South China Morning Post, por conta de sua composição especial e das propriedades físicas e químicas do querosene aeroespacial derivado do petróleo, não seria possível encontrar uma fonte de petróleo adequada por muito tempo.
A descoberta para desenvolver o foguete movido a carvão abre o caminho para dar um grande salto na indústria espacial da China. O 165º Instituto de Pesquisa da CASC (agência estatal espacial chinesa) já anunciou uma linha de produção do querosene à base de carvão.
Foguete movido a carvão conta com motor YF-102
Segundo o vice-diretor do CASC, Fu Quanjun, a China deve ampliar a produção anual de 5 mil para 30 mil toneladas até 2025. Na comparação, 5 mil toneladas de querosene de carvão geram energia suficiente para realizar 30 voos.
De acordo com o China Space News, site oficial da CASC, na última terça-feira (23), o sucesso desta pesquisa amplia a fonte de abastecimento de combustível para a indústria aeroespacial da China, garante a segurança energética do país e estabelece uma base sólida para o lançamento da nova geração de foguetes porta-aviões da China.
O foguete movido a carvão Tianlong-2 possui motor YF-102, desenvolvido pela sexta Academia de Ciência e Tecnologia Aeroespacial da China. Outros modelos, como é o caso do Long March 5, Long March 6 e Long March 7, também utilizam esta série de motores, o que significa que o querosene desenvolvido à base de carvão funciona de forma igual nesses veículos.
Viagens espaciais zero carbono podem se tornar uma realidade
Com o aumento das companhias interessadas em se lançar na corrida espacial, também aumentam as preocupações dos pesquisadores do clima em relação às emissões de carbono dos foguetes, dessa forma, algumas empresas que lançam foguetes ao espaço estão desenvolvendo um combustível limpo, com o objetivo de preservar o meio ambiente.
Na empresa SpaceX, de Elon Musk, por exemplo, apenas um voo do foguete Falcon 9 emite cerca de 336 toneladas de CO2, o que equivale a volta de um carro ao mundo 70 vezes. Essa é uma estimativa do ex-biólogo da NASA e CEO da SynBioBeta, John Cumbers, que foi ouvido pela revista Fortune.
Estão sendo realizados atualmente alguns projetos de combustível limpo de hidrogênio verde para foguetes, que levam como objetivo melhorar a sustentabilidade da queima de hidrogênio líquido, que no caso é o principal combustível utilizado pela Nasa em suas missões, e que também emite toneladas de CO2.