China quer etanol brasileiro em produção de combustível de aviação. País asiático negocia parceria bilionária com o Brasil para impulsionar combustíveis sustentáveis e reduzir dependência externa
A China quer etanol brasileiro como insumo central na sua estratégia de produção de combustíveis sustentáveis de aviação (SAF). Autoridades chinesas discutem com o governo brasileiro um acordo de fornecimento de longo prazo que pode movimentar bilhões de dólares, colocando o Brasil como peça-chave na transição energética da segunda maior economia do mundo.
Segundo apuração da Folha, a negociação envolve representantes da China Petroleum and Chemical Industry Federation (CPCIF), da Chimbusco — subsidiária da PetroChina — e do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). A meta da China é atingir 3% de mistura de SAF em seus voos até 2030, produzindo 46 milhões de toneladas por ano, e o etanol de cana-de-açúcar brasileiro é visto como a alternativa mais viável.
Por que o etanol brasileiro é estratégico para a China
A China enfrenta limitações de terras agrícolas para culturas não alimentares e baixa produção interna de etanol. Entre as quatro rotas tecnológicas avaliadas para produção de SAF — óleo reciclado, combustível sintético, hidrocarbonetos e etanol —, a cana-de-açúcar brasileira se destaca pelo alto potencial de escala, custo competitivo e menor impacto ambiental.
-
Uma cidade mineira enfrenta sua pior crise econômica após o fechamento de uma fábrica gigante que dava sustento a milhares de famílias
-
Ela já incomoda Honda e Yamaha no Brasil; montadora abre mais uma loja de motos em solo brasileiro
-
Produção industrial cai no Brasil, tendo estado com queda de mais de 20% na produção. Veja outros estados que decaíram
-
Governo autoriza contratação para o IBGE com 9.580 vagas, incluindo 8.480 agentes de coleta e 1.100 supervisores
O presidente Xi Jinping afirmou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva que a parceria pode se tornar exemplo de “unidade e autossuficiência” entre países do Sul Global. Segundo Xi, a cooperação permitirá à China e ao Brasil evitar regras impostas por terceiros, como os Estados Unidos, que já aplicaram tarifas elevadas ao etanol brasileiro.
Etanol e geopolítica energética
A China quer etanol brasileiro não apenas pela eficiência energética, mas também como movimento estratégico frente à disputa comercial global. O protocolo técnico para padronização do SAF, atualmente em fase final na CPCIF, permitirá que o produto brasileiro se adeque às exigências do mercado chinês.
As negociações incluem fundos bilaterais de financiamento verde e mecanismos do Brics para baratear investimentos, além de estudos para recuperação de pastagens degradadas no Brasil visando ampliar a produção de biocombustíveis. A proposta é financiar projetos com juros baixos e proteção contra variação cambial.
Próximos passos da parceria
O Brasil pretende assinar, durante a COP30 em Belém, um memorando de entendimento (MoU) com o China Council for the Promotion of International Trade (CCPIT) para cooperação em comércio sustentável. Além do etanol, o documento deve abordar certificações ambientais de produtos agropecuários, permitindo que selos como Carne Carbono Neutro (CCN) e Carne Baixo Carbono (CBC) sejam aceitos pelo mercado chinês.
O alinhamento também reforça a integração com o Novo PAC e a Iniciativa Cinturão e Rota, fortalecendo a presença brasileira em cadeias produtivas estratégicas e diversificando mercados para o agronegócio.
Impacto para o Brasil
Especialistas apontam que, se o acordo for consolidado, o Brasil poderá expandir suas exportações de etanol, agregar valor à produção e atrair investimentos em infraestrutura de logística e refino. Ao mesmo tempo, será necessário equilibrar o fornecimento interno e externo para evitar impacto nos preços domésticos.
Você acredita que o fato de a China quer etanol brasileiro para seu combustível de aviação representa uma oportunidade histórica para o Brasil ou um risco para o abastecimento interno? Deixe sua opinião nos comentários — queremos ouvir quem acompanha de perto o setor de energia e comércio exterior.