A China mantém a liderança global em energia eólica pelo 15º ano consecutivo, com avanços tecnológicos, expansão internacional e uso de inteligência artificial para otimizar turbinas. O país mira 5 bilhões de quilowatts de capacidade instalada até 2060.
A China segue no topo do ranking mundial de energia eólica, mantendo o título de líder global pelo 15º ano consecutivo, segundo a Federação Chinesa de Empresas de Energia Elétrica.
O país adiciona, anualmente, mais de 100 gigawatts de nova capacidade, consolidando um ritmo de crescimento inédito no setor de energias renováveis.
Em 2025, foram 57,84 milhões de quilowatts conectados à rede nacional, elevando a capacidade total instalada para 580 milhões de quilowatts. Esse volume representa 15,7% da capacidade elétrica chinesa e mostra que a energia eólica já é responsável por 10,1% do consumo total de eletricidade das grandes companhias.
O desempenho coloca a China à frente de todas as outras nações em capacidade instalada, investimento tecnológico e integração da energia limpa em sua matriz elétrica.
-
Energia eólica em destaque: SENAI une forças no Brazil Windpower 2025 e reafirma liderança em inovação, formação técnica e integração industrial no setor renovável
-
China inaugura primeiro data center subaquático movido a energia eólica, reduzindo consumo de energia em 22,8% e, uso de água e ocupação de terra em mais de 90%
-
China e Espanha desafiam os limites da energia eólica com torre de 190 metros que promete revolucionar a geração de eletricidade limpa
-
Bahia prepara a chegada do primeiro data center integrado a um parque eólico
Metas ambiciosas reforçam liderança da China em energia eólica e solar
De acordo com Qin Haiyan, secretário-geral do Comitê Profissional de Energia Eólica da Sociedade Chinesa de Energia Renovável, a previsão é que até 2035, a participação da energia não fóssil ultrapasse 30% da matriz energética do país.
Ele estima que a capacidade combinada de energia eólica e solar será seis vezes maior que a registrada em 2020, ultrapassando 3,6 bilhões de quilowatts.
O especialista destacou ainda que o 15º Plano Quinquenal (2026–2030) da China prevê a adição de pelo menos 120 milhões de quilowatts por ano, com a meta de atingir 1,3 bilhão de quilowatts até 2030 e 5 bilhões até 2060, consolidando a transição energética em larga escala.
Potencial eólico chinês abrange todas as regiões e cresce também no mar
A China detém um dos maiores potenciais eólicos do planeta, com destaque para as regiões Nordeste, Norte e Noroeste, conhecidas como Sanbei. Nessas áreas, o potencial técnico e econômico da energia eólica terrestre ultrapassa 7,5 bilhões de quilowatts, garantindo eletricidade de baixo custo e ajudando a equilibrar o consumo entre regiões.
Além disso, nas zonas Central, Leste e Sul, o potencial é de 2,5 bilhões de quilowatts, com ampla capacidade para novos projetos. Já no litoral marítimo, em até 300 quilômetros da costa, o potencial de energia eólica offshore supera 2,7 bilhões de quilowatts, o que reforça o avanço de projetos comerciais e a expansão da energia do vento em alto-mar.
Esses números mostram que a energia eólica não é apenas uma opção sustentável, mas também uma força econômica estratégica para o país.
Exportações e expansão internacional fortalecem a indústria eólica chinesa
O domínio da China na energia eólica também se reflete no comércio exterior. As fabricantes chinesas de turbinas ampliaram sua presença no mercado global e já exportam equipamentos para 57 países em seis continentes.
Atualmente, sete empresas do setor possuem fábricas no exterior ou planos de instalação, demonstrando a força industrial e tecnológica do país.
A expansão internacional se soma às metas de longo prazo, que preveem uma cadeia de produção autossuficiente e competitiva, capaz de abastecer tanto o mercado doméstico quanto o global.
Inteligência artificial revoluciona turbinas eólicas e otimiza produção
A inovação tecnológica é outro pilar do avanço chinês. Em 2025, empresas do setor lançaram turbinas eólicas inteligentes com sistemas baseados em inteligência artificial (IA).
Essas turbinas ajustam automaticamente a operação conforme o preço da eletricidade, gerando mais energia quando o preço está alto e reduzindo a produção quando o valor cai. A gestão inteligente prolonga a vida útil das turbinas em até cinco anos e aumenta o rendimento econômico em 2,5%.
Segundo Lou Yimin, vice-presidente sênior da Envision Energy, a empresa desenvolveu “a primeira unidade integrada de energia eólica e armazenamento do mundo”.
“Ela opera como uma pequena usina independente. Com nossos modelos meteorológicos e energéticos de IA, Tianji e Tianshu, é possível aumentar a receita dos parques eólicos em mais de 20%”, afirmou Yimin.
O uso de IA permite não apenas otimizar a operação, mas também prever condições meteorológicas e ajustar o desempenho em tempo real, tornando a energia eólica chinesa mais eficiente e competitiva.
Mercado livre e algoritmos inteligentes aceleram eficiência do setor eólico
Desde 1º de junho, uma nova diretriz da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma e da Administração Nacional de Energia determinou que toda a energia gerada por fontes renováveis seja negociada em mercado aberto, com preços definidos pela oferta e demanda.
De acordo com Lu Yichuan, membro do Comitê de Energia Eólica da Sociedade Chinesa de Energia Renovável, algoritmos inteligentes participam de todas as etapas das negociações.
“A integração entre grandes volumes de dados e modelos avançados aumenta a eficiência do mercado e ajuda a equilibrar a geração e o consumo de energia”, explicou.
Essa abertura de mercado, aliada à automação, tende a transformar o modelo energético chinês, tornando-o mais dinâmico e atraente para investidores internacionais.
Fuxin: de cidade mineradora a polo industrial de energia eólica
O avanço da energia eólica também vem transformando economias locais, como em Fuxin, na província de Liaoning. Antiga cidade mineradora de carvão, o município se reinventou como centro industrial eólico.
Atualmente, uma fábrica de componentes principais de turbinas está em construção e deve iniciar a produção nos próximos meses. Fuxin possui uma média anual de 3.000 horas de geração eólica, liderando o ranking provincial em potencial e produção.
Desde a instalação da primeira turbina em 2001, a cidade passou de produtora de energia a polo completo da cadeia eólica, abrigando fabricantes nacionais que atuam desde a montagem de turbinas e torres até a produção de motores e materiais elétricos.
O plano industrial de 2024 da província de Liaoning definiu seis polos de equipamentos de energia renovável, com Fuxin reconhecida como único polo de equipamentos eólicos terrestres da região.